Diego Souza elogia o trabalho da preparação física do Vasco
Espécie de gravata usada nas sessões solenes do futebol, o nó na garganta serve para amarrar o momento vascaíno. Entre a cabeça e o coração, o torcedor vira o pescoço, olha em volta e se dá conta de que emoção e razão são tão indissociáveis quanto a parceria de Cristóvão com Ricardo Gomes.
Mesmo afastado por problemas de saúde, o técnico faz parte da rotina do clube, seja pelos princípios que orientam o trabalho ou pelas visitas diárias do seu auxiliar. Diante de um Ricardo cada vez mais falante, atento e bem humorado, Cristóvão já não pode esconder a importância do jogo em que o Vasco precisa vencer o Atlético-GO, hoje, às 20h30m, em São Januário para avançar rumo ao título. Superada a fase aguda da recuperação, os novos desafios exigem a mesma mobilização, que reforça os laços e o nó na garganta dos vascaínos.
A gente se prepara para grandes dificuldades. Esse jogo será perigosíssimo disse o técnico interino, que tenta usar a sensibilidade para fazer seu time pensar melhor. A melhor maneira de a gente não se abater foi estabelecer o compromisso de dar boas notícias ao Ricardo. Diante de tantas emoções, a gente precisava jogar, e bem.
Além da cruz de malta e do orgulho no peito, o Vasco leva na cabeça os conceitos de seu treinador. Ao contrário das duplas que se atraem por oposição, o comando vascaíno é unido pela serenidade.
Conseguir esse equilíbrio envolve uma emoção muito grande, como será no jogo de amanhã (hoje) disse Cristóvão, à vontade sobre a linha tênue que separa suas convicções pessoais do sentimento comum a todos no clube. Eu e Ricardo temos uma coincidência de temperamentos e muitas afinidades mesmo sendo pessoas bem diferentes.
Calmo mas firme, o interino cultiva a capacidade de pensar pela cabeça do treinador.
Quando os mais passionais anunciam o triunfo do coração sobre a razão, os jogadores se agarram ao planejamento deixado como alicerce para momentos de instabilidade.
Ricardo conseguiu montar uma rotina de trabalho muito favorável. Nossa preparação física é fantástica disse Diego Souza, certo de que as defesas vascaínas sobem quando o corpo e a cabeça estão saudáveis No jogo, a gente precisa estar muito tranquilo. Deixar a emoção subir muito, acaba atrapalhando. Temos que manter o que vinha sendo feito e as coisas darão certo.
Dentro de casa, a sequência tem sido muito favorável. Vindo de seis vitórias seguidas em São Januário, o Vasco perdeu apenas quatro dos últimos 50 jogos que fez no estádio. Na atual temporada, foram 16 vitórias, seis empates e duas derrotas, sendo apenas uma pelo Brasileiro, por 3 a 0 diante do Cruzeiro.
Naquele jogo, o time tinha o domínio das ações mas se precipitou e acabou castigado.
Nosso torcedor virá em peso.
Será preciso concentração máxima, marcação forte e ter muita calma disse Diego Souza num discurso que serve também para sua expectativa de ser convocado hoje para o amistoso da seleção brasileira contra a Argentina na próxima quarta em Belém. Se eu disser que não espero, seria mentira.
Golaço e acerto de contas Os torcedores também não conseguem esconder sua euforia diante da recuperação do técnico e da vocação para as conquistas nacionais. Ligado à grande rede vascaína por laços afetivos, Ricardo compartilha das mesmas emoções. Ao saber que o comandante levara às mãos à cabeça diante de um gol perdido por Diego Souza no empate com o Figueirense, Cristóvão brincou que o apoiador deveria se redimir: Falei que ele iria pagar.
Após grande atuação e o golaço com o Grêmio, já está pago.
Numa temporada de acertos de contas com as melhores tradições do clube, restam 14 rodadas para o torcedor quitar o traje de gala, afrouxar o nó na garganta e soltar o grito de campeão mais uma vez.
Vasco: Fernando Prass, Fágner, Renato Silva, Victor Ramos e Julinho; Eduardo Costa, Rômulo, Juninho Pernambucano e Diego Souza; Éder Luís e Élton.
Atlético-GO: Márcio, Rafael Cruz, Anderson, Gilson e Thiago Feltri; Agenor, Pituca, Bida e Vítor Júnior. Juninho e Anselmo. Juiz: Evandro Rogério Roman (PR).
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)
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