Torcida

Confira as principais mudanças contidas na reforma do Estatuto do Torcedor

Na última terça-feira o presidente Lula sancionou a lei que faz alterações no Estatuto do Torcedor e as mudanças entram em vigor já para os jogos desta quarta. Haverá maior rigor nas ações contra cambistas, torcidas organizadas, além de outras modificações, que apesar de ainda criarem dúvidas na cabeça dos torcedores, foram aprovadas pela maioria, conforme entrevista ao SRZD.

Membro da raça Fla, maior torcida organizada do Flamengo, Rodrigo Vieira, de 26 anos, comemora a mudança, mas acredita que não vai mudar muito.

\"Acho correto essa lei, pelo menos vai inibir um pouco a galera que vai para o estádio se confrontar. Mas também acho que não vai mudar muita coisa não, porque se a lei fosse para intimidar a pessoa de cometer um erro, não teríamos tanta violência na rua como estamos vendo\", disse, complementando. \"Mas, acho bom o governo se mexer contra a violência nos estádios. Melhor do que ficar como estava, com brigas rolando, mortes e poucos punidos\".

O projeto reconhece as torcidas organizadas, mas a partir de agora, as instituições serão responsáveis pelos atos de seus membros. Todos eles precisarão se cadastrar e responderão civilmente, caso causem confusões dentro ou fora dos estádios.

Neste domingo, Flamengo enfrenta o Vasco, no Maracanã, às 18h30, e segundo Rodrigo, ainda não foi passada nenhuma orientação aos membros das organizadas. \"Eu mesmo fiquei sabendo pela televisão, mas acho que logo, logo, todo mundo vai se informar\", confessou.

Diferentemente de Rodrigo, a tricolor Marília Fregona Carvalho, de 27 anos, desconhecia que o novo Estatuto já havia entrado em vigor nesta quarta-feira. Adepta do Movimento Legião Tricolor, Marília, assim como muitos torcedores, têm algumas dúvidas em certos pontos do \"novo estatuto\".

\"Por que as torcidas organizadas devem responder pelos atos de seus membros? Cada um tem que ser responsável por si. A Polícia Militar tem que agir, prender o infrator e puni-lo, e não punir uma instituição. Mesmo porque, vão ver que as torcidas quase não têm membros. São raríssimos os que pagam mensalidades, frequentam a sede. A punição tem que ser pessoal e intransferível.\", opinou.

Na sanção assinada por Lula, o cambista que for pego vendendo ingresso poderá ser preso de um a dois anos, além de enquadrar de dois a quatro anos de reclusão quem fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingresso com preço superior ao estampado na bilheteria e no bilhete. Apesar de sempre ter sido proibida a prática, cambistas sempre agiram livremente na porta dos estádios brasileiros, como conta Marília.

\"No carioca deste ano, já estava quase na hora do jogo do Fluminense com o America e tinha uma fila considerável na bilheteria. Os cambistas furavam a fila para comprar e depois revender. Fui falar com um PM, mostrei para ele um dos caras que estavam furando a fila, ele foi lá e pediu para o cambista ser mais discreto, pois estava \"quebrando a firma\". E para mim, disse que não poderia fazer nada, pois quem cuida da fila é a Guarda Municipal. Fui nos guardas e eles falaram que a PM é quem prende e eles não podem fazer nada. Quer dizer, ficava um empurrando para o outro. Espero que agora isso melhore\", disse.

Confira os principais pontos alterados:

- Quem cometer atos de vandalismo e violência em uma distância de até 5 KM dos estádios, invadir o campo ou promover confusão, pode pagar multa, ser proibido de assistir aos jogos e até ser preso;

- Torcedores membros de torcidas organizadas terão os associados cadastrados e caso algum destes cometa alguma infração, serão as torcidas como entidade que responderão;

- A torcida organizada que causar tumulto será impedida de entrar nos estádios por até três anos;

- Cambistas poderão pegar de um a seis anos de prisão, além de multa;

- Árbitros que demonstrarem claramente parcialidade durante os jogos, manipulando os resultados das partidas, poderão ter penas que variam entre dois e seis anos de prisão;

- Os estádios com capacidade para 10 mil torcedores precisam ter uma central técnica de informações, mostrando infraestrutura para monitorar através de câmeras de segurança o público presente, além das catracas de acesso;

- Uma lista com nome de torcedores impedidos de entrar nos estádios será colocada em locais visíveis perto das entradas;

- Bandeiras, bebidas, fogos de artifício e mensagens ofensivas serão proibidas de entrarem nos estádios;

- Gritos de guerra com músicas que ofendam os adversários também estão proibidos e a torcida pode ser punida.

Fonte: SRZD - Sidney Rezende