Escola no Complexo do Maracanã também não será demolida
Após anunciar que o Parque Aquático Júlio Delamare, o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Museu do Índio não seriam mais demolidos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, informou, por meio de seu conta no Twitter, nesta segunda-feira, que a Escola Municipal Friedenreich também permanecerá no Complexo do Maracanã. No edital de licitação da concessão do estádio estava previsto que o colégio viria abaixo para a construção de um prédio-garagem e de um centro de entretenimento, e uma nova escola seria erguida em outro local.
- A Escola Municipal Friedenreich no Complexo do Maracanã não será demolida. Permanece onde está postou o governador, no Twitter.
A manutenção do Júlio Delamare, do Célio de Barros e da Escola Municipal Friedenreich no Complexo do Maracanã pode gerar uma reviravolta no processo de concessão do estádio. Na última segunda-feira, ao anunciar que o estádio de Atletismo permanecerá no mesmo local, Sérgio Cabral deixou a licitação em suspenso e passou a bola para o consórcio. Os atuais gestores têm 20 dias para buscar uma alternativa ou até mesmo deixarem a Parceira Público-Privada com o governo do Rio de Janeiro.
Na última sexta-feira, o \"Consórcio Maracanã SA\", formado pelas empresas Odebrecht Participações e Investimentos, IMX Venues e AEG Administração de Estádios do Brasil (de origem americana), comunicou apenas que busca uma solução para o caso, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.
O governo cedeu ao apelo popular, após a onda de manifestações que tomou conta do Rio de Janeiro. Na última terça-feira, o governo do Rio de Janeiro já havia anunciado que o Parque Aquático Julio Delamare, também localizado no Complexo do Maracanã, seria mantido, ao contrário do que estava previsto no edital. No local dos dois centros esportivos, o edital previa a construção de um amplo estacionamento, além de uma área de entretenimento, com lojas e restaurantes.
Após um longo processo, o \"Consórcio Maracanã SA\" venceu em maio a licitação para gerir o Complexo do Maracanã pelos próximos 35 anos. Na ocasião, a oferta (R$ 5,5 milhões anuais, em 33 parcelas, totalizando R$ 181,5 milhões) foi R$ 26,4 milhões superior à do outro concorrente, o \"Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro\" (R$ 4,7 milhões por ano, também em 33 parcelas, R$ 155,1 milhões no total).
De acordo com o projeto original de modernização do Complexo do Maracanã para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a área ocupada atualmente pelo Júlio Delamare e o Célio de Barros seria destinada à construção de dois edifícios garagem de 22 metros de altura, com restaurantes, bares e lojas. As novas instalações seriam destinadas também a áreas de entretenimento e espaços de convivência para o público frequentador do local. A concepção original do projeto previa ainda a remodelação do Museu do Índio, que seria transformado no Museu Olímpico.
Processo foi marcado por confusões
Antes da apresentação das propostas das empresas, no início de abril, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP/RJ) ingressou com ação civil pública para suspender a licitação. O órgão alegava que diversas obras previstas no edital - como a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros - não são necessárias para a realização da Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos de 2016.
O MP/RJ também questionava a legalidade da participação da empresa IMX, de Eike, no processo de licitação, uma vez que foi ela a responsável pelo estudo de viabilidade da concessão. Segundo o órgão, todo o processo favorece a IMX, já que a empresa teve acesso a informações privilegiadas e exclusivas. A baixa rentabilidade do negócio para o governo do Rio de Janeiro é outro ponto abordado.
No ano passado, durante o lançamento do edital, as receitas e despesas do Maracanã foram estimadas pelo governo. Pelo estudo, o estádio vai gerar R$ 154 milhões por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. A previsão é de que os recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos. Com isso, o novo gestor teria lucro durante 23 anos do contrato, gerando R$ 2,5 bilhões.