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Envolvido no caso Souza, Luiz Américo diz que era contra operação com agente

Citado nominalmente em nota oficial da diretoria vascaína como um dos envolvidos no caso Souza, Luiz Américo Chaves resolveu falar. O ex-vice jurídico e um dos responsáveis pela eleição de Roberto Dinamite negou participação no depósito de cerca de 53 mil euros (R$ 116 mil) na conta do empresário Paulo Teixeira, referente à comissão como clube formador na transferência do atacante Souza, do Panathinaikos (GRE) para o Corinthians, em dezembro de 2008.

Entretanto, o LANCE! teve acesso a documentos que mostram a assinatura do ex-dirigente ao lado da de Roberto Dinamite. Os papéis indicaram ao clube grego que fizesse o depósito na conta da empresa Soccer Features Limited, de Teixeira. Luiz Américo garante que sempre foi contra a operação. O dirigente enviou no dia 28 de janeiro de 2009 um fax assinado apenas por ele no qual pede que o dinheiro seja depositado na conta do Vasco.

– Nem Flavio Almeida nem o sócio dele, Paulo Teixeira, deveriam cuidar do instrumento de solidariedade, porque já tínhamos um escritório para fazer isso. Esse foi um ponto de conflito na diretoria. Eu era contra isso. Agora, a diretoria tem de provar para onde foi o dinheiro. Ela está numa encruzilhada: se ele não foi depositado em conta, foi caixa dois; se não souberem onde ele parou, foi apropriação indébita.

Segundo ele, a decepção com a administração atual é grande e o episódio foi um dos motivos que o fez deixar o clube em julho de 2009. Questionado a respeito das acusações feitas pelo ex-aliado, o presidente se calou.

– Prefiro não me pronunciar a respeito dessas acusações de cunho político – limitou-se a dizer.

Confira bate-bola com Luiz Américo:

Quem poderia dar o aval para que o Vasco recebesse o dinheiro de Paulo Teixeira em espécie?
José Hamilton Mandarino era o responsável pelo departamento financeiro na época. Ninguém receberia nada sem que Mandarino tomasse conhecimento.

Por que a auditoria da KPMG, que mostraria supostas irregularidades da era Eurico Miranda, não vingou?
Fui voto vencido. Faltou vontade política. Pagamos pela primeira parte do serviço, o raio X do passivo do clube, mas não fomos atrás dos motivos para o rombo tão grande. Disseram que seria muito caro. De fato era, mas valia a pena. O Vasco perdeu o bonde da história.

E as denuncias contra você, de que era remunerado?
Trabalhei um ano no Vasco sem receber. Ninguém trabalha de graça. Eu poderia contratar um escritório de parente, mas eu me sentiria um ladrão fazendo isso.

Segundo Américo, Leite interfere no clube

O ex-vice jurídico Luiz Américo Chavez comentou também a relação entre o empresário Carlos Leite e a diretoria doVasco. Segundo ele, não há transparência na forma como as coisas são feitas entre as partes.

– Num primeiro momento, eu achei boa a chegada de Carlos Leite.

Muitos clubes se juntam a empresários, é uma questão de sobrevivência. O problema foi quando eu fiquei sabendo que, segundo palavras do próprio Carlos Leite ao Mandarino, ele já havia emprestado R$ 6,5 milhões ao Vasco sem assinar nada. Isso não pode dar certo – afirmou.

Segundo o dirigente, o empresário se tornou muito próximo de José Hamilton Mandarino. A partir daí, passou a interferir diretamente nas decisões do clube: – Eu vi Carlos Leite, ainda na época do Dorival Júnior, depois de um jogo, entrar com o vice-presidente para se reunir com o treinador, com Rodrigo Caetano (diretor executivo) e também com o filho do Mandarino, que não exerce cargo algum no Vasco, mas que acompanha o pai. A gerência chegou a tal ponto...

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance