Clube

Daniel Freitas: "É uma temporada de consolidação"

Quase cinco meses após ser efetivado, Daniel Freitas faz uma espécie de balanço desse início de temporada. Às vésperas de seguidas decisões, pelo Estadual e pela Libertadores, ele, em entrevista ao LANCE!, analisa a manutenção do trabalho feito em 2011, contratações, renovações, além de comentar suas primeiras impressões no cargo de diretor de futebol do Cruz-Maltino.

Qual foi a maior dificuldade que você encontrou até agora?

Além de manter o mesmo nível de trabalho, o maior desafio é financeiro. Não dá para fazer futebol em alto nível sem condições financeiras. Mas, no futebol, às vezes, o tempo para se fazer um time não é o mesmo tempo para resolver questões financeiras. Eu tenho que ter uma engenharia, um jogo de cintura para fazer um time competitivo. Os problemas são complicados em função do passado. O tempo para resolver é muito curto. Mas o Vasco voltou ao cenário brasileiro, ao melhor patamar. Nosso objetivo é não retroceder. A diretoria tem trabalhado em várias frentes para resolver essa questão financeira.

Essa questão financeira atrapalha muito na busca por reforços? O que o clube tem buscado no mercado?

Nosso objetivo ainda continua sendo a chegada de um homem de área. Um homem de referência, já que temos somente o Alecsandro na posição. A busca imediata é por esse homem. O problema têm sido as opções disponíveis no mercado, a questão da janela de transferências e a questão financeira... Mas esta pode ser condicionada por uma engenharia financeira. O maior entrave é a falta de opções.

Para manter a saúde financeira do clube será preciso vender algum atleta? Isso já está definido?

Ainda não decidimos isso. Estamos trabalhando para manter o maior número de jogadores no elenco do Vasco. Mas o futebol é muito dinâmico. Se aparecer uma proposta irrecusável a gente fica de mãos atadas. Claro que ninguém está aqui para jogar dinheiro fora. A manutenção do nosso elenco é a parte mais importante. E vamos procurar ter condições de trazer um ou dois jogadores.

Como anda a negociação com Eder Luis e Fellipe Bastos?

A conversa está acontecendo de clube para clube, entre Vasco e Benfica. Está sendo conduzida pelo presidente e pelo Mandarino. E está evoluindo positivamente. Estamos já montando uma engenharia financeira para acertar essa situação.

O nome de Dedé sempre aparece em algum noticiário europeu. Como tem sido esse assédio dos clubes de lá?

O Dedé na verdade tem uma relação muito intensa com a torcida. Vem demonstrando um crescimento enorme. A gente vai tentar manter o Dedé o maior tempo possível. O mercado é muito dinâmico e agressivo e o Vasco tem suas carências. O futebol é um mercado em movimento, de muito dinheiro e, em alguns momentos, a gente pode ficar impotente se aparecer alguma proposta. Mas, até o momento, nada apareceu. É um jogador que queremos muito manter.

Nesse período já deu para acabar com alguma desconfiança?

Não tenho ouvido mais falar sobre, mas não posso ficar preocupado com isso. Tento, todo dia, fazer melhor do que fiz ontem. Tento trabalhar ouvindo outras pessoas, pessoas mais experientes, que já estão no futebol há mais tempo. Em alguns momentos eu vou errar, mas o meu objetivo sempre é minimizar esse erros que possam vir a acontecer. Acho que é uma temporada importante. Tivemos problemas em 2010, e tivemos uma grande temporada em 2011. Será uma temporada de consolidação. Esse ano passa por isso. É o nosso objetivo.

As críticas incomodam?

Hoje estou numa posição que virei vitrine e vidraça. Antes estava nos bastidores. Hoje virei vidraça. Sou criticado, em alguns momentos, injustamente. Mas procuro sempre estabelecer uma situação amigável. Isso com as minhas características.

Substituir Rodrigo Caetano aumenta a responsabilidade?

A responsabilidade é ainda maior. O Rodrigo (Caetano) fez um trabalho excelente. É referência na gestão de futebol. Comparações são inevitáveis. Aprendi muito com ele, mas temos estilos diferentes. Isso aumenta a minha responsabilidade de manter o Vasco no mesmo caminho. Sei que qualquer erro meu tem uma repercussão muito grande. No futebol, a linha de errar ou acertar é muito pequena.

Quais são as semelhanças e diferenças ente você e o Rodrigo?

Semelhança... A franqueza no trato com as pessoas. Ele sempre tratou as pessoas assim. Tenho uma relação aberta com ele. De diferente, a relação com a imprensa não é tão aberta como ele tinha. Isso acontece pelo pouco tempo de trabalho.

Aparentemente, você é mais fechado. É difícil, por exemplo, vê-lo sorrindo.

Isso acontece. No convívio diário com os jogadores me pego rindo com eles. Eu puxei muito do meu pai, ele também é muito fechado. A formação militar também contribui. Mas isso não é problema com as pessoas que trabalho. No dia a dia sou descontraído.

Acha que falta algum reconhecimento?

Ainda estou há pouco tempo como diretor do Vasco. Acho que isso ainda é prematuro. Acho que o reconhecimento será natural com os títulos, com o sucesso dentro de campo e fora. Mas o meu trabalho não é sozinho. Tenho um staff que trabalha comigo, que me dá sustentação, tenho um excelente treinador, que tem uma comissão técnica muito competente, além do grupo que tem muita qualidade. Ninguém no futebol faz nada sozinho. Sou apenas um condutor.

Recentemente, o Fagner disse em uma entrevista que ter um grupo como esse pode demorar anos...

Não é simplesmente trazer os melhores jogadores e o melhor treinador. Estamos falando de relações humanas. Algumas vezes, essas relações não dão liga. Não é somente trazer os melhores jogadores para as melhores posições. Eles se gostam e se respeitam. Eles gostam de estar no dia a dia. E a comissão técnica soube azeitar essa formação. Tanto o Ricardo, quanto o Cristovão.

Títulos ajudam a marcar um grupo. Ajuda a marcar o trabalho do diretor também?

Isso facilita, isso irá agregar. Títulos no futebol valorizam os profissionais que participam desse processo. É a lógica do profissional, na minha visão, algumas vezes, injusta.

Fonte: Lancenet!