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Blogueiro: Por ingressos mais baratos e lucro menor ao consórcio

O Estado fechou um acordo com as empresas que formam o consórcio gestor do Maracanã no qual o mesmo se comprometeu a investir cerca de R$ 600 milhões em obras que envolveriam o complexo esportivo do local. Isso incluiria as demolições do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Júlio Delamare.

Mas o conjunto de piscinas será preservado, como anunciou no começo da semana o governador Sérgio Cabral, que mudou de idéia. Com isso, a priori, podemos concluir que as cifras referentes aos investimentos do consórcio em obras no local serão menores, pois não irão mais mexer em um dos parques esportivos do complexo.

O Fluminense tem um acordo válido por 35 anos para utilizar o Maracanã. Aí não há muito o que debater, pelo menos até 2048. O Flamengo fechou por seis meses e há muito o que discutir, especialmente depois que da renda de R$ 3.082.555 no clássico com o Botafogo, tanto clube quanto consórcio abocanharam R$ 1.081.000. A arrecadação líquida foi dividida meio a meio. Faz sentido? Reflitamos:

1) O Engenhão, segundo Cesar Maia, que era o prefeito do Rio de Janeiro quando o estádio foi erguido, tinha custo de manutenção de R$ 400 mil quando foi repassado ao Botafogo há quase seis anos. Digamos que o Maracanã custe o dobro. Só domingo o consórcio faturou bem mais, fora as demais fontes de arrecadação. Isso sem lotar e com mais pelejas pela frente para faturar. E aí 50% a 50% me parece muito, ou seja, parcela grande demais para os que arrendaram o estádio.

2) Um time de futebol custa muito mais do que a manutenção de um estádio. E para lotar o mesmo com frequência é preciso que uma equipe mais forte - e consequentemente mais cara - atue ali. Ou seja, o Flamengo terá que investir mais dinheiro em seu elenco. Mas os custos do Maracanã não se alterarão na mesma medida. E assim, 50% a 50% também me parece ruim para o clube.

3) O Flamengo pode jogar em outros Estados e cidades, ou mesmo no Rio de Janeiro se viabilizar outro estádio. É complicado, mas a vida segue e o time também. O consórcio que domina o Maracanã praticamente não terá chances de gerar demanda e lucro sem o time de maior torcida do Rio e do país jogando lá.

Qual a lógica? Renda líquida repartida em partes mais reais, proporcionais aos gastos e à importância de cada um. É preciso um estudo profundo para se alcançar o equilíbrio, o justo, talvez algo como 65% por 35% ou 70% por 30%... Com a parcela maior para o clube, é óbvio.

Os dirigentes rubro-negros terão mais oportunidades de amadurecer idéias após outras partidas que no \"New Maracanan\" acontecerão. O interessante é entender que se o Flamengo precisa faturar mais, essas cifras têm que sair da parte do consórcio que viu o estádio reconstruído com dinheiro público cair em seu colo. Até porque quando ocorrerem grandes shows, em seu colo também cairá o lucro desses espetáculos, que não será repartido com clube algum.

Que se trabalhe por ingressos mais baratos e uma parcela maior da renda para o Flamengo. E também para Botafogo, Vasco... O estádio existe por causa do futebol. E futebol é clube, camisa, torcida. Ou alguém conhece quem torça pelo consórcio?

Fonte: Blog do Mauro Cézar Pereira- Espn Brasil