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Análise tática: Veja os pontos de Vasco e Botafogo no clássico

No clássico entre Vasco e Botafogo, nesse domingo, os holofotes estavam sobre Juninho e Seedorf, experientes líderes dos dois times. No entanto, um duelo particular no comando dos ataques chamou atenção, justamente pelas diferenças de André e Rafael Marques. Ambos marcaram duas vezes, mas o detalhe está em como colaboraram para suas equipes além de balançarem a rede.

O vascaíno se mostrou um centroavante mais tradicional, daqueles que jogam mais fixos e próximos ao gol. O alvinegro se mexe mais, busca o jogo, sai para dar combate e muitas vezes é visto longe da meta adversária - característica, inclusive, que nutriu implicância da torcida com ele.

No clássico de domingo, as características de Rafael Marques sobressaíram. Com uma atuação mais completa, fez os gols de que o time precisava, mas também criou chances para os companheiros. Como pivô, fez parceria envolvente com Vitinho. Quando a bola chegava ao camisa 20 de costas para o gol, ele estava pronto para servir alguém ou girar e finalizar. Para completar, também ajudou no combate, com quatro desarmes.

André é um atacante perigoso e já tem quatro gols no Brasileiro, mas não conseguiu se entender bem com os companheiros para dar sequência a jogadas. Mostrou faro de gol, marcou duas vezes no clássico (em três finalizações) e cumpriu bem sua função de matador. Porém, quando recebeu e precisou enfrentar a marcação adversária, se complicou. Característica pouco usual, se destacou nas roubadas de bola, com três.
Duelo no meio campo favorece o Botafogo

O duelo que se decidiu no ataque começou a ser vencido pelo Alvinegro no meio-campo. No intervalo, Juninho reclamou do espaço entre as linhas de ataque e meio do time vascaíno. O Botafogo se aproveitou bem disso e poderia ter saído com placar melhor do que os 2 a 1 do primeiro tempo. Com uma marcação adiantada, sempre com quatro homens na frente do grande círculo (geralmente Seedorf, Lodeiro, Rafael Marques e Vitinho), dificultava a saída de bola do rival. E, quando ela se aproximava da área de Jefferson, rapidamente Marcelo Mattos, Gabriel e Lodeiro ajudavam a fazer uma forte barreira.

Juninho, por sua vez, ajudava a formar o buraco que mencionou no intervalo. O meia muitas vezes deu o primeiro combate, à frente até mesmo de André. Pedro Ken voltava para ajudar a cobrir a lateral, e Eder Luis nem sempre fechava o espaço deixado pelo meia. Por ali, Lodeiro e Seedorf tinham liberdade, e Vitinho encontrava corredores para avançar até a entrada da área. Com esse constante deslocamento, não é de se estranhar que Juninho tenha sentido dores musculares e reclamado do desgaste após o jogo.

Uma das principais armas do time de Dorival Júnior foram as bolas paradas. Não chega a ser uma novidade, com a presença de Juninho. O jogador, que começou com excelente aproveitamento, criou pelo menos três boas chances com sua precisão no início do jogo (incluindo o gol anulado de André). Com o passar do tempo, no entanto, o desgaste parece ter afetado o Reizinho, que acertou bem menos no segundo tempo, quando já sofria com dores musculares.

Do outro lado, Seedorf jogava com inteligência, e se no primeiro tempo apareceu em todos os lugares do campo, no segundo se colocou mais pelo lado esquerdo, para aproveitar os espaços deixados pelo lateral Nei. A participação do holandês não se resumiu à bola rolando. Ele tem sido especial tutor de Vitinho, a quem tem ajudado com conselhos tanto na parte tática, como no comportamento. No clássico, a jovem promessa alvinegra voltou a prender bastante a bola e algumas vezes finalizou precipitadamente, irritando seus companheiros. Mas já mostrou clara evolução em algumas decisões, como no passe que deixou Seedorf livre para marcar seu primeiro gol no Maracanã.
Duelo pelas laterais e a aveinda deixada por Nei

Seedorf não parou do lado esquerdo alvinegro por acaso. No primeiro tempo o Botafogo praticamente se restringiu ao setor direito, com a chegada de Vitinho e os avanços de Gilberto. O Vasco, por sua vez, tentava aproveitar os espaços deixados, com Yotún e Pedro Ken. O meia tentou algumas vezes e conseguiu três oportunidades pelo setor. E o jogo ficou por ali, já que do outro lado Eder Luis não conseguia encaixar as jogadas.

Na etapa final, o Botafogo descobriu como era mais fácil explorar o campo livre deixado pelo lateral-direito Nei, que insistiu em afunilar para o miolo da zaga, embolando com Renato Silva e Rafael Vaz. Foi por ali que o time chegou ao terceiro gol, com Rafael Marques, e de onde Seedorf passou a organizar o jogo. Pedro Ken foi deslocado para ajudar, mas o dano já estava feito. Além do gol, foram três jogadas de linha de fundo por ali, fora outras que nasceram no setor e caíram para o meio.

Nos avanços de Pedro Ken pela esquerda, Doria foi obrigado a correr para a cobertura a Gilberto pelo menos três vezes. O jovem zagueiro alvinegro se saiu bem e formou dupla segura com Bolívar. No Vasco, Rafael Vaz vai conquistando seu espaço. Mas vacilou no primeiro gol de Rafael Marques. Deu condição ao atacante e depois deixou-o sozinho. Renato Silva tentou sair para o combate, mas foi vencido muitas vezes e precisou apelar para faltas, como a feita em Lodeiro que rendeu seu cartão amarelo.

Análises rápidas:
* Dorival ainda busca o jeito ideal de jogar, e o Vasco passou por algumas formações durante o jogo. Começou mais preso, soltou-se um pouco com a entrada de Wendel no lugar de Guiñazu, e no segundo tempo colocou o lateral Fagner no lugar do volante Sandro Silva, atuando praticamente com três zagueiros.

* André tentou dois toques de calcanhar nos primeiros 16 minutos de jogo. Depois que o Botafogo fez 1 a 0, ele desistiu de tentar as jogadas.

* O Vasco conseguiu bons resultados quando pegou o time do Botafogo de surpresa. No primeiro gol, Eder Luis ganhou espaço para fazer a jogada depois de uma roubada de bola de Pedro Ken. No segundo, o lateral cobrado rapidamente por Yotún - uma jogada tradicional do Botafogo - abriu o caminho.

Fonte: ge