Futebol

Eurico exercia papel moderador na defesa da gestão de Campello

A morte de Eurico Miranda renova o cenário político em São Januário.

Reconduzido à presidência do Conselho de Beneméritos do Vasco em fevereiro do ano passado, tão logo deixou a presidência administrativa, o cartola exercia papel moderador na defesa da gestão de Alexandre Campello.

E, por mais de uma vez, avisou aos beneméritos que buscavam aconselhamentos políticos que, enquanto ele fosse vivo, Julio Brant e Roberto Monteiro não teriam apoio do seu conselho para manobrar o impeachment do atual presidente do clube.

"Enquanto eu estiver neste plano o Vasco não passará esta vergonha. Não há hipótese!" , repetia, ainda que debilitado.

Era a forma que encontrava para lembrar aos incautos da política vascaína que os anos vividos em São Januário, quase sempre no poder, não seriam em vão.

Ainda que de forma indireta, o cartola que sempre governou o Vasco com o braço forte da ditadura jamais deixou de influenciar no destino do clube.

Derrotado nas urnas, aquartelou-se no comando do conselho de 150 beneméritos e manipulou a política do clube de acordo com seus interesses.

Ora flertando flertando com as alas de oposição, ora apoiando a situação.

Um 'cardeal' que foi adorado por uns e odiado por outros, por viver do Vasco, para o Vasco e pelo Vasco.

Um Vasco que acabou se atrasando na marcha para o futuro.

Eurico Miranda teve a chance, na virada do século, de fazer do Vasco o clube mais poderoso do país.

Mais precisamente ao assinar com banco norte-americano um contrato que lhe garantia o aporte de U$ 100 milhões em dez anos.

Não à toa, venceu o Brasileiro de 97, o Estadual e a Libertadores de 98, o Rio São Paulo de 99, mais o Brasileiro e o Mercosul de 2000.

Mas, ao assumir o cargo de presidente, misturou seus interesses particulares com os da administração e, afogado em denúncias, perdeu prestígio e dinheiro.

Entre 2001 e 2014, equilibrou-se como pôde, às vezes até amparado por amigos.

E só recuperou parte do bem-estar quando retomou a presidência do clube, em 2015, para um novo mandato de três anos.

A opção por apoiar Alexandre Campello, após o racha político da oposição que o derrotou nas urnas, em 2018, foi a última grande cartada de Eurico.

Dizia reconhecer que, entre seus oponentes, o médico que viu chegar ao clube com pouco mais de 20 anos era mesmo o mais indicado para dirigir o Vasco.

Sobretudo, para acabar com a divisão política que ele próprio (Eurico) construíra.

Enfim...

Na noite de sábado, após assistir à transmissão do 1 a 1 com o Flamengo, o seu rival predileto, o cartola deu a senha à família.

"Pode desligar. O jogo acabou."

Fonte: Blog Futebol, Coisa & Tal - Extra Online