Análise: Vasco se mostra copeiro na essência da palavra
O Vasco "copou" o Athletico na noite desta quarta-feira, na Ligga Arena. Não existe definição que se encaixe melhor. Em uma partida em que a transpiração superou a inspiração, com apenas duas finalizações no alvo (o gol de Pablo Vegetti foi uma delas), defesas de Léo Jardim e um aproveitamento perfeito nas cobranças de pênalti, o time está classificado para as semifinais da Copa do Brasil.
Sob o comando de Rafael Paiva, o Vasco se mostra uma equipe copeira na essência da palavra. Se o objetivo em Curitiba era não sofrer gols, o time colocou a cabeça no lugar depois de sofrer dois e mais uma vez soube se adaptar às circunstâncias da partida. E nem mesmo a expulsão de Rayan aos 41 minutos do primeiro tempo, em lance desproporcional com Esquivel, causou abalo.
Com um a menos e 2 a 0 contra no placar, justo no momento em que o Athletico poderia girar a faca, o Vasco chegou ao gol com Vegetti. Lucas Piton só fez o favor de levantar a bola na segunda trave. O resto foi mérito do centroavante argentino, que atropelou Esquivel no duelo por cima para marcar seu 18º gol na temporada. Com seis, ele é o artilheiro isolado da Copa do Brasil.
Léo Jardim entra em ação a partir desse momento. O goleiro já havia sido exigido no primeiro tempo, mas com menos de um minuto no segundo executou aquela que foi provavelmente a defesa mais difícil da partida, em chute cruzado de Cuello que ele salva no reflexo. No minuto seguinte, fechou as portos do gol em cabeçada de Mastriani. Depois, mais uma defesa. E mais uma. E outra. Por fim, saltou na cobrança de pênalti de Cannobio.
Com 2 a 1 no placar, o Vasco conduziu a partida para a decisão por pênaltis, onde tem se sentido assustadoramente confortável nesta temporada. Sforza, Puma Rodríguez, Mateus Carvalho e Victor Luís tiveram sangue frio e deslocaram o goleiro Mycael. A batida decisiva, não poderia ser diferente, ficou nos pés de Vegetti. Assim como já havia acontecido nas classificações sobre Água Santa e Fortaleza na competição, a equipe não desperdiçou uma cobrança sequer.
- Tínhamos que controlar a intensidade e manter a estratégia defensiva. Mas sabíamos que, no fim do jogo, poderíamos colocar algum jogador para nos ajudar nos pênaltis. O Puma foi um deles. É um quebra-cabeça para resolver com pressão absurda e não podia tomar gol no fim para nos mantermos vivos - explicou Rafael Paiva depois da partida.
"Sabemos da qualidade do Léo também, dificilmente ele fica cinco penalidades sem defender um pênalti. Estão estávamos muito confiantes que íamos classificar", completou.
As atuações de Léo Jardim e Vegetti em Curitiba reforçam a importância de jogadores desse nível em um confronto de mata-mata de Copa do Brasil. Os dois jogaram muito. Mas a vaga na semifinal também passou pelos desarmes de Hugo Moura, pelas bolas rebatidas por Maicon dentro da área e pelo suor dos jogadores que correram o tempo todo. O torcedor tem razão em cobrar contratações e atuações tecnicamente melhores, sem a necessidade de passar sufoco. Mas não podem reclamar de falta de comprometimento.
E aí de nada importa se o Athletico teve 25 finalizações durante o jogo todo, oito delas na direção do gol, ou 68% de posse de bola. O futebol, sobretudo em competições mata-mata, premia o time mais eficiente. E o time mais eficiente do confronto foi o Vasco.
A classificação, claro, não apaga as deficiência demonstradas em Curitiba. O time, por exemplo, teve tremenda dificuldade em acompanhar as inversões de lado do Furacão e demorou a fazer o balanço da defesa - os dois gols sofridos nascem nas costas de Piton. Ainda que não tenha atuado mal enquanto esteve em campo, Payet precisa voltar a ser decisivos com gols e assistências e não pode perder uma oportunidade como aos 37 do primeiro tempo, quando o Vasco já perdia por 2 a 0. Em um lance desmedido, Rayan quase pôs tudo a perder.
Mas as correções serão feitas nos próximos dias de trabalho. Por hoje, o Vasco deu o recado de que sabe jogar a Copa do Brasil e de que não chegou longe à toa.
Fonte: geMais lidas
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