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Análise da vitória do Vasco na estreia da Copa do Brasil

Os números do Vasco na temporada não refletem bem o desempenho do time até aqui. A vitória sobre a Ferroviária foi a sétima, em dez partidas em 2022. Classificou o time para a segunda fase da Copa do Brasil enquanto o Grêmio, por exemplo, adversário direto vascaíno na Série B, foi eliminado logo no primeiro jogo, para o Mirassol.

Mas é difícil deixar que a frieza do resultado positivo esconda o contexto que o cercou em Araraquara. A vitória por 1 a 0 aconteceu absolutamente a partir de um acidente. O alinhamento dos astros que tem salvado o Vasco na temporada: Nenê encontrou Raniel na área com um cruzamento perfeito. O camisa 9 cabeceou com estilo, preciso.

Talvez tenha sido a pior atuação do Vasco até aqui. Foi uma das piores, com certeza. Venceu, mas foi tão dominado quanto no clássico contra o Fluminense, sábado. Com uma diferença: contra um rival de Série D.

Terminou o jogo com apenas cinco finalizações, contra 21 da Ferroviária, 38% da posse de bola. O último lance foi finalização que o goleiro vascaíno espalmou. Na sequência, Leandro Vuaden encerrou o sofrimento.

Zé Ricardo mexeu no sistema defensivo em relação ao time que foi derrotado pelo tricolor. Escalou Quintero na defesa e promoveu a estreia de Zé Gabriel como primeiro volante, no lugar do meia Bruno Nazário. No esquema 4-2-3-1, coube a Juninho ocupar a posição mais à direita na linha de três homens composta também por Nenê e Gabriel Pec.

Ainda assim, a equipe seguiu muito exposta. O Vasco foi imprensado na defesa na maior parte do tempo e Thiago Rodrigues, com grandes defesas, impediu um empate ou até mesmo a virada da Ferroviária. A equipe do interior paulista construiu para isso.

Anderson Conceição colecionou rebatidas, sintoma de uma equipe com as linhas muito baixas, alvo de bolas cruzadas na área a todo instante.

Outro problema enorme do Vasco é a falta de ideias, de controle da partida. A equipe começou pior, deu sorte ao achar o gol, e nem isso fez com que o time assumisse uma postura de manter a posse de bola, segurar o ritmo das ações, tentar encontrar o melhor momento para atacar.

Nenê foi o jogador de brilho solitário, com recuos até a intermediária para construir as jogadas. Tocou a bola de primeira, encontrou Gabriel Pec em boas condições para finalizar a jogada em duas ocasiões, mas o camisa 11 teve atuação bem apagada em Araraquara. Quando o garoto, que é a principal válvula de escape vascaína, tem desempenho tão ruim, a falta de opções do cruz-maltino fica ainda mais evidente.

O próximo adversário do Vasco na Copa do Brasil será o Juazeirense (BA). Antes dessa partida, o cruz-maltino terá o clássico contra o Flamengo. Ano passado, a vitória por 3 a 1 no Carioca ajudou a camuflar uma série de problemas daquela equipe, então treinada por Marcelo Cabo.

O tempo de trabalho é curto — apenas dez partidas. Mas o Vasco segue sem dar sinais de evolução. A esperança que resta de melhora a curto prazo recai sobre as contratações que a diretoria promete fazer até a estreia na Série B, daqui a um mês.

Foto: CLEBER VALERA/FUTURA PRESSRaniel abraça Nenê após gol contra a Ferroviária
Raniel abraça Nenê após gol contra a Ferroviária

Fonte: Agência O Globo