Após erros, Bernardo promete esforço em retorno ao Vasco
Bernardo sofre cirurgia. Bernardo se envolve em confusão com traficantes na favela da Maré. Bernardo é visto com frequência em baladas. Bernardo falta a sessões de fisioterapia. Estas foram algumas das notícias envolvendo o nome do jogador nos últimos seis meses. Mas nada como uma bola rolando. O assunto Bernardo fora de campo está perto do fim. Muito próximo de ser confirmado na delegação que enfrenta o Santos, neste domingo, o meia de 23 anos sabe que a, partir de agora, passará a ser falado pelo que fizer dentro de campo. Assim, chega de assuntos incômodos ou delicados. Tudo o que ele quer agora é justificar a expectativa da torcida pelo seu retorno aos gramados após se recuperar de uma grave lesão no joelho esquerdo.
Mas mesmo acostumado a marcar gols importantes ou decisivos pelo Vasco, Bernardo pede calma. Há seis meses sem jogar futebol, ele sabe que, numa situação ideal, precisaria de mais tempo para retomar a melhor forma. No entanto, sabe que o momento da equipe é delicado, por conta da ameaça de rebaixamento e, por isso, exige sacrifício. Ele garante que não vai faltar entrega se realmente for selecionado por Adilson Batista.
Incômodo mesmo é falar sobre os assuntos polêmicos. Mas fora o incidente na Maré – do qual pede educadamente para não mais comentar –, Bernardo não foge das polêmicas. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, ele admite ter faltado a algumas sessões de tratamento no Vasco e reconhece ter muitas vezes ter se deixado levar pelas seduções da noite carioca. Mesmo assim, afirma que, com a proximidade da volta aos gramados, está concentrado apenas em perder o peso que falta e se esforçar ao máximo para ouvir a torcida cruz-maltina gritar seu nome.
GLOBOESPORTE.COM - Os treinos mostram que você está muito perto de voltar a jogar. Como têm sido esses últimos preparativos?
Bernardo - Na sexta completou seis meses de cirurgia, e correu tudo da maneira que nós esperávamos. Foi um sucesso. Agora essa reta final é muito importante. Nesta semana vou trabalhar o máximo para recuperar o tempo que perdi. Vou fazer o máximo para estar no jogo de domingo, contra o Santos.
Como é administrar a ansiedade pela volta tendo que antes passar por um longo processo de recuperação?
Tive que ter muita paciência, porque não sou um cara que tem muita paciência para fisioterapia e musculação. Às vezes batia uma preguiça, mas nessas horas é preciso ser forte, e eu fui. Fiz todo o programa que me passaram. Mas sou muito ansioso, então quero que chegue logo o momento de ouvir o torcedor gritar meu nome, como ouvi muitas vezes. O Vasco vive um momento difícil, e quero muito voltar para ajudar a tirar a equipe do rebaixamento.
E de que forma você adquiriu forças para passar por tudo isso?
É um momento chato, e o jogador tem que ser muito guerreiro para fazer tudo o que pedem. Nesse período tive o apoio do Rodolfo, que também sofreu uma lesão grave. É um cara sensacional, experiente, que quando me via para baixo falava na minha orelha que eu precisava me recuperar. O pessoal da comissão técnica também me deu muito carinho e teve paciência comigo. Felizmente, depois que voltei a treinar não senti dor alguma. Às vezes sinto algum incômodo por causa do campo duro, mas é normal. Nessas horas você tem que ver quem você é para dar a volta por cima. Fui guerreiro e fiz o que pude para estar bem e voltar a jogar.
À medida que sua volta se aproxima, cresce a expectativa pela presença de um jogador acostumado a fazer gols decisivos. Como lidar com isso após tanto tempo parado e num momento complicado do Vasco?
É uma situação delicada. O Vasco vive esse momento complicado, e acho difícil falar em responsabilidade. Claro que bate aquela vontade do torcedor de me ver jogando, mas ainda estou voltando. Não vai ser o Bernardo de um ano atrás ou do início deste ano. É o Bernardo do joelho operado. Acho complicado essa responsabilidade cair em cima de mim. Ainda preciso de ritmo, tanto é que os médicos falam que são seis a oito meses para condicionamento total. Mas vou fazer o máximo, vou no meu limite. O clube está em situação delicada, então o que tiver que fazer pelo Vasco, vou fazer. Sei que o Adilson vai me cobrar para trabalhar bem nos próximos dias porque meus companheiros vão precisar de mim. O que posso dizer para o torcedor é que estou voltando, e uma ansiedade minha pode causa uma lesão muscular, por exemplo. É gostoso esse carinho, mas ainda é difícil carregar essa responsabilidade. De qualquer maneira, estou me cuidando, fazendo meu trabalho direitinho para quando estiver em campo fazer como se fosse o último jogo da minha vida, como sempre fiz pelo Vasco.
Muito se falou sobre sua presença constante em eventos noturnos durante este período. É complicado para um jogador resistir a isso não tendo o compromisso de disputar partidas?
Foi um período complicado. Você mora numa cidade grande e não está atuando, tem amigos que trabalham com eventos, festas e acaba recebendo convites... Se não está jogando e recebe o convite, marca presença. Não vou mentir, tive alguns momentos sim, mas nunca deixei o meu lado profissional. Muitos dizem que eu estava todos os dias na balada, mas não foi assim. Deixei de ir à fisioterapia alguns dias, sempre avisava ao Vasco e explicava o motivo. De qualquer maneira é complicado, porque sou novo e o Rio é um mundo diferente. Então você acaba aproveitando alguma coisa por não estar jogando. Garanto que se eu não estivesse lesionado, não aproveitaria o que aproveitei.
Houve excesso da sua parte nesse sentido?
Talvez em certos momentos. Mas nada de loucuras ou de achar que o mundo ia acabar amanhã para aproveitar. Aproveitei no limite que tinha para aproveitar. E agora perto da data limite para voltar, falta só um quilinho e meio para estar no meu peso certo.
E ainda houve aquele episódio da Maré...
Isso foi uma coisa chata que está esquecida para mim. Passou e estou de boa. Agora é a dinâmica do futebol, de voltar a jogar bem, fazer gol e estar com a moral lá em cima.
Qual sua expectativa em relação à campanha do Vasco nessa reta final do Brasileiro?
Estou confiante. É uma situação pela qual o Vasco não deveria passar, por sua grandeza, mas é onde se encontra. Temos que acreditar e confiar. Acho que com a chegada do Adilson já começou a haver uma mudança, os jogadores vão ficar mais confiantes, pois a qualidade do grupo já existe. Serão mais seis decisões, então temos que fazer de tudo para vencer os jogos necessários. Não quero cair. Tive essa experiência em 2010, no Goiás, e é algo desegradável para o clube e para os atletas. Mas acredito que podemos mudar essa história e terminar o ano bem.
E passa pela sua cabeça ajudar o Vasco com mais um gol decisivo ainda este ano?
Imagino, sim, pela história que tenho no Vasco. Vivi momentos de fazer gols importantes e decisivos, então seria um sonho. Seria um presente de Natal se eu marcar um gol decisivo. Nem sei o que vou fazer, essas minhas comemorações doidas... Dois amigos meus disseram que uma bola vai sobrar e eu vou ajuda a livrar o Vasco do rebaixamento. Então eu acredito (risos). Agora é trabalhar para tudo dar certo no final.
Fonte: ge