Futebol

Exclusivo: Entrevista com Juninho Pernambucano

Por: Carlos Gregório Júnior (@CarlosGregJr)

Demorou mais do que a torcida esperava, mas no último mês de abril Juninho Pernambucano acertou seu retorno ao Vasco. Considerado um dos maiores ídolos da história do clube, o ‘Reizinho’ fez parte de uma das gerações mais vitoriosas do Gigante da Colina. Com ele, o cruzmaltino conquistou dentre outros títulos dois Campeonatos Brasileiros (1997 e 2000), uma Libertadores (1998) e uma Copa Mercosul (2000).

Enquanto aguarda ansiosa o dia da apresentação do ídolo, o que deve ocorrer em junho, os vascaínos matam saudades revendo gols, lances e gestos que comprovam o amor de Juninho pelo clube de São Januário. A prova maior desse sentimento são as filhas do jogador, que mesmo longe não perdem um jogo sequer do cruzmaltino.

É fato que o Juninho que retornará ao Vasco não é o mesmo que deixou o clube há dez anos, até porque ele se tornou um ídolo mundial após marcar época no Lyon, clube francês. Apesar das mudanças, a fama não mudou seu jeito de ser, sua personalidade e é com esse espírito que o ‘Reizinho’ falou ao Supervasco.com sobre diversos assuntos. Nessa pequena conversa, Juninho elogiou analisou o atual momento do futebol brasileiro, elogiou Felipe e deixou uma mensagem para a imensa torcida vascaína.

Confira o bate-papo:

Carlos Gregório Júnior - Você passou dez anos fora do Brasil. Com amante do futebol, você deve ter acompanhado o futebol brasileiro durante esse período. Como você vê o atual momento do nosso futebol? Acha que a Copa de 2014 irá ajudá-lo em algum aspecto?


Juninho Pernambucano - O momento do futebol brasileiro é de revelar jogadores e cada vez mais novos. Houve uma evolução na parte física e os meninos estão se capacitando a jogar em grandes clubes do mundo cada vez mais jovens. Esta foi uma mudança de postura na formação de base o que acelerou este processo. Mas o futebol brasileiro neste período em que fiquei de fora continua semelhante neste aspecto, sendo mais organizado e investidor.

CGJ - Você deixou o Vasco no momento em que o clube vivia um dos períodos mais vitoriosos da sua história. De lá para cá, o clube da Colina passou por momentos de turbulência. Como você viu de longe essa \"queda\" do Vasco no cenário nacional no que diz respeito a conquistas? Como você a atual fase do Vasco?

JP - É normal que um clube de cem anos passe por altos e baixos. É um grande período sem títulos, mas acontece. Um dos fatores foi a dificuldade financeira por que passou o clube, o que impossibilitava de fazer grandes investimentos e obrigava, e ainda obriga, a vender jogadores cada dia mais cedo. A atual fase é mais equilibrada e o Vasco está fazendo contratos mais longos com seus atletas e mantendo uma base de time que vai render frutos.

CGJ - No ano passado, antes de um amistoso entre Brasil e Argentina no Qatar, você concedeu entrevista a uma emissora de TV e durante a mesma suas filhas apareceram todas vestidas de Vasco. Como elas se sentiram ao saber do seu retorno à Colina? Elas cobraram seu retorno em outros períodos?

JP - Na verdade é que das três filhas só uma me viu jogar no Vasco. Foi uma brincadeira da mais velha, a Giovana. Criança não faz pressão. Foi uma brincadeira entre nós, por que a Giovana sempre disse que queria voltar, estar de novo nos jogos do Vasco. Mas não influencia. Quem define isto são os pais.

\"Juninho

Juninho ao lado de suas três filhas em sua casa no Qatar


CGJ - Felipe e você conquistaram muitos títulos juntos com a camisa do Vasco. O que você pode falar do \"Maestro\"? Mantiveram uma amizade mesmo longe um do outro?

JP - A gente teve uma amizade no tempo que jogava, mas depois cada um seguiu seu rumo e foi para um lado, arrumar a vida. Encontramos-nos no Qatar, jogamos contra e me surpreendi com um homem maduro, grande pai e totalmente de família. Como jogador, foi talvez o mais habilidoso com quem já joguei e o que vi jogar. Acho que amadurecido como está será muito importante para a formação dos mais jovens, por que sempre teve esta preocupação e esta influencia sobre os garotos, mesmo quando era iniciante. Eu não tenho esta característica, mas espero poder dividir esta responsabilidade. Como um dos mais velhos do grupo do Vasco, irei apoiar a molecada, que é muito boa. Esta coincidência de voltar a jogar juntos tanto tempo depois é muito bacana. Vai ser muito legal.

CGJ - Muitos falam que você pode se tornar dirigente do Vasco no futuro, após o término do seu contrato. Como você vem se preparando para assumir um cargo na diretoria do Vasco?

JP - Não venho me preparando, mas penso. Estou vendo que vou colher muito do que plantei em toda a minha carreira para futuras atividades fora de campo. Tenho portas abertas e um pré contrato com o Lyon caso queira voltar na parte administrativa; no Qatar fui chamado esta semana pelo comitê olímpico para ajudar no desenvolvimento do futebol por aqui; e no Vasco seria muito bom também. Mas não quero muito pensar nisto por que ainda sou jogador e não ex-jogador. Preciso descarregar minha energia toda no campo. Mas quero sim, fora de campo, quando parar, uma função que me dê prazer como tenho ainda, e muito, como jogador

CGJ - A torcida vascaína ficou durante anos pedindo o seu retorno e em 2011 ele finalmente foi confirmado. Após o anúncio, muitos torcedores ficaram emocionados e chegaram a ter a chorar. Como você recebe esse carinho?


JP - Com gratidão. Fiz parte de uma geração que ganhou tudo no Vasco e isto faz o torcedor manter esta imagem de mim. Nunca fui o principal daquele grupo, mas fazia bem o meu papel. Fico extremamente feliz, só que quero deixar claro que estou voltando ao Vasco para jogar. Não quero festa, não quero voltar e ser homenageado com um jogador que passou. Quero fazer mais. Preciso viver o presente e ter festa se alcançarmos nossos objetivos. Só assim vamos festejar juntos.

CGJ - O Vasco sempre foi conhecido por revelar grandes jogadores. Felipe, que será seu companheiro novamente, é considerado um paizão da garotada. O Juninho também buscará ajudar as promessas vascaínas?

JP - Como disse anteriormente, minha vocação não é igual a do Felipe mas vou procurar dar a minha contribuição, orientando, passando a experiência de vida. Mas Felipe tem mais cara de paizão

CGJ - Deixe uma mensagem final para os nossos leitores.

JP - Que o torcedor saiba que venho para jogar. Nada de festa, nada de homenagem. Vou me preparar, quero jogar em alto nível e espero poder fazer um bom brasileiro. Ao torcedor a certeza que dele não esqueço e que vou vestir a camisa do Vasco com respeito e amor.

\"Juninho

Emocionado, Juninho segura a Taça da Copa Mercosul em 2000


Obs: Agradecimento Especial ao Assessor de Imprensa do Juninho Pernambucano, Flávio Dias.

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