Futebol

Especialistas opinam sobre consórcio que pode cuidar do Maracanã

Nesta terça-feira, foi divulgada a divisão das três empresas que formam o consórcio Maracanã S.A., que venceu a primeira etapa da licitação e está mais próximo de vencer a disputa para gerir o novo Maracanã. No consórcio, 90% das ações pertencem à empreiteira Odebrecht, que realiza a reforma no estádio; 5% à IMX, empresa do bilionário Eike Batista, e 5% à AEG, uma das empresas de entretenimento líderes no mercado mundial.

Abaixo, os especialistas da Academia LANCE! analisam a estrutura do consórcio e o que esperar dele na gestão do Maraca:


Pedro Trengrouse Laignier de Souza
Professor da FGV-RJ, Fifa Master e consultor da ONU para questões da Copa de 2014


A posição acionária do consórcio Maracanã S.A. não reflete necessariamente a gestão da arena, porque a empresa que tiver 5% pode administrá-la. O fato de a Odebrecht ter 90% das ações não quer dizer que vai ter a administração do estádio.

Essa divisão também não reflete a divisão dos dividendos futuros. Isso depende da forma do contrato e do acordo dos acionistas.

Causa espécie, estranheza, essa posição da empreiteira, com participação tão grande no controle acionário. Qual a razão de ter 90% das ações se já está ganhando para construir o estádio?

Outra coisa que causa espanto é a ausência dos clubes. E o futebol, onde fica? O que causa mais espanto não é o acordo entre eles, mas a ausência do futebol. É como dizia o poeta João Cabral de Melo Neto: \"Qual a parte que me cabe neste latifúndio?\"



Fernando Trevisan
Especialista em gestão e marketing esportivo


Só a questão da porcentagem da sociedade não quer dizer que o consórcio terá um viés mais de empreiteira. O que interessa é quem serão os executivos que vão gerir o estádio. Assim como o outro consórcio, o Maracanã S.A. tem participação de uma empresa internacional (AEG) que tem experiência no setor. O que eles têm de fazer é montar uma equipe de qualidade para gerir o estádio.

No Brasil não há muita experiência em gestão de arenas. Assim, é preciso trazer o know-how estrangeiro.

Em relação à divisão acionária, vai depender do acordo dos acionistas, mas na equipe executiva deve ter preponderância do viés de empreiteira. Uma coisa são os acionistas, outra são os executivos. São dois trabalhos completamente distintos. Como o Banco do Brasil, que é acionista do banco e da seguradora. Duas empresas diferentes, mas que não impedem a ação do banco nas duas.

Fonte: Lancenet!