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Atacante Guilherme relembra passagem pelo Vasco

Guilherme Cássio Alves nasceu na cidade de Marília em 8 de agosto de 1974. O atacante, que iniciou sua carreira no principal time da cidade, o Marília Atlético Clube, teve a capacidade de subir aos profissionais logo aos 17 anos. Guilherme fazia parte do elenco do São Paulo bicampeão da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes em 1993, seu primeiro ano no Tricolor.

Atacante de boa presença de área, Guilherme se transferiu, após dois anos no time do Morumbi, para o time espanhol do Rayo Vallecano, no que ele chamou de ‘passagem mais importante da vida’. Jogando três anos em terras espanholas, o centroavante anotou 37 gols.

Em sua volta ao Brasil, Guilherme ainda passou por Grêmio, Vasco da Gama, Atlético Mineiro, Corinthians, Al-Ittihad, Cruzeiro e Botafogo.

Na sua primeira passagem pelo Atlético de Minas Gerais, o atacante levou o time à final do Campeonato Brasileiro de 1999, onde foi vice-campeão e artilheiro do torneio com incríveis 28 gols em 27 jogos.

Ao se aposentar como atleta, Guilherme se dedicou à formação de técnico e hoje exerce a função que sempre desejou quando decidisse pendurar as chuteiras. Na nova função, Guilherme já comandou, de forma interina, o seu time do coração, o Marília, e de forma efetiva, teve a oportunidade de treinar o Ipatinga, de Minas Gerais.

FPF: Como foi seu início no futebol?
Guilherme Alves: Eu entrei no Marília com sete anos. Comecei a treinar porque meu irmão já jogava lá. Ele já tinha 13 para 14 anos e, para não ficar sozinho em casa, eu ia junto.

FPF: Você se destacava desde as categorias de base?
Guilherme Alves: Sempre fui artilheiro das competições que disputei. Nós ganhamos quase tudo.

FPF: Você teve apoio da família para se tornar atleta?
Guilherme Alves: Os meus pais davam aquele apoio verdadeiro, sem interesse e sem pressão. A vontade deles era me ver jogando porque eu queria. Hoje os pais se intrometem demais na carreira do garoto. Eles ficam querendo que o menino vire profissional e sustente a família. Meus pais trabalhavam muito e não tinham tempo para perturbar nos treinos.

FPF: Você sempre sonhou em se tornar atleta profissional?
Guilherme Alves: No começo, eu queria jogar bola em qualquer lugar, de qualquer jeito, estourando o dedão no chão… Com o passar do tempo é que foi dando a vontade de jogar profissional. Na minha época, a gente jogava no campinho da prefeitura da cidade e o sonho era jogar no estádio do Marília.

FPF: Você jogou dois anos como profissional no Marília. Esperava chegar tão cedo a um time como o São Paulo?
Guilherme Alves: Na verdade, eu não esperava subir para o profissional tão cedo, aos 17 anos. Joguei a Cascuda (como era chamada a Série A2 do Campeonato Paulista) que me deu experiência para a A1. Com o acesso, eu disputei a elite com o Marília uma única vez e já fui vendido ao São Paulo.

FPF: Após duas temporadas no Morumbi, você se transferiu para o Rayo Vallecano. Como você avalia sua passagem pela Espanha?
Guilherme Alves: Foi a passagem mais importante na minha vida. Fui muito novo e na Europa tem que ser profissional de verdade. Não só na parte esportiva, mas tinha que aprender a crescer na parte pessoal, ser responsável. Foram três anos maravilhosos.

FPF: Por que escolheu um time menor da Europa? Em algum momento você achou que essa transferência foi precipitada?
Guilherme Alves: Na época, o que me chamou a atenção foi morar em Madrid. Compraram o meu passe e foi uma boa proposta de contrato. Foi excepcional. Não me arrependo. Tenho um carinho tremendo pelo Rayo Vallecano e sempre acompanho o time, até mesmo na segunda divisão da última temporada.

FPF: Quando voltou ao Brasil, você se destacou tanto no Grêmio (1997) como no Vasco da Gama (1998/1999). Por que deixou São Januário para assinar com o Atlético Mineiro?
Guilherme Alves: Eu comecei bem no Vasco e depois cai um pouco de rendimento. Nisso contrataram o Viola a peso de ouro. Quando ele chegou, eu falei: está na hora de sair. No Galo não esperava tanto sucesso. Foi uma coisa absurda. Fazer 28 gols em 27 jogos… Foi sensacional.

FPF: O que faltou para o Atlético Mineiro vencer o Corinthians na final do Brasileirão de 1999?
Guilherme Alves: Faltou elenco. Os 11 titulares eram muito bons, mas quando perdia uma peça, não tinha reposição. Quando perdemos o Marques, sabia que seria complicado.

FPF: Qual foi seu título mais importante na carreira?
Guilherme Alves: Pela maneira que foi, escolho o Campeonato Mineiro de 2000. O Cruzeiro, principalmente na minha época, sempre tinha um time mais caro, tecnicamente melhor, elenco mais completo… Até pela diferença financeira que havia entre os clubes.

FPF: O que falar sobre chegar á Seleção Brasileira?
Guilherme Alves: A partir do momento que você se torna jogador profissional, o maior sonho é chegar na seleção. Tive a oportunidade com o Vanderlei Luxemburgo. Essa foi o ápice da minha carreira.

FPF: Como foi a decisão de abandonar o futebol?
Guilherme Alves: Vou esclarecer uma história distorcida pela imprensa na época. Eu não parei por ter descoberto algum problema no coração, como foi divulgado. Eu tinha uma anomalia de nascença, era congênita, nasceu comigo. Isso foi descoberto quando fui jogar no Rayo Vallecano, já que lá os exames médicos eram mais completos. Aquilo não me impediu de jogar. Em 2002 começou aquela onda de mortes de jogadores por problemas cardíacos e eu estava assistindo ao jogo em que o Serginho faleceu. Nessa época eu estava no Cruzeiro e me assustou. Eu já tinha decidido parar de jogar no final de 2004 e com isso, decidi antecipar a aposentadoria. Nesse tempo, o Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo, me convidou para fazer parte do elenco para 2005 e aceitei. Mas, as lesões começaram a me seguir então decidi parar. Não foi difícil porque eu sabia a hora de parar. Não podia jogar a minha carreira por água abaixo. Eu não conseguia fazer quatro jogos seguidos sem me machucar.

FPF: De onde veio a ideia de se tornar treinador?
Guilherme Alves: Sempre gostei do cargo e dava palpites quando era jogador. Sempre tive curiosidade de conversar e perguntar. Sempre fui ligado a isso. Quando parei de jogar, deixei um ano para passear com a minha esposa e depois me preparar para a nova carreira.

FPF: Quando foi sua primeira experiência na função?
Guilherme Alves: Treinei o Marília, de forma interina, quando o Jorge Rauli deixou o time. Mas foi por pouco tempo. Quando cheguei ao Ipatinga para ser treinador efetivo, a situação era complicada. Trabalhar com o presidente Itair Machado foi muito bom. As condições dadas foram as melhores possíveis.

FPF: Qual treinador você mais admira?
Guilherme Alves: Eu tive o prazer de trabalhar e aprender muito com o Telê Santana. Devo tudo o que conquistei a ele. Ele era um cara que conversava muito com a gente. Nos moldes de hoje, tenho respeito pelo Muricy Ramalho e pelo Vanderlei Luxemburgo. O Adilson Batista é outro cara excepcional. Um homem sério, trabalhador e de muito talento. Ele ainda vai ganhar muita coisa no futebol.

FPF: Quais os planos para o futuro?
Guilherme Alves: Quero pegar uma equipe para iniciar um trabalho. Acredito que iniciando a temporada, a coisa vai. Por isso não aceitei nenhuma proposta neste segundo semestre. É difícil chegar com trabalho já começado. Quero ser avaliado pelo que eu fizer desde o começo.

Fonte: Correio do Brasil