Duque Estrada aponta diferença da SAF do Vasco para outros clubes
Os detalhes do acordo de Ronaldo pela compra da Sociedade Anônima de Futebol do Cruzeiro, sobretudo o fato de o ex-jogador não ser obrigado de aportar os R$ 400 milhões previstos, respingou na reunião do Conselho Deliberativo do Vasco na última quinta-feira. Durante a discussão para a inclusão da SAF no Estatuto, alguns conselheiros demonstraram desconfiança com relação ao negócio, cobraram transparência sobre o contrato com a 777 Partners e reforçaram a necessidade de o clube se cercar de garantias para não haver surpresas no futuro.
Depois da reunião na Sede Náutica da Lagoa, em conversa com jornalistas, Roberto Duque Estrada, 2º vice-presidente geral do clube, tratou de afastar esse tipo de preocupação e assegurou que o modelo de SAF que o Vasco pretende adotar é diferente do de outros clubes, "principalmente do Cruzeiro".
"Não há nenhuma dificuldade da diretoria em ter transparência e apresentar o que for necessário para o Conselho se convencer de que é um bom negócio. Esse trabalho está sendo feito gradativamente, é isso que diferencia a SAF do Vasco da de outros clubes, principalmente a do Cruzeiro. Não está sendo feito de forma açodada, não está sendo feito às pressas", garantiu Duque Estrada.
- É claro que, numa negociação como essa, não dá para arrastar isso por seis meses, oito meses. Não vamos fazer às pressas, mas também não vamos retardar. Existe um momento de mercado, uma negociação, uma vontade detectada entre as pessoas, e a gente tem a responsabilidade de analisar isso - acrescentou ele.
O próximo passo do rito da SAF vascaína será uma reunião na Assembleia Geral para que os sócios aprovem a decisão do Conselho, que incluiu no Estatuto a possibilidade de constituição de uma SAF. Em seguida, será dado início ao segundo ciclo, que tratará da instauração da SAF em si e da proposta vinculante da 777 Partners para compra de 70% das ações.
- (A aprovação dos conselheiros) É uma sinalização muito positiva de que a grande maioria é favorável ao negócio. Mas é claro que, como frisamos, eles precisam conhecer os termos do negócio. Na próxima votação que tivermos, quando formos votar a aprovação efetiva da SAF, eu quero crer que o Conselho vai estar mais informado, mais preparado. Mas a perspectiva é a melhor possível, mostra que o vascaíno entendeu o quão bom para o Vasco será o negócio - destacou o VP.
A CBF determina que alguns processos burocráticos de constituição da SAF, principalmente a transferência dos contratos de jogadores e membros da comissão técnica para a futura empresa, não podem ser feitos com uma competição em andamento. Embora a Série B do Brasileirão comece para o Vasco em aproximadamente duas semanas, Duque Estrada acredita que esse não será um problema.
- Primeiro que houve uma eleição ontem (quarta) na CBF, a gente está conversando, vamos levar essa questão para o novo presidente. Porque toda conversa que tivemos com políticos, principalmente com o senador Carlos Portinho, foi no sentido de termos negociado com a CBF, que a CBF teria aceito um princípio de sucessão, ou seja, um clube que cria uma SAF da qual é sócio poderia transferir para essa SAF o direito de participação naquela competição. Isso é uma questão de direito desportivo que eu acho que é facilmente solucionável reconhecendo essa sucessão. Vamos levar essa conversa - explicou ele.
- Se não for possível, se houver uma proibição absoluta, o Vasco continua disputando o campeonato, mas a SAF será criada. O que não vamos poder fazer é transferir os ativos para a SAF. De alguma forma vamos ter que contratualmente regular isso. Mas não vejo sinceramente o menor problema nisso, quero crer que a CBF vai ver essa situação - concluiu.
Principal responsável por organizar o Vasco estatutariamente para que seja possível a constituição da SAF, Carlos Fonseca, presidente do Conselho Deliberativo, falou no mesmo tom de Roberto Duque Estrada e garantiu que o que ocorre no clube "não é o que está acontecendo no Cruzeiro".
Na opinião dele, o processo do Vasco tem mais semelhanças com o do Botafogo, que vendeu 90% das ações da sua SAF ao empresário norte-americano John Textor.
"O que está acontecendo no Vasco, até onde tive ciência, não é o que está acontecendo no Cruzeiro. A gente se assemelha mais ao processo do Botafogo, eu observei muito o processo do Botafogo e estou tentando trazer para a gente melhorias do que fizeram. Vou usar o que tem de bom e estou tentando implementar coisas melhores aqui", afirmou.
Fonte: geMais lidas
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