Futebol

Lédio Carmona: "Cara ou coroa?"

Não me lembro de ter visto o Vasco jogar tanta bola assim em 2009. Mesmo na boa campanha da Copa do Brasil ou no título da Série B. Também não me recordo de o Botafogo ter se comportado tão mal numa partida na temporada passada. Teve desempenhos ruins, mas nada comparável ao de hoje à tarde, no Engenhão. Resultado do contraste: Vasco 6 x 0, uma goleada estrepitosa que faz o time de Vagner Mancini (e ele próprio) ganhar em confiança e personalidade nesse início de Estadual. E que instala a primeira crise em um grande clube em 2010. Por mais que os discursos sejam conciliadores, nenhuma equipe consegue ficar imune às sequelas após uma pancada dolorida como essa.

Não creio que Estevam Soares perca o seu emprego. A diretoria deu respaldo ao técnico. O que é protocolar, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser um lugar-comum meio desmoralizado na cultura do futebol brasileiro. Mas de toda maneira a culpa da vergonha de hoje não foi do treinador. Ele até cometeu seus erros. Insistindo com Eduardo, jogador que costuma jogar fora as chances que lhe são oferecidas, Alessandro, lateral em processo de decadência, e Fahel, que não sabe marcar, atacar e se posicionar em campo.
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Fotos de Marcelo Sadio/www.vasco.com.br

Aos 32 min, Antonio Carlos dormiu e Dodô fez mais um. Em seguida, Marcelo Cordeiro também cochilou. Márcio Careca roubou a bola e tocou para Souza puxar o contra-ataque. De cabeça erquida, o volante avançou e deu passe sensacional para Dodô. Um toque por cima matou Jefferson. Golaço. O terceiro do artilheiro, o primeiro de sua série de pinturas pelo Vasco.

Logo na volta do intervalo, Estevam Soares mostrou o quanto o Botafogo estava sem rumo. Perguntado sobre o que deveria mudar no time, ele desabafou. “Só espero que o time não leve mais gols”. Era praticamente impossível. Nada mudou. O massacre seguiu inclemente.

Aos 12min, Leo Gago bateu falta com força, no meio do gol. Jefferson aceitou. Falha clara. Em seguida, Philippe Coutinho marcou pela primeira vez entre os profissionais. E também fez o seu golaço, aos 34 min. Era o último golpe no combalido time do Botafogo.

marcelosadio1Uma goleada que entra para a história e dá uma moral incomensurável ao trabalho de Vagner Mancini. E, no mesmo pacote, consolida Souza (partidaço!), Leo Gago (finalmente solto, sem timidez), Nilton (ótimo!), Dodô (entrou em lua de mel com os cruzmantinos) e Phillippe Coutinho (pena que só vai durar mais cinco meses em São Januário). Resultado emblemático para o momento do clube. E que será curtido de todas as maneiras pelos empolgados torcedores.

Quanto ao Botafogo, é preciso pensar para não fazer bobagem. Foi um desastre, mas nem tudo é ruim. O time tem qualidades. Mas hoje esteve mal escalado. Alessandro, Fahel e Eduardo são apostas de riscos. E os alvinegros não deveriam se dar a esse luxo. Antonio Carlos é um bom zagueiro. Não pode ser crucificado por um mau jogo. Renato Cajá tem de ser titular. E Herrera e Abreu, com uma equipe mais equilibrada e estável emocionalmente, poderão ser úteis ao clube.

Enfim, quem ganhou e goleou festeja. Quem perdeu e foi humilhado, lamenta e condena. Mas não dá para achar que tudo já foi conquistado, muito menos que não há mais salvação. Como diria a letra do Pato Fu, tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Não custa tentar. Cara ou coroa?

Agradecemos ao nosso colaborador Carlos Gregório, do site O Sentimento não Para pelo envio da matéria.

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Fonte: Blog do Lédio Carmona