Geovanni sobre Wendel: "Vai ser ídolo da torcida"
Quando a bola rolar para Benfica x Bordeuax, às 17h05m desta quinta-feira, no Estádio da Luz, uma família mineira ligada ao futebol estará dividida no Brasil. Tio e sobinho, apesar da diferença de menos de dois anos (33 e 31), Geovanni, meia-atacante do América-MG, e Wendel, volante do Vasco, respectivamente, foram ídolos dos clubes que começam a duelar por uma vaga nas quartas de final da Liga Europa. Depois de deixarem o Cruzeiro, ambos tomaram caminhos opostos, jamais se encontraram em partidas oficiais e agora revivem uma rivalidade sadia que marcou suas infâncias, no interior de Minas Gerais.
Natural da cidade de Mariana, o camisa 77 do Cruz-Maltino pegava 30 quilômetros de estrada com os pais praticamente todo fim de semana para passar dois dias com primos e tios em Acaiaca. A partir daí, a paixão pela bola cresceu junto com um membro de outra geração, mas que tinha o mesmo sonho: brilhar nos gramados pelo mundo. Foi aí que, com frequência, Wendel e Geovanni, primeiros escolhidos no time de pelada, ficaram frente e frente e não aliviavam, garante o mais novo.
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- Lógico que tinha o respeito pela ligação de tio, mas o pau comia quando o jogo começava. Não tinha isso, não (risos). Marquei o Geovanni muitas vezes - relembra Wendel.
Unidos, foram para o Cruzeiro em temporadas consecutivas e se firmaram. Antes de ser vendido para o Barcelona (ESP) quando já havia feito até gol de título da Copa do Brasil, em 2011, o meia-atacante acolheu o sobrinho famoso e mais um primo que também teve seu destaque em menor escala: o atacante Cristian, que passou por Gama e Ipatinga, entre outros.
- Estou esperando um convite para ir ao Rio de Janeiro visitá-lo. Eu o sustentei no início de tudo, tive prejuízo, e mereço essa moral - brincou Geovanni, prontamente atendido por Wendel.
- Ele é mineirinho, esconde bem o jogo (risos). Por tudo o que fez por mim e pelo que representa na família, sabe que as portas estão abertas aqui. É só arranjar uma folga no calendário, o que é difícil aqui - frisou.
As raízes e o sotaque mineiro prevalecem, mas foi na Europa que ambos estiveram na maior parte da carreira. Um levou o Benfica de volta às glórias, depois de um período turbulento, e guarda felizes recordações de seus quatro anos em Lisboa. Já o outro também fez história, só que na França. Pelo Bordeaux, ganhou prêmios, fez 44 gols e desbancou a hegemonia do Lyon com a conquista da Liga, em 2009/2010.
- Peguei a fase crítica do clube. Se não melhorasse, iria fechar as portas. Não tinha CT, não ganhava títulos. A torcida perdeu aquela força, saíram muitos associados. Mas o Benfica voltou a ser um dos grandes, só falta uma conquista europeia para coroar esses últimos anos. Hoje, se quiser, o clube tem dinheiro para contratar um Kaká ou um Neymar - vibra Geovanni, que garante estar acompanhando os passos da ex-equipe e assistirá ao confronto desta quinta.
- O Bordeaux representa 70% da minha carreira. Foram anos bem vividos, foi uma passagem muito proveitosa, com cinco títulos, três vezes eleito o melhor da posição e uma vez o terceiro melhor de todo o campeonato. Mantenho contato com alguns jogadores, funcionários. Tenho casa lá também, mas ela está alugada para o Mariano (lateral do próprio Bordeaux, ex-Flu). Espero visitar a cidade de novo - contou.
Se a disputa familiar não acontecer diretamente em 2013 (América-MG e Vasco podem se cruzar apenas na Copa do Brasil), eles já têm mais um assunto para debater e se divertir até o fim da próxima semana, quando a vaga for decidida.
- Quero muito que passe o Bordeaux, mas diria que o Benfica é o favorito pelos resultados recentes. Jogadores saíram, como o artilheiro (Gouffran) para o Newcastle e o Jussiê (também ex-Raposa) para os Emirados Árabes Unidos, e o time perdeu os últimos quatro jogos - enumerou Wendel, demonstrando conhecimento sobre a situação atual em sua ex-casa.
Por fim, o carinho entre tio e sobrinho não foi deixado de lado.
- Ele é um grande jogador, uma pessoa tranquila, do bem, que gosta de deixar uma marca nos clubes que passa. Vai ser ídolo da torcida porque é aguerrido, capaz. Acompanho quase todos os jogos dele, nos falamos depois da classificação para a final da Taça Guanabara e estou torcendo pelo título. Estou apostando no Vasco - reforça Geovanni.
- O impulso para eu ser jogador foi dele, apesar da pouca diferença de idade. O sucesso dele logo no início me motivou ainda mais a não desistir e tentar a sorte - conta Wendel, que assustou o parente ao de ponta esquerda virar volante pouco antes de ser titular do Cruzeiro campeão mineiro, brasileiro e da Copa do Brasil em 2003.
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