Futebol

Ledio Carmona analisa o jogo "Vasco 2 x 0 Santos"

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O pecado da gula é perdoado no futebol. Melhor ainda: ele é aceito e recomendado. Clube grande tem que ter fome de vitórias e de títulos. Não existe espaço para dieta, alimentação balanceada e receitas light. É preciso ganhar sempre. E, se você não consegue, aí mesmo é que bate a fome. O Vasco-2011 está faminto. Ganhou a Copa do Brasil, recuperou a auto-estima do seu torcedor e, diferentemente da maioria que levanta a segunda taça mais importante do calendário nacional, o time de Ricardo Gomes segue em busca do cardápio completo. É guloso. E quer o Brasileirão. Ontem, na sua melhor partida na competição, venceu o Santos, campeão da Libertadores, por 2 a 0, gols de Diego Souza e Dedé, os donos da partida. Irrepreensível no primeiro tempo, seguro no segundo, o Vasco se impôs com autoridade, fez o Peixe amargar a terceira derrota seguida e, agora em terceiro. segue a três pontos do Fla e a quatro do Corinthians, líder.

A gula que favorece à Colina está em falta no aquário do Peixe. Campeão da Libertadores, o Santos parece viver o fastio de uma grande feijoada. Claro que não vai cair. Bater nessa tecla é jogar assunto fora. Cheio de grandes jogadores, o papel de Muricy Ramalho é reconduzir todo elenco ao Planeta Terra. Se a maioria jogasse com a intensidade de Neymar, mesmo quando ele não é genial (como ontem), seria mais fácil. Borges também ajuda muito. Mas o meio de campo, com o ótimo Ibson, ainda está desarrumado. O próprio Ibson e Elano só cercam. Ganso, mal demais, só olha. Arouca se mata. Há uma avenida nas duas laterais, principalmente pelo lado de Leo. E tudo estoura em Durval e Edu Dracena. Para piorar, numa noite de chuva, frio e graças para o Vasco, Rafael falhou feio e permitiu a Dedé, de cabeça, cravar o placar final. Até pensando no Barcelona (ou no Mundial, ou em Pelé) o Santos precisa acordar. Virar um time coletivo. E não rezar sempre por Neymar. Ele é craque. Mas não é salvador da pátria. É até injusto pensar em tal coisa.

E o Vasco? Dá orgulho aos vascaínos. Ontem, todo mundo jogou bem. No mínimo, nota seis. Como para Alecsandro, sacrificado no papel de pivô, e que quase faz um gol de placa, via bicicleta, logo no gol da estátua de Romário. Ricardo Gomes transformou Jumar em reserva de peso. E ainda dizem que jogador não evolui com o trabalho do treinador. A correção tática de Jumar é a prova cabal. Rômulo segue de uma eficiêcia cirúrgica. Felipe esteve bem. Eder Luis, não tão brilhante, mas importante nos contra-ataques. Destaques? Anderson Martins, ótimo, Dedé, perfeito no combate a Neymar e na arte inteligente da antecipação, e, méritos absolutos, Diego Souza. Jogou demais. Melhor partida com a camisa do Vasco. Fez um golaço. Chamou o jogo para ele. E deixou a Colina História consagrado. Diego Souza tem fome. Dedé tem fome. Juma tem fome. Ricardo Gomes tem fome. O Vasco inteiro tem fome. Nesse momento, o pecado da gula é bem-vindo em São Januário.

Fonte: Blog de Lédio Carmona - SporTV