Futebol

Fágner, sobre retorno ao Brasil: "Nunca se pode descartar nada"

Na Alemanha há quase um ano, Fagner não pensou duas vezes no que fazer ao aproveitar as férias no Brasil. Apaixonado por tatuagens, o lateral-direito do Wolfsburg tirou a segunda-feira livre para visitar um estúdio, localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, fazer mais três e começar o processo para “fechar” todo o seu braço esquerdo.

Colecionador de desenhos pelo corpo, que vão de mensagens religiosas a letra de samba em homenagem à esposa, nem o próprio jogador sabe definir o número exato que já fez. Todas, porém, têm algum motivo especial.

- Fazer tatuagem é gostoso, é um vício bom. Sempre já venho com a ideia pronta. Quando chego aqui falo e na hora vai adaptando ao que eu quero. Meu lado esquerdo, por exemplo, tem toda uma questão religiosa. Tenho o nome da minha esposa, do meu filho. Nada é feito aleatório, sempre tem um significado.

Com o apelido de Gibizinho, dado por Dedé e Fellipe Bastos nos tempos de Vasco, Fagner indicou sua tatuadora, ex-vizinha de condomínio, para inúmeros atletas. A lista é extensa: o próprio Dedé, Felipe, Nilton, Titi e até os estrangeiros Benítez, Irrazábal e Pedro Vera se renderam.

- Os caras sempre me perguntavam o que eu achava (sobre fazer tatuagens). Aí eu perguntava se queriam realmente saber da opinião. Estavam perguntando para a pessoa errada. Sempre falei: faz porque é da hora – contou.

E não foi só com colegas de trabalho que Fagner teve influência. Dentro de casa, o jogador fez a cabeça da esposa, que até hoje fica com o pé atrás quando vê o marido a caminho do estúdio.

- Quando a conheci, ela não tinha nenhuma tatuagem. Hoje já tem sete ou oito, e quando venho aqui ela já fala com a Laura (tatuadora): Não vai na dele, confio em você – brincou.

Com tantos desenhos no corpo, no entanto, a dor ainda marca presença em determinados momentos.

- Tem lugares que eu faço e falo: pelo amor de Deus, acaba logo! Quando eu pergunto se falta muito é porque o negócio está feio. Onde mais dói é no peito e no pulso. Nas costas também. Quando fiz a fênix precisei de uma anestesia superficial no local, senão não terminaria.

Histórias inusitadas e surpresa para a esposa

Nem sempre fazer tatuagens foi fácil para Fagner. Ao relembrar do início de seu “vício”, o atleta contou que teve de mentir para ter a aprovação dentro de casa e conseguir fazer a primeira.

- A minha primeira eu fiz com 17 anos, e com 18 já fiz a segunda. Comecei tatuando “família” em japonês, aí não parei mais. Na hora de falar com o meu pai que ia fazer tive que falar que ia pôr o nome dele. Aí na hora acabei mudando, mas logo depois mostrei – relembrou.

Em determinado momento da conversa, Fagner se mostrou surpreso ao ouvir da tatuadora histórias de pessoas que foram até o estúdio munidas de fotos para copiar seus desenhos. Foi aí que o jogador aproveitou para contar uma situação engraçada vivida nos tempos em que ainda morava no Brasil.

- Um garçom uma vez falou que queria vir aqui pra fazer um tribal igual ao meu. Aí ele veio e a Laura falou que faria um parecido, não igual, pois cada um tem sua particularidade. Mas ele só queria idêntico, e acabou nem fazendo.

Perto do fim da sessão, que durou cerca de três horas, o lateral-direito recebeu a visita da esposa, Bárbara e, de última hora decidiu fazer uma surpresa: cochichando, pediu para que fossem escritas duas datas importantes na vida do casal: o dia do primeiro beijo e a data do nascimento do filho Henrique.

- Ela nem reparou – brincou Fagner, antes de mostrar os novos xodós à mulher.
Vida na Alemanha, Seleção e volta ao Brasil
Entre um desenho e outro, Fagner falou sobre a sua adaptação na Europa. Mesmo com uma passagem pela Holanda, onde atuou pelo PSV, em 2008, o lateral contou que teve todo um processo de readaptação no Velho Continente.

- Tem algumas semelhanças com a Holanda, mas eu vim para o Brasil e acabei esquecendo tudo, o idioma é muito difícil. Já estou adaptado, levei cerca de três meses para me acostumar. Para a família que já é mais demorado, leva um pouco mais de tempo. Mas meu filho já vai à escola e minha mulher já faz as coisas dela.
O jogador comemorou o fato de o futebol alemão estar em evidência e citou os pontos positivos de atuar em um campeonato de alto nível. Colega dos brasileiros Diego e Naldo no Wolfsburg, o lateral reafirmou o sonho de atuar pela seleção brasileira.

- Em todos os jogos você vê estádio lotado, a organização dentro e fora de campo. Até o estilo de vida é algo muito admirável. Espero que esse ano a gente consiga fazer um campeonato melhor e brigar por posições melhores na tabela. Consequentemente os jogadores irão aparecer individualmente, e isso acontecendo possibilita chances de ir à Seleção.

Sobre um possível retorno ao Brasil em breve, Fagner, que já teve o nome apontado como suposto reforço de clubes como Flamengo e Santos, desconversou.

- Nunca se pode descartar nada – concluiu.

Fonte: ge