Torcida

Comandante do Gepe diz que clubes pagam violência entre torcidas

Mais um jogo de futebol, mais violência, mais mortos e feridos no Rio de Janeiro e a mesma impunidade. Comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádio (Gepe), o tenente-coronel João Fiorentini busca meios de extinguir ou reduzir a violência entre torcidas, mas é duro e realista ao condenar a prática assistencialista dos dirigentes de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, que usam os ingressos com finalidades políticas e acabam por financiar as facções.

— Os dirigentes dos quatro grandes clubes do Rio, sem exceção, acham que o problema da segurança só compete às autoridades públicas. Então continuam dando ingressos a essas organizadas. Na Inglaterra, por exemplo, o próprio clube possui autonomia para banir um torcedor identificado por comportamento violento. No Brasil, qual o recado que é dado? De que, mesmo que a torcida participe de um incidente, não acontece nada — critica Fiorentini. — Os dois torcedores detidos pela morte do vascaíno receberam ingressos do clube, isso acontece com todos — completa.

Briga de torcedores em Jacarepaguá. Os dois feridos no chão foram encaminhados a hospitais Foto: Reprodução


Ontem, o Gepe e o Ministério Público se reuniram, e está instaurado o inquérito que apura a morte do vascaíno Diego Martins Leal, em Tomás Coelho, no domingo. A Torcida Jovem do Flamengo pode pegar suspensão de até três anos. Os vândalos identificados estão presos. No mesmo dia, na Taquara, houve confronto e sete torcedores foram feridos — três deles a bala. De acordo com informações dos Hospitais Lourenço Jorge e Cardoso Fontes, eles não correm risco de morte.

— Uma das formas de combater o crime é pelo lado financeiro. Dando ingressos, os clubes acabam financiando a violência. No começo do Brasileiro, pedi à Federação de Futebol do Rio para falar com os clubes sobre restringir ingressos para quem se envolva em confusões. Não recebi resposta — disse Fiorentini.

Enquanto isso, a Força Jovem do Vasco ficará de fora dos estádios por seis meses — punição imposta pelo MP devido à morte do rubro-negro Bruno Saturnino, em maio, após a final da Taça Rio entre Botafogo e Vasco.

— Que a abertura do inquérito em relação à morte do torcedor e a suspensão da organizada sirvam de aviso — disse o promotor Pedro Rubim.

Fonte: Blog Jogo Extra - Extra