Ídolo do Vasco, Edmundo jogou no Nova Iguaçu em 2005; relembre
Um astro como rosto de um projeto social na Baixada Fluminense. Essa era a ideia do Nova Iguaçu ao contratar Edmundo em 2005. Foi assim que um dos maiores ídolos da história do Vasco atuou no adversário deste domingo, pelas semifinais do Cariocão.
No túnel do tempo, vale lembrar o contexto que levou Edmundo e Nova Iguaçu se encontrarem no futebol carioca. Em 2004, Edmundo não vingou no Fluminense, após a equipe das Laranjeiras, em parceria com a Unimed, investir em um time badalado com Romário, Ramon e Roger.
No fim do ano, Edmundo não teve seu contrato renovado com o Fluminense e ficou sem clube. Após dar uma entrevista afirmando que não jogaria em outros times do Rio de Janeiro, senão o Tricolor, o atacante acabou indo para o Nova Iguaçu.
- Eu aqui no Rio só sigo jogando no Fluminense, ou Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Cruzeiro... - disse Edmundo, antes de assinar com o Nova Iguaçu.
No entanto, uma tragédia familiar mudou os rumos da carreira de Edmundo, quando o irmão Luizinho foi assassinado. O livro "Edmundo, um instinto animal" revela que o jogador foi convencido por Lindbergh Farias a fazer parte de um projeto social em Nova Iguaçu, local onde havia acontecido uma chacina motivada pelo tráfico.
- Lindbergh conhecia a trágica história do irmão de Edmundo que havia sido assassinado, provavelmente por integrantes do tráfico de drogas. Nova Iguaçu tinha acabado de passar por mais uma chacina motivada também pelo tráfico. O plano seria transformar Edmundo em uma espécie de embaixador esportivo do município de Nova Iguaçu. O jogador famoso poderia ser uma inspiração para muitos jovens tentarem, através do esporte, uma vida melhor - escreveu Sérgio Xavier Filho, no livro "Edmundo, um instinto animal".
- Para Edmundo, fazia o maior sentido. Estaria parando de jogar para realizar algo muito relevante. Essa atitude poderia não trazer Luizinho de volta, mas poderia evitar, com o seu exemplo, que outros escolhessem o crime como forma de sair da miséria.
Em um dos encontros sobre o projeto social, o destino cruzou Edmundo e o clube de futebol da cidade: o Nova Iguaçu. Ao jantar com Lindbergh em uma churrascaria, o jogador encontrou Zinho, investidor do clube e velho conhecido dos tempos de Palmeiras, com Jânio Moraes, presidente do Nova Iguaçu.
As mesas se juntaram e o encontro deu a ideia: por que não jogar no clube da cidade onde seria o rosto do projeto social?
Trato feito. O atacante receberia apenas um salário mínimo vindo do clube, enquanto uma empresa local pagaria R$ 20 mil para usá-lo como garoto propaganda. Edmundo reforçou o Nova Iguaçu e se emocionou logo na apresentação ao falar sobre a perda do irmão e o projeto social.
- Pensei em parar, mas este é um desafio, pois quero que saiam daqui campeões, não chacinas. Vou ajudar as crianças e posso entrar para a história da cidade. Perdi um irmão que não teve essa chance - se emocionou Edmundo.
Na entrevista, inclusive, ao ser questionado se teria algum privilégio como Romário, Edmundo deu uma resposta seca citando o desafeto dos tempos de Vasco.
- Meu nome é Edmundo. E aqui não é Vasco. Preciso me pôr em igualdade para cobrar em igualdade - afirmou.
Após um mês de treinamento para entrar em forma, Edmundo jogou apenas dois jogos - e marcou um gol - pelo Nova Iguaçu na segunda divisão carioca. Alegando que a empresa local não havia pago o dinheiro prometido, ele foi embora do clube.
Mesmo sem jogar regularmente, Edmundo recebeu o convite do Figueirense para jogar no Brasileirão de 2005 e aceitou, na missão de fazer o time escapar do rebaixamento - e conseguiu, com 15 gols em 31 jogos pela equipe catarinense. Depois, voltou ao Palmeiras e ao Vasco para encerrar a carreira.
Fonte: ge