Análise: Vasco se doa ao máximo, mas falta de repertório é clara
Assim como nos jogos contra Grêmio e Atlético-PR, o Vasco "dominou" o Corinthians em parte da derrota por 1 a 0 deste sábado, fora de casa, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, mas mais uma vez não foi o suficiente. Por quê? Porque o domínio do Cruz-Maltino tem sido ilusório. Não é um domínio que sufoca o adversário.
Alberto Valentim é expulso contra o Corinthians e se irrita com árbitro: "Ele tem bronca de mim"
É preciso registrar: Marrony sofreu pênalti no segundo tempo, mas o árbitro Wilton Pereira Sampaio mandou o jogo seguir. Independentemente disso, porque esta análise do momento do Vasco vai além do erro do juiz, o Cruz-Maltino apresentou velhos problemas contra o Corinthians: falta de jogadas criadas, de tabelas, de bolas enfiadas, de criatividade.
Diretor do Vasco reclama: "O que esse árbitro fez aqui é uma piada"
E tudo isso resultou na 10ª derrota do Vasco longe de São Januário no Campeonato Brasileiro. A equipe segue com 38 pontos, está em 14º lugar na tabela de classificação e pode entrar na zona de rebaixamento neste domingo.
Entenda, abaixo, como se construiu mais uma derrota do Vasco no Brasileirão:
Saída de bola ruim no primeiro tempo
O Vasco começou apostando em sair jogando sem chutões para o ataque, mas encontrava dificuldades e depois de algumas tentativas de toques na defesa acabava chutando para a frente. Grande parte do primeiro tempo foi assim, porque o Corinthians pressionava e marcava bem o meio de campo.
O volante Andrey, em apenas nove minutos, já tinha levado uma caneta e errado dois passes importantes na saída de jogo. A situação estava desfavorável, e Fernando Miguel até levou cartão amarelo por retardar o jogo ainda na etapa inicial.
Contra-ataques perigosos
As únicas chances do Vasco nos minutos iniciais eram em contra-ataques. Thiago Galhardo era muito acionado para tentar ligar os atacantes, mas dificilmente as jogadas davam certo. O Corinthians, que se lançava ao ataque, até ficava em inferioridade numérica, mas o Cruz-Maltino não aproveitou.
Kelvin foi achado em dois lances rápidos no primeiro tempo, com o Corinthians desprevenido, e não deu sequência às jogadas. O Vasco parecia não saber o que fazer com a bola quando a tinha e encontrava espaços.
Pontas inoperantes
Mais uma vez, o antes tão importante Pikachu não conseguiu repetir as boas atuações do início do ano - que o colocam como artilheiro do time na temporada, inclusive, com 18 gols. Aberto pela esquerda na maior parte do tempo, o lateral-direito de origem acertou muito pouco e errou cruzamentos e finalizações.
No primeiro tempo, teve a chance de enfiar boa bola para Andrés Ríos dentro da área, mas tentou o chute fraco para o gol. No segundo, quase não apareceu enquanto esteve aberto pela esquerda. Depois, com a saída de Raul, foi deslocado para a lateral direita etambém não fez a diferença, como já aconteceu tantas vezes.
Falta de criação pelo meio
Ao mesmo tempo que os pontas não conseguiam dar trabalho aos laterais do Corinthians, pelo meio o Vasco não conseguia chegar. Thiago Galhardo foi muito procurado no primeiro tempo, mas no segundo não conseguiu superar a marcação dos volantes adversários.
O Cruz-Maltino sente dificuldades para construir jogadas trabalhadas e as principais chances foram em bolas paradas - Leandro Castan cabeceou com perigo - ou em bolas que "sobravam" dentro ou na entrada da área.
Substituições surtem efeito
O auxiliar Fernando Miranda, que comandou o time depois da expulsão de Alberto Valentim, colocou em campo Marrony, Caio Monteiro e Dudu no segundo tempo. Os dois primeiros deram mais velocidade e qualidade ao Vasco pelos lados. Marrony, inclusive, sofreu o pênalti não marcado por Wilton Pereira Sampaio.
Caio Monteiro, pela esquerda no lugar de Pikachu, deslocado para a lateral direita, deu trabalho para Fagner. Saiu dos pés do garoto o passe para Henríquez finalizar no travessão no fim do segundo tempo.
Os dois, mais abusados do que os demais, conseguiram fazer boas jogadas individuais, mas novamente voltamos à questão inicial: a falta de enredo para uma tabela, uma bola enfiada ou ma jogada ensaiada.
Vontade explícita
O que não tem faltado aos jogadores do Vasco é vontade. Leandro Castan é exemplo disso. Levou cartão amarelo por reclamação, continuou em cima de todos os lances, "marcando" Wilton Pereira Sampaio para defender os companheiros, correu até quase a arquibancada da Arena Corinthians para buscar a bola em um lance lateral, gritou, esbravejou.
A situação, é claro, pede mais do que só vontade, mas nesse quesito o Vasco não tem decepcionado. O problema é com a bola nos pés.