Dirigentes do Rio tentam explicar a crise
A decadência dos quatro grandes do Rio de Janeiro atingiu seu ponto máximo na disputa do Campeonato Carioca em 2006. Pela primeira vez na centenária história do Estadual a disputa do título de um turno não conta com Botafogo, Flamengo, Fluminense ou Vasco. E a farra dos pequenos pode ficar completa no dia 9 de abril, quando acontece o segundo e decisivo jogo da grande final e o time de General Severiano é a única esperança de uma hegemonia que dura 39 anos - o último clube de menor expressão a se segrar campeão foi o Bangu, em 1966.
América, Americano, Cabofriense e Madureira - os três primeiros presentes também nas semifinais da Taça Guanabara - chegam à reta final da Taça Rio tentando repetir o feito do Volta Redonda, que em 2005 foi campeão do primeiro turno e garantiu um lugar na decisão estadual. O campeão foi o Fluminense, mas este ano os acontecimentos começam a apontar para um fim diferente, seja a curto ou a médio prazo. Agora, o Mequinha, que ostenta a melhor campanha do Estadual, tenta voltar a sentir o gostinho de ser campeão, enquanto os outros aspirantes ao título buscam o feito inédito.
Depois de conquistar o primeiro turno, o Botafogo teve um desempenho ruim no returno e terminou na última colocação do Grupo B. A campanha poderia ser apontada como um relaxamento natural de quem já está na decisão, mas a derrota por 3 a 0 para o Ipatinga, pela Copa do Brasil, mostra que a sexta colocação geral no Carioca - à frente de Volta Redonda e Vasco apenas no saldo de gols - é um verdadeiro sinal de alerta.
- Precisamos de planejamento a médio e a longo prazo. Não adianta ficar cobrando resultados imediatos se os problemas vêm lá de trás. No caso do Botafogo, a goleada foi apenas um acidente de trabalho. Ficou difícil, mas vamos atrás da classificação - disse o diretor de futebol do clube, Rivadávia Corrêa, já preocupado com o Brasileirão. - Para nós ele já começou. Estamos estudando o elenco e procurando reforços. Este ano são vinte equipes e quatro serão rebaixadas.
Apesar de ter terminado como o melhor grande na classificação geral, em quinto lugar com os mesmos 16 pontos de Bota, Voltaço e Vasco, o Fluminense não apenas decepcionou seus torcedores, como acabou sendo a surpresa negativa. Com um investimento maior e um elenco considerado o melhor do Estadual, o Tricolor viu o sonho do bi virar pesadelo. No entanto, o gerente de futebol do clube, Gustavo Mendes, ressalta que não dá para falar em crise nas Laranjeiras.
- Ano passado nós fomos bem em todos as competições que disputamos. Não vejo o Fluminense como integrante dessa derrocada que vem acontecendo há algum tempo - afirma o dirigente tricolor, que apresenta uma explicação bem razoável para o que vem acontecendo. - Pode ser que o futebol seja um reflexo do enfraquecimento cultura e econômico do Estado. Não estou julgando se está bom ou ruim, mas sim que essa discussão acontece em todas areas, ou seja, a razão por que o Rio está perdendo espaço.
O Flamengo abdicou da Taça Guanabara em prol de uma pré-temporada maior, mas o resultado foi uma campanha que deixou o Rubro-Negro na penúltima colocação, com 11 pontos - cinco a mais que a rebaixada Portuguesa. Mas apesar de o time estar constantemente brigando para não cair à Série B nacional - 2001, 2002, 2004 e 2005 foram os anos de desespero - o diretor de futebol do clube, Kléber Leite, critica a ênfase dada aos clubes menores.
- O Carioca é um torneio, não um campeonato. Se tivesse turno e returno, os grandes seriam os primeiros colocados. Você só vê zebra na Copa do Brasil ou nos estaduais, competições em que elas vão continuar acontecendo. Os times pequenos têm mais tempo de preparação, o que prejudica os grandes, mas no Brasileiro eles não conquistam títulos.
Oitavo colocado no Carioca 2006, o Vasco também vem se acostumando a lutar contra o rebaixamento no Brasileirão, como aconteceu em 2004 e 2005. Tetracampeão nacional, desde 2002 a
equipe não fica ao menos uma rodada entre os dez melhores do principal campeonato do país. Mas o presidente do clube, Eurico Miranda, enxerga a situação com outros olhos.
- O time do Vasco é forte e joga de igual para igual com qualquer time do Brasil - afirmou o dirigente depois da vitória sobre o Flamengo, domingo, numa despedida que terminou em pancadaria entre jogadores e confronto com a PM.
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