Contas expõem divergências do Conselho à SAF no Vasco
No canal do Vasco associativo no YouTube, com apenas 1,5 mil visualizações. Foi dessa maneira que as contas vascaínas do clube em 2022, penúltimo ano da gestão Jorge Salgado, foram aprovadas por 112 conselheiros presentes - 100 deles na sessão virtual da reunião realizada no fim de novembro. A reunião terminou com reclamações contra o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Fonseca, mas sem a principal pendência esclarecida.
O motivo das divergências foi a discussão de salvo devedor de conta corrente compartilhada entre o Vasco associativo e o Vasco SAF. Em 14 de julho deste ano, o Conselho Fiscal do clube associativo manifestou que iria emitir parecer de reprovação das contas da atual administração, mas houve promessa - em carta enviada pelo presidente Salgado, no dia 12 de agosto deste ano - de que a equipe contábil do clube trabalharia para "atender os descritos no parecer", com a consequente republicação das demnonstrações financeiras do Vasco. O que ainda não aconteceu.
- O objetivo dessa conta concorrente era específico para tratar de dívidas. Por exemplo, uma dívida que seria do Vasco SAF se fosse paga pelo Vasco associativo, entraria nessa conta. Se fosse o inverso, também seria contabilizado. Essa conta corrente começou com o saldo inicial (devedor) a favor do Vasco - explicou Paulo Ganime, que assumiu como vice de finanças no fim da gestão Salgado.
Ganime é ex-deputado federal e foi candidato ao Governo do Rio de Janeiro em 2022. Ele participou da reunião, mas avisou aos conselheiros que não exporia os números para tentar resolver a situação com os dirigentes da SAF vascaína.
- Houve algumas reuniões para tentar chegar ao número consensual. Mas não chegamos até agora. Não é por falta de opção nossa ou por falta de interesse, mas é porque há dúvidas sobre o que está de fato no contrato. Sobre os entendimentos de cada parte em relação ao que está escrito. Aí houve aquela questão da mudança na diretoria da SAF (saída de Luis Mello, antigo CEO), também tinha o momento do Vasco no Brasileiro.
O ge procurou a diretoria da SAF vascaína, que não quis comentar o assunto.
No acordo da venda da SAF, o clube listou série de dívidas individuais para serem absorvidas pela SAF, mas como havia outras que não estavam identificadas, se fez uma previsão com "valor a mais para fechar o número da negociação" de venda do futebol, explicou Ganime.
- Na nossa ótica é um número, na conta da SAF é outro. Mas a gente não quer jogar o problema no ventilador e aí fazer com que qualquer chance de resolver isso ir por água abaixo - diz o vice de finanças vascaíno, acrescentando. - Não tem animosidade nessa discussão. Tem divergências.
Possibilidade de recomposição acionária
No parecer de aprovação, com ressalvas, o Conselho Fiscal do clube alerta que "permanece como preocupação para o Conselho Fiscal a não verificação dos saldos existentes entre o Clube de Regatas Vasco da Gama e a Vasco da Gama SAF... que, obrigatoriamente, deveriam ser apresentados por ambas as instituições", destaca trecho.
O Conselho Fiscal considera que "há divergências relevantes para o clube entre os números inicialmente levantados pelo CRVG e os apontados preliminarmente pela Vasco SAF", o que considera um "persistente desconhecimento do montante existente dos saldos financeiros", cobrando que sejam "definitivamente levantados e conciliados" para serem apresentados ainda no mandato da atual diretoria de Jorge Salgado.
O caso é importante também pela possibilidade prevista em contrato de recomposição acionária sobre essa dívida. Existe um limite de cerca de R$ 20 milhões em que o saldo pode ser pró ou contra o clube ou a SAF do Vasco. Caso ultrapasse este valor, existe previsão de cessão de parte proporcional das ações do futebol do lado devedor.
- Ficou previsto que se essa conta ultrapassar determinado valor, que é cerca de R$ 20 milhões, a Vasco SAF poderia, por exemplo, requerer a compra ou o pagamento disso através das ações - comentou Ganime.
Outro ponto questionado pelo Conselho Fiscal é a contabilidade no balanço de 2022 das contingências de passivos jurídicos de ações contra o Vasco. O que era apontado como perdas de R$ 11 milhões passou a R$ 35,4 milhões. O Conselho Fiscal pede explicações sobre essa diferença de R$ 24,4 milhões de passivo judicial.
Na coletiva de imprensa na quinta-feira, dia seguinte à vitória contra o Red Bull Bragantino que deixou o Vasco na Série A, o diretor geral Lúcio Barbosa, ex-diretor da SAF, prometeu para dezembro novas explicações financeiras do acordo vascaíno.
Fonte: ge
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