Futebol

Estatura da zaga é um dos trunfos cruzmaltinos contra a força aérea do Botaf

Garantido na final da Taça Guanabara, o Vasco teve uma semana para intensificar o que funcionou taticamente no empate com o Fluminense e corrigir as falhas que deixaram o placar em branco. No balanço do cruzmaltino, sobressaiu a confirmação de que a equipe resgatou a segurança em jogos decisivos. Confiante, o time se inspirou na tranquilidade do técnico Vagner Mancini e deu show nas cobranças de pênalti, com 100% de aproveitamento. Do tempo regulamentar, porém, ficou a lição de que o Vasco precisa melhorar no último passe.

Arrumado e forte defensivamente, o cruzmaltino procurou sair com velocidade para furar o bloqueio tricolor. Se conseguiu dominar o meio de campo, faltou finalizar com precisão. Tanto que Dodô foi um dos atletas mais discretos da partida. Isolado na frente, o único atacante de origem da equipe depende dos lances de Carlos Alberto e Philippe Coutinho para concluir ao gol. Os apoiadores correram bastante e superaram a marcação diversas vezes. Pecaram, entretanto, no toque final.

“Eu me movimentei bem, mas errei umas bolas bobas e alguns passes. Acho que tenho de melhorar nisso e cair mais pelos lados do campo”, reconheceu Coutinho, que segue no ataque ao lado de Dodô, o artilheiro do Carioca com sete gols.

Outra falha do Vasco foi justamente a falta de jogadas pelas laterais. Coutinho atuou como um ponta, pela esquerda, e poderia ter infernizado ainda mais a zaga adversária se tivesse o apoio de Márcio Careca, preso à marcação devido aos avanços de Mariano, sobretudo no segundo tempo. Assim, chamou mais atenção pelo excesso de faltas cometidas.

O time teve duas boas chances com Elder Granja, pela direita, mas ainda está longe do ideal. Apesar de escalar o Vasco no 4-4-2, Mancini dá liberdade para os laterais e pede que o time não afunile as jogadas. Cabe aos volantes, que são três no esquema vascaíno, fazer a cobertura de Granja e Careca.



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Cavar faltas é opção de jogo


Contra o Flamengo, Joel Santana escalou a equipe no 3-5-2 e optou pelo contra-ataque. Como o time de São Januário costuma tomar a atitude em campo, o comandante alvinegro deve repetir a fórmula, com forte marcação sobre os jogadores do setor ofensivo e rapidez nos toques. Apesar da quantidade de atletas na defesa, o Botafogo peca pelo nervosismo e comete muitas faltas perto da área. Este pode ser outro bom caminho para a equipe da Colina, que tem ótimos cobradores, como o volante Léo Gago.

Com três zagueiros, os laterais do Botafogo ganharam mais espaço para atacar, atuando como alas. Esta é a dica para o Vasco apostar no contra-ataque pelos lados do campo, principalmente na esquerda, com Coutinho e Márcio Careca. Se acertar o último passe, tem tudo para complicar a zaga adversária. Para imprimir velocidade e força ofensiva na lateral direita, Mancini pode trocar Elder Granja por Fagner, recuperado de uma lesão na coxa.

O número
19 - Número de gols marcados em 8 partidas

Armas cruzmaltinas

O que funcionou contra o Fluminense
» Fernando Prass esteve seguro e atento. Fez duas defesas decisivas
» Os volantes protegeram bem a zaga e fizeram a cobertura dos laterais com eficiência
» O cruzmaltino dominou o meio de campo. Carlos Alberto
e Philippe Coutinho se movimentaram bastante para fugir da marcação
» Apesar do excesso de faltas, o Vasco mostrou segurança e equilíbrio, principalmente nos pênaltis.

O que precisa melhorar contra o Botafogo

» Faltou força ofensiva pelas laterais
» Os zagueiros foram lentos e perderam a bola para Fred nas jogadas que exigiam velocidade
» Os volantes não apoiaram com a mesma frequência dos outros jogos
» Houve muitos erros no último passe e Dodô ficou isolado boa parte do tempo
» Foram muitas faltas, sobretudo no primeiro tempo, o que poderia ter deixado o Vasco com menos um em campo

Chaves para o sucesso

» Evitar faltas perto da área
» Marcar com atenção as jogadas pelo alto; além de cabecear para o gol, Loco Abreu costuma atuar como pivô
» Explorar os espaços deixados pelos laterais
» Abusar dos dribles perto da área adversária em busca de faltas frontais
» Acertar o último passe e deixar que o faro de gol do artilheiro Dodô resolva o jogo. No primeiro encontro entre Vasco e Botafogo, ele marcou três vezes.

Falhas alvinegras contra o Vasco...

» Numa falha individual, o zagueiro Wellington perdeu a bola para Dodô, que finalizou de fora da área no canto direito de Jefferson, aos 4min de jogo;

» Dez minutos depois, Eduardo entrou de sola em Souza e foi expulso;

» Com um a menos, o sistema defensivo exposto e diante de um ataque rápido, comandado pelo trio Carlos Alberto/Philippe Coutinho/Dodô, o Botafogo começou a abusar das faltas. Fahel, Alessandro e Herrera foram advertidos verbalmente pelo juiz e tiveram de diminuir o ritmo;

» O Vasco sentiu a fragilidade emocional do rival e passou a pressionar a saída de bola. Dodô decretou a goleada logo no primeiro tempo marcando mais duas vezes, aos 32 e aos 35 minutos;

» Estevam Soares sacou Loco Abreu no intervalo e colocou o volante Somália, para tentar segurar o adversário. Não adiantou. Em nova falha individual, Antônio Carlos errou na saída e bola e fez falta. Léo Gago cobrou forte e Jefferson não evitou o quarto gol, aos 10 minutos;

» Aos 14, Philippe Coutinho invadiu a área sem muita dificuldade e ampliou. Aos 36, Coutinho marcou seu segundo gol como profissional e fechou o humilhante resultado em pleno Engenhão.


Joel estuda o jogo dos seis erros


Patrícia Trindade


Rio de Janeiro — O Botafogo cabisbaixo, sem técnico e com a torcida enfurecida que resultou da humilhante goleada por 6 x 0 sofrida para o Vasco, há quase um mês, não existe mais. É o que garante Joel Santana, que chegou a General Severiano justamente por causa do resultado pela terceira rodada da Taça Guanabara.

Desde então, o Botafogo não perdeu nenhum jogo; virou placares, venceu a desconfiança da torcida e eliminou o maior rival, Flamengo, quarta-feira, no Maracanã, pelas semifinais, acabando com um jejum de dez partidas sem superar o rubro-negro — foram cinco empates e cinco derrotas — e calando a boca de quem já dava como certa a classificação do atual tricampeão carioca e campeão brasileiro.

Mas, a maior mudança (1) do Alvinegro não é apenas no aspecto emocional. Taticamente, Joel Santana procurou acentuar os pontos fortes da equipe: jogadas aéreas com os grandalhões Loco Abreu e Herrera; velocidade pelas pontas com o eficiente Marcelo Cordeiro, sempre explorando a habilidade de Lúcio Flávio, a segurança do goleiro Jefferson e a aplicação na marcação de Leandro Guerreiro.

Além disso, tratou de minimizar as deficiências de uma zaga formada por jogadores limitados tecnicamente, inexperientes e lentos — Fábio Ferreira, Antônio Carlos e Wellington; um lateral-direito que apoia pouco (Alessandro) e um segundo volante (Eduardo) que não cumpre bem a função.




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1 - Sem reforços
Os contratados Danny Morais, Jeancarlos e Sandro Silva só poderão estrear na Taça Rio. Portanto, Joel deve repetir a receita adotada contra o Flamengo: disciplina tática para vencer a diferença técnica. Contra o Vasco, diante de um ataque rápido, deve adotar a cautela no início, para evitar que o filme de terror do último encontro se repita e Dodô abra o marcador logo aos 4 minutos.

\"A equipe vai a campo com mais personalidade e com a cabeça no lugar. Respeitamos muito o adversário, que é bom, mas o bicho vai pegar...\"
Joel Santana, técnico


O número

3 - Número de gols sofridos pela defesa do Vasco em 8 jogos

Fonte: Correio Braziliense