Base da experiência: Douglas e Wendel ganham protagonismo e holofotes
"Não se pode pular etapas com jogadores da base", "tem que ter cuidado para não queimar o menino", "jogador novo tem que subir aos poucos"... Dois garotos de Vasco e Fluminense não se importaram com os velhos clichês do futebol e, mesmo com pouca idade, mostraram uma adaptação rápida para ganhar papel de protagonista em seus clubes. Neste sábado, às 16h (de Brasília), em São Januário, Douglas e Wendel reeditam confronto da época dos juniores, mas com personalidade e responsabilidade de gente grande, em jogo válido pela terceira rodada do Brasileirão.
Com trajetórias semelhantes, os jogadores deixaram o anonimato na base e impressionaram as torcidas pela maturidade apresentada entre os profissionais. Aos 19 anos, os volantes aparecem como homens de confiança e peças fundamentais nos esquemas de Milton Mendes e Abel Braga.
CRESCIMENTO NA BASE
Quem vê Douglas como intocável no meio-campo do Vasco em 2017 imagina uma liderança natural nas categorias de base. Porém, a história é diferente. Há dois anos, o volante tinha papel secundário e não era unanimidade. O ano de 2015 apareceu como divisor de águas. Sob comando de Marcus Alexandre, o jogador aproveitou o momento de transição de companheiros para os juniores, se transformou em peça-chave na conquista do Carioca sub-17 e chamou a atenção dos dirigentes cruz-maltinos.
- Ele não tinha tanto destaque, mas o campeonato juvenil deu ao Douglas essa personalidade que tem hoje, essa tranquilidade de jogar, a segurança que a gente vê em campo. Ele foi um dos protagonistas do nosso título, num cenário de destaque grande. O grupo começou a sentir a liderança dele, do Alan (Cardoso)... Foi importante na formação do Douglas, porque o ator coadjuvante passou a ser o personagem principal na categoria. Três meses depois já estava despontando no profissional, pouco atuou nos juniores, não chegou a dez jogos - destacou Marcus Alexandre, treinador de Douglas no sub-17 e, atualmente, comandante da equipe sub-20.
Wendel veio do Tigres-RJ, após ser oferecido ao Fluminense, observado e aprovado por Marcelo Veiga, coordenador técnico da base, em junho de 2015. De acordo com o profissional do clube, a personalidade, característica marcante entre os profissionais, era notória desde os primeiros momentos em Xerém.
- Assim como ele chegou na base, chegou no profissional. Alguns garotos são captados e quando chegam na base sentem um pouco, o rendimento cai. O Wendel chegou tranquilo, sem peso, como um próprio profissional. Joga livre, é focado. Ele foi indicado como meia, eu achava que ele era dessa função que está exercendo hoje, um número 8, segundo volante. Fizemos o trabalho normal do clube de desenvolvimento, e aí ele foi crescendo fisicamente, tecnicamente, entendendo conceitos táticos de maneira rápida. Nosso mérito foi ter dado o estímulo, o dele é assimilar muito rápido as coisas.
No sub-17, os jogadores não se enfrentaram. Nos juniores, porém, foram três confrontos entre Douglas e Wendel. O retrospecto é favorável ao volante tricolor: três vitórias - uma em São Januário -, com direito a uma goleada por 5 a 0 (Wendel foi titular na partida, Douglas entrou no decorrer da etapa complementar).
A ESTREIA
Douglas, meses mais novo que o rival, teve a primeiro oportunidade no time principal mais cedo. Em agosto de 2016, o volante substituiu Fellype Gabriel aos 15 minutos do segundo tempo no empate em 2 a 2 com o Tupi, em Juiz de Fora, ainda com Jorginho no comando. O período era turbulento no Vasco: a equipe chegava a quatro jogos sem vitória e era alvo de críticas. A atuação e o desempenho nos treinamentos fizeram do jogador intocável e titular nas 29 partidas seguidas com a camisa do Gigante da Colina.
- Não me espanta (a adaptação). Em um ano você adquire uma personalidade, se lança, e o Douglas estava seguro do que queria e aberto a novos conhecimentos. O ano de 2015 para ele foi de evolução grande e muito rápida. Nós começamos a projetar essa ascensão, não nessa velocidade que aconteceu, mas tínhamos essa aposta dele bem no profissional. Ele “chegou chegando”, como a gente gosta de dizer (risos). Está parecendo veterano, é o dono do meio-campo do Vasco, parece um jogador com 30 anos de idade, não na intensidade, mas na forma que vem jogando, com personalidade grande - disse Marcus Alexandre.
Wendel apareceu nos profissionais na Taça Guanabara deste ano, depois de se destacar na Copa SP de Juniores. No dia 18 de fevereiro, o jovem aproveitou a chance dada por Abel Braga aos reservas e convenceu na vitória por 3 a 0 diante do Volta Redonda. O nível apresentado na sequência do trabalho garantiu uma posição no time titular na vaga de Douglas, também oriundo de Xerém.
- O sucesso a gente esperava, mas essa adaptação tão rápida é realmente surpreendente. O jogador que sai da base e vai para o profissional tem altos e baixos, mas ele não está passando por isso, consegue sempre jogar em bom nível. Isso impressiona – destacou Veiga.
O volante tricolor ainda apimentou o clássico ao dar uma provocada no rival de sábado. Em coletiva no começo da semana, Wendel lembrou a vitória na semifinal do Carioca: "Vasco vai vir forte, né? Tomaram uma porrada de 3 a 0, né? Não vão querer tomar outra".
DE APOSTAS A XODÓS
Douglas é uma das poucas unanimidades entre os torcedores. Após 30 jogos como profissional, ganhou as arquibancadas e o status de xodó. No time de Milton Mendes, divide as melhores avaliações com Martín Silva. Para o ex-treinador, o reconhecimento é postura comum da torcida do Vasco aos jogadores formados no clube e que respondem com futebol e respeito dentro de campo.
- A gente sabe que o Vasco sempre abraçou seus ídolos formados em casa. Foi assim com Romário, Roberto Dinamite, Edmundo e outros tantos. Isso é da torcida do Vasco, abraçar jogadores criados na base que se tornam referências. Com o Douglas não foi diferente. Enxergaram um potencial muito grande nele, ele correspondeu ao carinho. Estava no Maracanã em 2016, no último jogo do acesso, e foi um barulho estrondoso quando anunciaram o nome do Douglas. Ele vem retribuindo com as atuações dentro de campo e pelo respeito que tem ao Vasco.
A cada roubada de bola ou subida ao ataque, Wendel é ovacionado pelos tricolores. A identificação, na visão de Marcelo Veiga, é natural. O trabalho mental com o atleta, iniciado em Xerém, foi facilitado, no caso do volante, pela mentalidade desde que chegou ao clube.
- Ele teve todo apoio psicológico na base, mas essa evolução é mais dele, pela personalidade dele, do caráter. Joga um futebol moleque de Xerém, no sentido de ser abusado, confiante. A torcida se identifica logo com quem tem qualidade, então ele conquista a cada dia, com o futebol dele, um número de torcedores. A gente fica feliz quando um jogador consegue ter uma boa sequência.
Fonte: geMais lidas
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