Futebol

Busca por equilíbrio financeiro e fluxo de caixa ainda são desafios no Vasco

As questões financeiras do Vasco foram a pauta dos últimos dias. Entre ameaças de ação judicial do advogado de Andrey e questionamentos envolvendo parcelas de compras de jogadores como Pumita Rodríguez e Manuel Capasso, a real situação do clube, que vive nova realidade sob investimentos da 777 Partners em sua SAF virou alvo de questionamentos de torcedores nas redes. Hoje, há menos temores financeiros no cruz-maltino, que mantém suas obrigações em dia, do que nos últimos anos. Mas questões de fluxo de caixa e receita são alvo de muito trabalho interno, como já havia sido explicitado no balanço divulgado pela SAF. Entenda em cinco pontos como está a situação financeira do Vasco:

  1. Despesa x receita: O principal desafio do clube na fase SAF é equilibrar essa conta. No balanço divulgado no mês passado, referente até dezembro de 2022, o cruz-maltino apontava um prejuízo de R$ 88,095 milhões, com custos operacionais de R$ 54,358 milhões e administrativos de R$ 34,065 milhões, custos esses que envolvem, entre outros aspectos, o futebol e folha salarial. Para sanar essa questão em meio ao aumento dos custos com a chegada da SAF e um futebol mais competitivo, o clube precisa, basicamente, ampliar suas receitas. Bilheteria, direitos de transmissão, premiações, programa de sócios e cotas de patrocínio são algumas das opções, que já estão sendo exploradas pela nova administração, mas também dependem do desempenho do futebol ao longo dos próximos anos. Os salários são vistos como prioridade no Vasco e seguem em dia.
  2. Fluxo de caixa: as dificuldades obtenção de receita e outras situações imprevistas e prioritárias (como investimentos e pagamentos de dívidas emergenciais e outros custos extras de operação) impactam no fluxo de caixa — a movimentação de recursos que entram e saem ao longo dos meses nos cofres do clube. Ou seja: é natural que o Vasco ou qualquer outro clube ou empresa que não viva uma realidade de sobra de caixa tenha problemas para cumprir pagamentos nas mesmas datas de forma frequente e coesa. Não quer dizer, necessariamente, que o clube não cumprirá seus acordos ou que não haverá recursos para isso. Mas que situações de atraso, renegociação e adiamento de pagamentos podem e devem acontecer neste e em outros meses.
  3. Aportes: os aportes da 777 Partners são essenciais nesse momento em que o clube tenta se reerguer financeiramente. São eles que têm garantido a tranquilidade operacional neste início de SAF e o investimento no futebol. A empresa já investiu 190 milhões de reais no Vasco, dos 70 milhões emprestados aos 120 milhões aportados após a conclusão da aquisição da SAF. Um próximo aporte de pelo menos R$ 120 milhões deve acontecer ainda este ano. Mas todo dinheiro que entra no Vasco segue a mesma lógica já explicada: será dividido entre questões de operação, administração, futebol e outras. Dos 120 milhões do primeiro aporte, mais de R$ 60 milhões foram destinados a dívidas e outros 32% (cerca de R$ 38,4 milhões) foram para a operação. Os aportes são um dos passos em busca de sustentabilidade ao longo dos próximos anos.
  4. Parcelas: entre os acordos que podem ser afetados pelo fluxo de caixa estão os pagamentos parcelados por atletas. O clube adotou essa modalidade de negociação, mais saudável financeiramente a longo prazo, em praticamente todos os grandes investimentos que fez no elenco de 2023: Léo Jardim, Léo, Lucas Piton, Pumita e Capasso foram alguns dos que tiveram seus valores parcelados. Pedro Raul, uma das exceções, foi adquirido à vista. Cada negociação tem suas particularidades e partes com dinheiro a receber (clubes, atletas e outros) com menor ou maior nível de tolerância a atrasos e pedidos de renegociação. Internamente e externamente, cobranças e pressão existirão, como nos casos da dívida com Andrey e os de Atlético Tucumán e Nacional, que chegaram a ameaçar ir à Fifa por conta de Capasso e Puma Rodríguez, segundo reportagem do ge.
  5. Dívidas: O Vasco tem acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e com a Justiça (por meio do Regime Centralizado de Execuções, o RCE) para pagar gradativamente suas dívidas tributárias e trabalhistas/cíveis, respectivamente. Segundo o balanço, até dezembro foram pagos R$ 22,978 milhões dentro desses acordos, que mantêm parte das finanças sob controle e evitam penhoras, por exemplo. Mas que podem e devem ser renegociados ao longo dos próximos meses, em busca de descontos com credores ou taxas menos pesadas ao clube.

Fonte: Agência O Globo