Futebol

Era Roth: futebol feio e violento irrita torcedores vascaínos

Muita gente boa já reparou, a julgar pelo alto número de mensagens de leitores e torcedores que tenho recebido desde domingo, depois do jogo em Recife. Eu também já tinha reparado, tanto que mencionei aqui mesmo, ontem. O time do Vasco mudou. É outro Vasco, em comparação com o Vasco do mesmo Campeonato Brasileiro, ano passado. Mudou do vinho para a água. Água poluída.

Em 2006, o Vasco foi um exemplo de comportamento disciplinar no campo. Foi o time que fez menos faltas em todo o campeonato. Terá, por isso, fracassado na competição, chegando entre os últimos? Nada disso, muito pelo contrário. Com um time absolutamente modesto (como o deste ano), o Vasco foi o mais bem colocado de todos os clubes do Rio, chegando em sexto lugar.

Este ano, em três rodadas, o mesmo Vasco é o clube que fez mais faltas na competição — uma média de 30 faltas por jogo. Isso mesmo: 30 por jogo.

O que mudou no Vasco em menos de um ano? Mudou o técnico. O do ano passado era Renato Gaúcho.

O deste ano é Celso Roth. Quem acompanha com alguma atenção a trajetória deste último sabe que fazer faltas e parar as jogadas do adversário têm sido característica dos times dirigidos por Roth — nada a ver com outro Roth, o Philip, um dos maiores escritores vivos, que se distingue pela inteligência e pela capacidade criativa.

Mas vamos a alguns dos e-mails recebidos.

“Amigo Calazans, assistindo ao jogo do Náutico com o Vasco, lembrei as coisas que você costuma escrever e, mesmo sem esperar o término do jogo, resolvi mandar este e-mail. Já notou como o time do Vasco aumentou consideravelmente o nível de pancadaria? Será que aí tem o dedo do novo ‘professor’ do time, o tal Celso Roth? De ponto positivo, a boa atuação do apitador Domingos de Jesus Viana. Grande abraço,
Douglas.”

Outro: “Prezado Fernando, não preciso pedir seu comentário depois do
jogo com o Náutico, em que o Vasco levou oito cartões amarelos e dois vermelhos, justamente o time que foi o mais disciplinado do ano passado. Como vascaíno sofrido por causa da decadência do clube, fruto de dirigentes incompetentes, pelo menos me restava a satisfação de ver que meu time não se utilizava da violência para superar os rivais. Agora, parece que nem isso... Cordial abraço do Michel Corniglion.”

Outro, pra vocês verem que as mulheres também sabem muito de futebol: “Prezado Fernando Calazans, com pouco tempo à frente do Vasco, o Celso Roth já conseguiu transmitir sua filosofia aos jogadores: dá dó ver os adversários, que apanham demais. Abraço da Anna Maria.”

Outro: “Caro Calazans...pois não é que, no jogo contra o Náutico, o time do Vasco tomou todos os cartões possíveis, sendo o primeiro vermelho com menos de dois minutos de jogo? Hoje, o Vasco não é mais um time pegador como no tempo do Renato Gaúcho; hoje, o Vasco é um time batedor... Não acredito que os jogadores tenham desaprendido o pouco que sabiam, apenas acredito que foram instruídos para fazer o que estão fazendo. Ouço agora o narrador do jogo dizer que o Vasco é o time que faz mais faltas no campeonato. É muita humilhação. Será que alguém vai tomar providência? Fica aqui o meu protesto. Betto Moraes”.

Acabaram os e-mails? Não. Acabou o espaço.

Há uma entrevista de Celso Roth à Rádio Brasil, dizendo que repudia o número de faltas que o Vasco fez e que se espantou com o comportamento dos jogadores, particularmente Júlio Santos. Bem, vamos ver como se comportará o Vasco daqui em diante.

Fonte: -