Futebol

Clássico pela Copa do Brasil terá duelo entre Ygor Catatau x Babi

No futebol atual, onde cifras milionárias e olhares europeus estão cada vez mais em evidência, alguns jogos lembram que a simplicidade também é bem-vinda no esporte. O clássico entre Vasco e Botafogo, nesta quarta-feira, às 21h30, em São Januário, une dois carismáticos personagens: os atacantes Ygor Catatau e Matheus Babi, que sonham com uma vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil e fazem Madureira e Serra Macaense entrarem em campo indiretamente.

Estranho? Nem tanto. Em tempos de dificuldade financeira devido à pandemia da Covid-19, os clubes aos quais Ygor e Matheus foram vinculados estão diretamente interessados em seus sucessos. Se Catatau vingar no Vasco, o Madureira não se oporia a fazer negócio e abocanhar uma fatia em dinheiro.

— Se o Vasco quiser, ele o terá. Ao final do empréstimo (até final de dezembro), caso seja de interesse do clube, nós sentaremos com os dirigentes de lá e falaremos de números. A relação entre as diretorias é muito boa — afirmou Elias Duba, presidente do Madureira.

Com o camisa 9 do alvinegro, a situação é semelhante: caso o Botafogo queira contar com Matheus Babi para as próximas temporadas, a opção de compra ao final do empréstimo (válido até 2021) será exercida e pode render uma importante renda para o Serra Macaense, que disputa a segunda divisão estadual. Babi assinou com o clube no fim de fevereiro, após rescindir com o Macaé, mas nem chegou a vestir a camisa do Serra Macaense antes de ser emprestado ao alvinegro.

O confronto de hoje é uma grande chance para ambos brilharem: Catatau marcou seu primeiro gol no Vasco contra o Botafogo no jogo pelo Brasileiro, e Babi fez três em dois jogos no adversário. Além de Madureira e Serra Macaense, o Macaé também torce pelo atacante do Botafogo vingar: foi lá que ele passou a maior parte da base, e o time pode lucrar com as vendas do jogador durante a carreira, graças ao mecanismo de solidariedade da FIFA.

Babi, inclusive, deixou saudade em outra equipe de menor investimento do Rio, mas essa bem mais tradicional: o America. Com 12 gols na divisão de acesso do Carioca ano passado, o atacante virou ídolo da torcida rubra.

Ex-Vasco e Botafogo, o volante Sandro Silva, hoje aposentado, foi companheiro de Babi no time da Tijuca e é outro interessadíssimo no sucesso do garoto. Hoje, cuida da carreira do jogador, o trata como filho e é até chamado de “pai” pelo camisa 9.

Já Ygor Catatau não teve tantas experiências na base. Começou no Madureira já aos 19 anos, e no ano seguinte foi para o profissional. Emprestado para o Barra da Tijuca em 2017 e para o Boa Esporte em 2018, só se destacou mesmo no Carioca deste ano, quando marcou três gols pelo Tricolor Suburbano, sendo um sobre o Botafogo.

No jogo de ida, o gol de Babi valeu a vitória de 1 a 0 do Botafogo sobre o Vasco, no Nilton Santos, semana passada. Um empate classifica o alvinegro às oitavas. Já o Vasco tem que vencer por dois gols de diferença para se classificar ou por um para levar a disputa para os pênaltis. Não há regra do gol fora de casa.

O clássico marca a volta de jogadores importantes no Botafogo, como Honda e Bruno Nazário, poupados na última partida do Brasileirão, contra o Santos. Do lado vascaíno, com o técnico Ramon Menezes ainda ausente, recuperando-se de Covid-19, o time deve ser o mesmo que enfrentou o alvinegro no Nilton Santos.

Se hoje se encontram no confrontos de duas grandes camisas pela terceira vez em dez dias, a última vez que Ygor Catatau e Matheus Babi se enfrentaram defendendo clubes pequenos foi em janeiro de 2018, na estreia no Carioca, empate em 2 a 2 entre Madureira e Macaé, em Conselheiro Galvão. Os dois começaram no banco, e nenhum dos dois marcou, mas não havia muita gente vendo — só 513 pagantes. Hoje, ainda que de portões fechados, uma coisa é certa: muito mais gente estará assistindo.

Fonte: Agência O Globo