Futebol

Estátua, camisa, filho, dívida... o espólio de Romário em São Januário

RIO - No futebol atual, ninguém se surpreende mais com a saída de qualquer jogador de um time, por maior que seja sua identificação com a camisa. De uma hora para outra, o ídolo passa a fazer parte do passado. Mas no caso de Romário e o Vasco, não é tão simples assim. O atacante deixou o clube dizendo que sua história por lá acabou , mas a herança do Baixinho vai permanecer em São Januário por um bom tempo. Talvez eternamente.

Romário se foi, mas o espólio fica. É difícil não \"topar\" com ele diariamente no clube: ele está lá atrás do gol da Capela, imortalizado na estátua em homenagem ao milésimo gol. Romário não joga mais pelo Vasco, mas continua \"insubstituível\" na escalação, já que a camisa 11 seguirá aposentada. Romário é passado no Vasco, mas uma das apostas da equipe infantil tem nome e genealogia de craque: Romarinho, 13 anos, filho do atacante.

\"Quem contraiu essa herança?\", questiona Dinamite

E o espólio de Romário no Vasco inclui um outro item que deverá mantê-lo ligado à Colina por bastante tempo: a dívida do clube com o jogador, que gira em torno de R$ 20 milhões de reais. Maior artilheiro da história vascaína, Roberto Dinamite lamenta a falta de transparência na relação Eurico-Romário.

- Os conselheiros da oposição têm noção, pelo balanço que foi apresentado, de que a dívida está nesse valor, próximo de R$ 20 milhões, e a gente sabe que foi negociado com o jogador o pagamento em dez ou 15 anos, mas disso eu não tenho certeza, já que a gente não tem acesso a esse parcelamento - observou Dinamite, cobrando mais acesso às informações.

- Quem contraiu essa herança? É isso que o clube tem de esclarecer, como foi negociado esse parcelamento. De qualquer forma, o atleta vai permanecer ligado ao clube por todo esse período - completou.

Contrato de Romário com o Vasco termina no fim de março

O ex-craque não se surpreendeu com a explicação dada por Romário para sua saída: interferência de Eurico na escalação do time . Para Roberto, esse procedimento é antigo e apenas referenda a centralização de poder existente em São Januário:

- Não vou ficar dando muita opinião, porque eu não vivo o dia-a-dia do clube, não tomo as decisões. Quem tem de assumir a responsabilidade é o presidente, mesmo sendo interino - afirmou ele, lembrando que o resultado da última eleição vascaína ainda tramita na Justiça.

Na noite de quarta-feira, quando a notícia da saída de Romário caiu como uma bomba em São Januário, Eurico Miranda não perdeu a calma. Apesar da divergência com o jogador em relação à escalação do time, o dirigente garantiu que os símbolos mais visíveis do prestígio do Baixinho permanecerâo intactos.

- A amizade com o Romário continua. A camisa 11 segue imortalizada e a estátua vai seguir no lugar dela. Nada mudou em relação a ele - declarou o dirigente.

Segundo a assessoria de imprensa do Vasco, o contrato de Romário como jogador do Vasco termina dia 30 de março, e o clube não pretende rescindi-lo antes dessa data. Se quiser jogar por outro time nesse período, portanto, o Baixinho terá de encerrar o compromisso de forma unilateral. Mas por ora o atacante nem pode pensar em defender outra camisa, já que segue suspenso por doping - o julgamento do seu recurso no STJD está marcado para a próxima quinta-feira.

Fonte: O Globo