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Confirmado por Lopes contra o Flu, Pablo curte a súbita projeção

A menina dos olhos vascaínos já foi Alan Kardec, no começo do ano era Alex Teixeira e agora é o mineiro Pablo.

Volante improvisado como ala esquerdo, a novidade do Vasco para o clássico contra o Fluminense, amanhã, foi o centro das atenções do técnico Antônio Lopes, no coletivo de ontem à tarde, em São Januário.

Em vez dos tradicionais gritos, o técnico mostrou, com frases como “passa a bola para o garoto”, “joga com Edmundo”, “ajuda ele, Edmundo, vai com o garoto”, o quanto está apostando nele.

— Ele tem personalidade.

Sabe jogar — resumiu Lopes, que passou boa parte do treino muito perto de Pablo, atento aos mínimos detalhes.

E Pablo de Barros Paulino tem personalidade mesmo. Desembaraçado, virtude que diz ter herdado do pai, ele está ansioso, mas tranqüilo em relação à semifinal de amanhã. A mineirada vem de São João Nepomuceno para vê-lo.

— Nos juniores, só não joguei de goleiro. Vim para o Rio em agosto de 2006 e há dois anos, num jogo-treino contra o Olaria, Toninho Barroso me convidou para jogar pelo Vasco.

Aceitei na hora — disse.

Pablo não tem a menor dúvida de que fez a escolha certa.

Sabe que o jogo de amanhã que pode impulsionar sua carreira e tem perfeita noção de que sua função será complicada, pois ele entra para fechar um setor em que o Fluminense é muito forte, bem explorado por Gabriel, Conca e Thiago Neves. Exatamente contra o tricolor, contra o qual, na semifinal da Taça Guanabara de juniores, perdeu um pênalti aos 44 minutos do segundo tempo e o jogo acabou 1 a 1 — na disputa de pênaltis, o Vasco acabou perdendo: — Se tiver de bater sábado, eu bato tranqüilamente.

Esse detalhe passado não alterou o astral do jogador, que começou a atingir um ponto com o qual sonhava. Quando lhe perguntaram qual a primeira coisa que esperava fazer quando fosse promovido, a resposta saiu rapidamente: — Estar aqui dando entrevista para a imprensa...

Realmente ele curtia cada momento de sua projeção. Aos 19 anos, mostrava tranqüilidade e maturidade. Além da boa condução de bola e do bom passe, chamou a atenção pelas vistosas chuteiras de cor laranja que estava usando.

Uma situação que fez questão de esclarecer rapidamente.

— Eram do Alex Teixeira. Ele disse que as chuteiras estavam apertando e me perguntou se eu podia usar para amaciar.

Não vi problema e usei. E não me machucaram — afirmou.

Lopes não comenta sorteio da Copa do Brasil Na concorrida entrevista coletiva, exibiu segurança em todas as perguntas, admitindo até algumas derrotas. Num terreno em que os mais jovens não gostam de confessar seus fracassos: no vídeogame.

— Na concentração, eu jogo contra o Vílson, o Alan Kardec, que são meus amigos mais antigos.

Mas eles têm o jogo em casa e levam vantagem — disse Pablo, que mora e estuda em São Januário, e passa boa parte das horas de folga matando em longas conversas por telefone as saudades da família e da namorada.

O sorteio da próxima fase da Copa do Brasil foi praticamente ignorado em São Januário. Ao ser informado de que o Vasco fará a primeira partida das oitavasde-final contra o Criciúma dia 17 em casa e decidirá a vaga dia 23 em Criciúma, Lopes nada comentou. Com suas atenções voltadas para o Fluminense, o treinador preferiu o silêncio, para não misturar estações e competições.

Fonte: O Globo