Dinamite deve anunciar mudanças na coletiva de hoje
Pouco antes de o Vasco protagonizar o maior pesadelo de seus 110 anos de história, uma faixa já chamava a atenção no alambrado de São Januário.
Em tom quase que premonitório, a frase A história reescreve o orgulho de ser vascaíno anunciava um tortuoso caminho que se anuncia para a próxima temporada. Num desfecho de Campeonato Brasileiro tão trágico quanto previsível, o fraco time de Renato Gaúcho entrou em campo dependendo de ajuda até do eterno rival Flamengo, mas não teve forças sequer para cumprir sua missão em casa. A melancólica derrota por 2 a 0 para o Vitória-BA (gols de Leandro Domingues e Adriano) selou a queda da equipe de Renato Gaúcho para a Segunda Divisão em 2009. Com 40 pontos, o Vasco terminou a competição em 18olugar.
Da mesma tribuna de onde, em 1940, Getúlio Vargas promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o maior ídolo da história vascaína acompanhava, silencioso e com uma camisa no mesmo tom amarelo da faixa, a derrocada de um elenco que não condiz com as tradições centenárias do Clube de Regatas Vasco da Gama. Dividido entre a aclamação da maioria esmagadora dos mais de 23 mil pagantes que estiveram em São Januário e a hostilidade de alguns poucos simpatizantes do ex-presidente Eurico Miranda, Roberto Dinamite ontem nada pôde fazer para evitar o pior. Os resultados da rodadas, por si só, já eram suficientes para rebaixar o Vasco.
Mas nada poderia ser tão decepcionante quanto a medíocre atuação da equipe na despedida de Edmundo.
Presidente deve anunciar mudanças em coletiva hoje Em meio às acaloradas e infrutíferas discussões sobre de quem é a culpa pelo rebaixamento, Roberto deixou a tribuna silencioso ao apito final e ficou recluso em sua sala após o jogo. Sequer esteve no vestiário para conversar com os jogadores e a comissão técnica.
O presidente deixou o clube sem dar entrevistas ontem, mas marcou uma coletiva para hoje, às 15h, na qual deve anunciar mudanças.
Roberto procurou manter o semblante tranqüilo durante o jogo. A seu lado, um assessor, com o rádio de pilha no ouvido, lhe passava os resultados dos outros jogos. E as notícias não eram animadoras.
O Flamengo perdia, o Figueirense vencia...
Duro mesmo foi ver o esquema ousado de Renato Gaúcho ruir diante da fragilidade da defesa vascaína. Com dois zagueiros (Odvan e Jorge Luiz) e três atacantes (Alex Teixeira, Edmundo e Leandro Amaral), o Vasco se perdia na retranca baiana e ainda era constantemente ameaçado nas subidas em velocidade. Numa delas, aos 24, Leandro Domingues recebeu na área, chutou cruzado e fez: 1 a 0.
No intervalo, Roberto dava muitos autógrafos e repetia sem muita convicção que o time iria virar o jogo no segundo tempo. A torcida que o ovacionava também voltava suas baterias contra o ex-presidente.
No segundo tempo, Roberto só levantou da cadeira para ir ao banheiro. Aos 30, o reserva Adriano fez o segundo gol do Vitória, placar final do jogo. Com o eterno camisa 10 na presidência, o Vasco está rebaixado. A herança maldita que recebeu de seu antecessor foi mais forte do que a esperança. De agora em diante, a missão de salvar o Vasco é toda do ídolo. E Roberto sabe que não terá com quem dividir a culpa, em caso de novos fracassos.
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