Futebol

Confira polêmica entrevista de Romário

O ex-atacante Romário foi tema de uma entrevista veiculada pelo canal por assinatura SporTV na noite desta sexta-feira (18/04). Confira os trechos relacionados ao Vasco, alguns polêmicos.

MELHOR ANO NA CARREIRA

"Eu venho parando desde os 28 [anos], mas o tempo veio passando, os anos vinham chegando e eu vinha me sentindo em condição de jogar, tanto é que em 2000, por exemplo, se não me engano, há oito anos atrás, eu tinha 34 anos. Depois de 1994, foi o meu melhor ano. Foi uma marca [74 gols em 75 jogos] que consegui bater, o melhor ano da minha carreira, de todos os tempos, então provou que eu realmente não tinha que parar com 28 anos. Mas agora, definitivamente, passou [a vontade de continuar]".

"A minha preocupação era não poder me arrastar em campo. Eu nunca quis que as pessoas me vissem, porra, como conheço, infelizmente, alguns que jogam, não sei porque, se arrastam no campo. Muitos até podem estar pensando que eu já poderia ter parado antes, mas eu particularmente não me via assim, me via em condição de jogar. Hoje realmente já não dá para mim e por isso é que parei".

JOGO DE DESPEDIDA

"Não tenho muita vontade disso, mas se for para acontecer um jogo de despedida, tem que ser um jogo legal, principalmente envolvendo os três clubes [Vasco, Flamengo e Fluminense] do Rio que participei. No Maracanã seria uma coisa bem legal".

FILHO ROMARINHO, QUE JOGA NO INFANTIL DO VASCO

"O Romarinho tem uma cabeça muito boa em relação a isso. Ele já começa na minha frente porque é totalmente o oposto. Ele gosta de treinar, acordar cedo, é dedicado, disciplinado, humilde. Algumas dessas coisas eu não era antes. Ele sabe jogar, da dificuldade que vai ter. Ele já sabe, tem 13 [14] anos, mas já sabe. Por ser o meu filho, ele vai ter que dar sempre um pouco a mais. Mas dentro das minhas possibilidades, e sempre que ele quiser, vou estar ali para ajudar".

"Eu falo para ele \"Você é um cara que, como atleta de futebol, hoje já é um exemplo. Eu nunca fui assim e cheguei lá. Tu pode ser assim, mas tem que chegar lá também\". Ou seja, é isso que ele tem que ser, assim que tem que ser, mas na hora em que a bola rolar, ele tem que fazer a parte dele e mostrar para as pessoas a personalidade que ele tem. Ele é um cara... garoto que tem personalidade. Acredito que esses problemas ele vai superar".

"Ele tem talento. Ele não é o Romário, é o Romarinho. Ele é um cara... garoto que se posiciona bem na área, ainda tem aquela coisa minha de ficar meio parado, mas acho que com o tempo, a idade, ele vai se aperfeiçoando. Se ele continuar do jeito que é hoje, com a cabeça dele, ele vai dar jogador".

TIME PELO QUAL FOI MAIS FELIZ

"Na verdade, bem sincero, sem ser político e fazer graça. Em todos os clubes que passei, fui amarradão. Aqui no Rio, por exemplo, o Vasco é o time que abriu as portas para mim. Encerrei e fiz o gol mais importante lá. O Flamengo, apesar de eu não ter conseguido um título importante, tenho uma relação com a torcida do Flamengo, porra, tem que respeitar porque poucas pessoas tem. O Fluminense, apesar do pouco tempo, os caras me deram tudo. Eu, infelizmente, é que não dei nada para eles".

ESTÁTUA NA COLINA HISTÓRICA

"Tem, claro que tem um valor. Para mim, é uma honra, um prazer ter uma estátua em São Januário. Acredito que ninguém tenha isso dentro do clube, principalmente no gol onde saiu o milésimo gol. Aquela estátua está ali hoje pela história que fiz pelo Vasco, pelo milésimo gol. Agradeço bastante aos vascaínos, principalmente ao presidente [Eurico Miranda], por ter colocado ela ali. Espero que ela continue ali, de coração".

EURICO E MELHOR PATRÃO

"Vejo o Eurico... Primeiro, ele é meu amigo. Como ele mesmo falou, tipo assim, ele é meio que o meu pai no futebol. Nesses últimos tempos, o pai meio que brigou com filho. Mas a gente continua amigo. Tenho o maior respeito por ele, o maior carinho, a maior gratidão. É um cara que vai ficar na minha história, respeita muito o meu modo de ser e viver, é muito amigo dos meus pais, amigo dos meus amigos, freqüenta a minha casa. A minha saída do Vasco foi por coisas que eu não concordava. Ele, como presidente, tem que tomar decisão. Nada contra. Eu poderia ter ficado um pouco mais, acabou não acontecendo, mas não tenho nada contra ele. A nível de patrão, acredito que ele tenha sido... Por exemplo, o Celso Barros [presidente da Unimed, patrocinadora do Fluminense] não é o meu patrão a nível de presidente de um clube, mas vou dizer que também foi um bom. E o Kléber Leite [dirigente do Flamengo]. Eurico, Kléber e ele [Celso]".

DOPING

"Voltei desde terça-feira. Anunciei [a aposentadoria] e no dia seguinte voltei a tomar [remédio para queda de cabelo]".

"Isso foi, com todo o respeito, uma babaquice. Não só comigo, como aconteceu com outros. Todo mundo sabe que uso isso há muito tempo. Eu já tinha feito várias vezes esse exame. Tudo bem que entrou agora nos últimos dois anos, só que, infelizmente, quem tinha que me avisar não avisou. Mas no final, graças a Deus, deu tudo certo".

"O médico do Vasco. Claro que sabia [que usava], todos sabiam", disse, ao ser questionado sobre quem não o avisou sobre a finasterida, substância proibida encontrada em seu remédio para a calvície.

CONCENTRAÇÃO

"Vou falar o motivo da concentração. Tem treinadores que concentravam três, dois dias antes. O cara chega lá depois do treino, juntam, jantam, aí só vão se ver no dia de amanhã. Em 72 ou 48h, aquele grupo se vê duas, três vezes. E a preleção antes do jogo. Eu queria entender qual era o motivo da concentração. Se cada um tiver a sua responsabilidade e souber que, se fizer alguma coisa errada, o que não tem que fazer, vai pagar de algum motivo, as coisas acontecem. Aqui no Brasil sei que é difícil, mas sou contra a concentração por isso. Acredito que tenha pessoas que realmente precisam. Tem problema em casa, filho criança, às vezes o filho não deixa dormir, garotos que estão começando agora têm dificuldade em se alimentar, tudo isso, mas no geral sou contra".

"Se eu continuasse no Vasco, eu tinha combinado com o Eurico que não ia ter concentração. Eu já tinha passado para alguns caras lá que não aconteceria isso, então eles tinham que ter responsabilidade".

"O treinador hoje está mais para perder jogo do que ganhar. Por exemplo, nunca fui treinador. Assumi aquele clube lá... o Vasco em uma semana e ganhamos um jogo super difícil. Se eu fosse inventar e complicar, com certeza não ganharia. Acho que quanto mais simples, menos falar e coisas eu colocar na cabeça dos jogadores, por mais que uns precisem mais do que outros, acho que o resultado vai ser mais positivo".

SEGUNDO TIME

"Não, hoje não [trabalhar como um gestor de futebol ou em categorias de base]. Hoje o meu pensamento está voltado, a nível de futebol, para fazer parte dessa comissão [Copa do Mundo de 2014]. Acredito que, se Deus quiser, no ano que vem, dependendo das coisas, vou tentar fazer alguma coisa para ajudar o América, porque sou América e por causa do meu pai também [Seu Edevair]. É o meu time de coração. Aprendi a gostar de futebol por causa do América, porque o meu pai é América e conseqüentemente me levou para ver jogos do América. Hoje todo mundo diz até que sou Flamengo. Já falei isso, que sou Flamengo. Talvez o meu segundo time seja o Flamengo realmente, mas o meu primeiro time, do coração, é o América. O negócio do Flamengo é na relação que tenho com a torcida, que é uma coisa muito, para mim é muito emocionante. E vou ajudar o Flamengo... desculpa, o América".

Na última quinta-feira (17/04), o Baixinho já tinha irritado grande parte da torcida do Gigante da Colina ao afirmar o seguinte ao "RJ TV":

Pergunta: "Qual foi a torcida que mais te emocionou nessa tua carreira?".

Resposta: "A do Flamengo. A torcida do Flamengo realmente é coisa de outro planeta, com todo o respeito às outras".

IDA PARA O PSV EINDHOVEN, DA HOLANDA, EM 1988

"Quando saí do Vasco para o PSV, naquela semana o [José Eduardo] Chimelo, que era supervisor do São Paulo, chegou a conversar comigo... com um amigo meu que me ajudava naquela época, o André. Se eu não tivesse ido para o PSV, talvez eu teria ido para o São Paulo. E já estive algumas vezes para ir para o Corinthians também".

Fonte: Vasco Expresso