Torcida

Colunista vascaíno condena invasão de campo pela torcida

Na coluna passada, defendi que, ao contrário do que diziam alguns colunistas, este time do Vasco não é o pior da sua história. Para minha sorte, no dia seguinte os vascaínos testemunharam — pela TV, porque quase ninguém foi ao estádio — a heroica virada sobre o Internacional. Tudo bem que o marasmo já voltou na rodada seguinte, mas pode se notar uma mudança de postura e de atitude. Justamente na semana em que o treino foi absurdamente invadido por “torcedores”. Não sei como acham que isso realmente ajuda em alguma coisa.

Eu não gostaria que marmanjos invadissem o meu escritório cobrando piadas mais engraçadas.

De qualquer jeito, amedrontado, Elder Granja encurtou o prazo e prometeu que, em vez de outubro, vai acertar um cruzamento até setembro.

Quando fui fazer a comparação entre jogadores atuais com os tenebrosos que passaram pela colina em tempos recentes não recorri ao Google. Fui escrevendo nomes que me vinham à cabeça de imediato, o que fez com que eu me esquecesse de alguns que o HD do cérebro, para proteger a minha saúde, encarregou-se de apagar. Entre os nomes lembrados de bate pronto estava o do goleiro Ellinton. E aí a gente vê como o futebol é cruel. Ele fez apenas três ou quatro partidas pelo Vasco. Em duas delas chegou a ser eleito pelos jornais nos dias seguintes como o “melhor do time”. Até a fatídica goleada de sete para o Atlético-PR. No jogo seguinte, Ellinton já não estava, pois se contundira. E nunca mais esteve.

Ficou marcado, rodou por aí e, coisas do futebol, hoje se firmou no futebol europeu, onde usa o nome de Andrade.

Vamos combinar que Ellinton é um nome raro. Talvez ele seja o único no mundo. É uma variante de Wellington. Assim como Michael já virou Maicon. Não é novidade nenhuma que, no Brasil, há grupos com o costume de batizar seus filhos com nomes gringos. Talvez para dar mais pompa, mais autoestima ou pelo simples fato de achar bonito. O Vasco chegou a ter três Wellingtons no mesmo time: Monteiro, Paulo e Jacaré. Tem time com dois Andersons, um ou outro Washington. E Kleberson. E Everton. E Jonilson. E Madson. E Elton... Mas agora começaram as variantes. Como Ellinton, Robston, Glaydson, Jobson. Tendo “on” no fim tá chique. Daqui a pouco, vão começar a fazer isso com nomes comuns. E você vai poder ter no seu time Ricardson, Rodrigson, Franciscson, Fernandson...

Para o PFC (Premiere Futebol Clube, o pay per view da Globosat) tanto faz o nome do jogador, os locutores nunca acertam mesmo. Se, para cada nome errado, os locutores fossem descontados em um real, no fim do mês estariam devendo ao canal. Foi através do PFC que eu vi Botafogo x Vasco e talvez isso tenha me ajudado a dar alguns cochilos durante os 90 minutos. Como disse uma follower do meu Twitter, o narrador passa tanta emoção quanto uma missa em latim. Ao mesmo tempo, ver um jogo ouvindo rádio, como muita gente faz, fica esquisito. É como se não colasse áudio com imagem. Como se colocasse um música do Jorge Vercillo sobre a dança do John Travolta em “Saturday night fever”.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)

Fonte: Coluna de Bruno Mazzeo - O Globo