Conheça a trajetória de Emanuel Biancucchi
- Imagina você chegar e ser conhecido como primo do Messi e irmão do Maxi? Enche o saco.
As sinceras palavras podiam ser de Emanuel Biancucchi. Mas o perfil discreto do argentino não permitiria tamanha espontaneidade. Quem traduz de maneira nada sutil a postura incomodada de Manu, como os companheiros de Vasco carinhosamente o chamam, é o seu empresário Regis Marques. É verdade que o jogador, na sua chegada a São Januário, fechou a cara e realmente não fez a menor questão de esconder a reação em 20 segundos de resposta na sua primeira e única - por enquanto - coletiva de imprensa no Vasco, em que teve que falar sobre Lionel Messi, o primo melhor do mundo.
Seja em entrevistas, seja em brincadeiras com companheiros, que até evitam falar em Messi perto dele, o desconforto do jogador fica claro quando o tema é o primo craque do Barcelona e da Argentina. Meia-esquerda, Manu apareceu no time de Doriva num momento crucial e de muita responsabilidade na temporada. Depois de testar oito jogadores no setor de criação, o técnico do Vasco olhou enfim para Emanuel Biancucchi. Contra o Atlético-PR, se não brilhou, também mostrou futebol e uma característica que o acompanha: a personalidade.
Pai de Messi foi empresário de Emanuel
Esta marca apareceu ao responder de cara amarrada já na sua apresentação ao Vasco à questão que mais ouviu na carreira: como é ser primo do melhor jogador do mundo? Para Manu, já foi muito tranquilo e muito natural. Na fase andarilha da carreira, quando passou pela Europa - andou pelo Girona, da Espanha, e também no futebol italiano - Emanuel chegou a morar com a família de Messi em Barcelona, como revela o empresário.
- O Jorge, pai do Messi, que era o empresário do Emanuel. Eu o conheci pelo Maxi e trabalho com ele há quatro anos. É um garoto muito humilde, puxou o lado religioso do Maxi, irmão dele, e era o melhor amigo do Messi - contou Marques, lembrando da personalidade do jogador ao pegar a bola na partida contra o Flamengo e bater o pênalti num momento em que o Bahia lutava para não cair no ano passado. A vitória por 2 a 1, dois de Manu, não foi suficiente para mudar a trajetória do Bahia, que caiu para a Segundona.
- Ele me surpreendeu nesse dia. Não tem medo de jogar. Pediu para bater e fez o gol. Mesmo no Vasco agora bateu todas as faltas nessa partida contra o Atlético-PR - lembrou o empresário.
Nascido em Rosario, na Argentina, Manu começou a carreira no Newell´s Old Boys e jogou com Messi e o irmão nas escolinhas de futebol do tradicional clube argentino. Quando o primo já despertava a atenção do mundo, ele foi para a Alemanha jogar no 1860 München, cercado de expectativas. Sem falar inglês e alemão, pouco foi aproveitado - ficou 15 meses sem passaporte europeu e apenas treinando e jogando pela equipe B do clube. Os próximos passos foram em testes no Cesena, da Itália, até passar pelo futebol espanhol e voltar para a América do Sul, com primeira passagem no Independiente de Campo Grande e Olimpia, ambos do Paraguai.
No time paraguaio ficou à margem de Maxi, que teve passagem suficientemente boa para o credenciar a retornar ao futebol brasileiro. Empresário dos irmãos, Regis Marques diz que o momento é de Emanuel e lembra que, ainda no Bahia, onde chegou desconhecido e com o rótulo de "primo do Messi e contrapeso de Maxi", ele terminou jogando mais do que Maxi. Ex-treinador de Manu no tricolor de Salvador, Marquinhos Santos conta que o argentino chegou fora de forma e precisou de tempo para adaptação.
- Tem muito potencial. Um bom passe, boa visão de jogo e é um menino trabalhador, que tem característica de jogo interessante: faz trabalho de formiguinha, sabe se movimentar taticamente. Às vezes você não dá nada, mas ele é uma boa opção que pode se tornar solução se estiver motivado e tiver oportunidades - conta Marquinhos, que chegou a se aproximar do Vasco no início do ano e terminou demitido recentemente pelo Coritiba.
Marquinhos conta que as brincadeiras a respeito do primo aconteciam, apesar de ele não gostar muito. Tanto com ele quanto com Maxi. Torcedores do Bahia, depois de boas atuações de um dos dois, diziam que "Messi que é primo do Emanuel" ou do Maxi, dependendo de qual dos irmãos tivessem se destacado na rodada.
- Ele não se sente confortável. Não gosta que toque no assunto, acho que até para evitar uma responsabilidade que, lógico, não cabe a ele - opinou o treinador.
Em São Januário, apesar de ficar muito mais próximo da legião estrangeira vascaína - são inseparáveis Guiñazu, Julio dos Santos e Martín Silva - , Manu é querido por jogadores e membros da comissão técnica e do departamento de futebol ouvidos pelo GloboEsporte.com. Todos destacam a discrição do argentino e o lado humilde do jogador, que mora com a noiva na Barra da Tijuca e frequenta shoppings e restaurantes no bairro. Só que é melhor nem falar do prim... Bom, já deu para entender, não é?
- É só falar em Messi que ele muda até o semblante - conta uma pessoa próxima do jogador.
Fonte: ge