Torcida

Fechamento do Maracanã muda rota das torcidas no RJ

A reforma do Maracanã, em ritmo acelerado para a Copa do Mundo de 2014, levou a Federação de Futebol do Rio a transferir os clássicos cariocas para o Engenhão. A medida desviou a rota de conflitos entre torcidas organizadas dos quatro grandes clubes da cidade e levou as autoridades de segurança pública a montar um quebra-cabeças para evitar incidentes. Hoje, dia de Fluminense x Vasco, é provável que existam confrontos entre grupos rivais em locais que até meses atrás não registravam ocorrências por causa de rixas relacionadas a futebol.

Nos jogos de grande apelo entre dois times do Rio, realizados no Maracanã, a Polícia Militar já sabia o que fazer para reduzir o risco de uma tragédia. Ocupava as estações de trem de São Cristóvão e da Leopoldina e também trechos da Avenida Brasil para prevenir ou reprimir ações dos \"torcedores\" que se propõem apenas a brigar. Esses pontos de acesso ao estádio eram críticos e os choques ali quase inevitáveis.

Por enquanto, o policiamento ostensivo no entorno do Engenhão, antes e logo depois dos clássicos, serve para inibir cenas de violência localizadas e potencializadas pela rivalidade das torcidas. Mas a PM não conseguiu deter, até agora, as batalhas que ocorrem em pelo menos três áreas não muito distantes do estádio olímpico, próximas às estações ferroviárias de Cascadura, Méier e Madureira.

Baderna. Na semifinal da Taça Guanabara, no final de fevereiro, integrantes de organizadas de Flamengo e Botafogo levaram pânico a moradores desses três bairros. Carros e motocicletas em alta velocidade, tiros para o alto, corre-corre e a tentativa de cercar adversários em ruas tranquilas resultaram em dezenas de ligações ao telefone de emergência da PM. Durante o Fla x Flu de 13 de março, o fato se repetiu.

\"Só existe um clássico que não nos dá trabalho: é o jogo entre Vasco e Botafogo. Fora disso, é problema, sempre\", disse o major Marcelo Malheiros, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe). Ele admitiu que existem novos espaços escolhidos pelos vândalos para os embates nos arredores do Engenhão, mas ressaltou o trabalho de prevenção realizado pelo Gepe. \"Temos um cadastro com a identificação de todos os líderes de torcidas. Nos dias de grandes clássicos, vamos ao encontro dos torcedores para escoltá-los até o estádio.\"

Esse acompanhamento da PM se dá algumas vezes em vagões de trens que partem da Central do Brasil ou de alguma estação da Baixada Fluminense com destino ao bairro do Engenho de Dentro, de onde vem o apelido do estádio. O Gepe conta com 230 policiais e é reforçado com outros 200 homens em jogos de maior risco. \"Há provocação, fanatismo, agressão, mas a Polícia trabalha intensamente para impedir isso ou prender quem promove essas coisas\", afirmou Malheiros.

Facilidades. A opção dos torcedores por esses novos locais de confronto tem um porquê. Ao redor das estações ferroviárias dos três bairros há várias vias de fuga - são pelo menos cinco opções em cada um desses pontos. Normalmente, os tumultos ocorrem algumas horas após as partidas, disputadas aos domingos.

Os \"torcedores\" aguardam em ruas isoladas e mal iluminadas a desmobilização dos policiais. Em geral, estão em vans, carros utilizados como transporte coletivo. Por celular e rádio, se comunicam com outros do mesmo grupo a fim de saber da movimentação dos policiais e dos adversários. Em Cascadura, escondem-se algumas vezes na Rua Frei Antônio. Em Madureira, atrás da Praça do Patriarca. Dali partem para o enfrentamento.

PARA DETER OS BRIGÕES

230
policiais formam o Grupamento Especial de Policiamento de Estádios (Gepe) do Rio.

200
homens da PM reforçam o Gepe em dias de \"jogos de risco\" no Engenhão envolvendo dois grandes clubes da cidade.

Fonte: Estadão