Futebol

A tática dos mudinhos

Na véspera do decisivo jogo de hoje, contra o Lanús, às 21h45, em São Januário, que define o futuro do Vasco na Copa Sul-Americana, o presidente Eurico Miranda voltou a decretar a lei da mordaça para os jogadores. A partir de ontem e por tempo indeterminado, só o técnico Celso Roth dará entrevistas. Mesmo assim, em dias pré-determinados pela direção do clube.

A decisão de Eurico mostra o clima de tensão no clube, que vive situação delicada nas duas competições que disputa: na Sul-Americana tem a difícil missão de vencer o Lanús por três gols de diferença — perdeu o jogo de ida por 2 a 0 — para ir às quartas-de-final.

Já no Brasileirão, a conquista da vaga para a Copa Libertadores também está ameaçada. O time vascaíno despencou para oitavo lugar e enfrentará o Santos, domingo, na Vila Belmiro.

Ontem, uma longa reunião de 50 minutos no vestiário, antes do treino, deu o tom do momento difícil do Vasco. Os jogadores estão amordaçados, mas Eurico falou e muito, exigindo da comissão técnica e do time a classificação, já que a Sul-Americana é o único título que o Vasco ainda pode ganhar este ano.

“Qual o assunto? Claro que não vou revelar. É interno, uma determinação que nos cabe cumprir”, despistou Roth, mostrando preocupação com os próximos dois jogos.

“O Eurico foi ao vestiário, falou durante cinco minutos e, depois, eu e o grupo fizemos uma análise do jogo com o Lanús, e já sobre o de domingo, contra o Santos”, afirmou o treinador, que também vive um momento delicado com a queda de produção do Vasco, há cinco jogos sem vencer no Brasileirão.

Nos corredores de São Januário já há rumores de que se o Vasco for eliminado da Copa Sul-Americana, hoje, e perder do Santos, no domingo, Roth, que foi vaiado e xingado de burro pela torcida na derrota para o Cruzeiro, no domingo, dificilmente continuará no cargo.

“Com o Lanús começando o jogo vencendo por 2 a 0, lógico que a tendência é de que essa pressão vai aumentar ainda mais. Mas acreditamos na classificação”, afirmou o técnico do Vasco.

Roth muda tudo e coloca time no ataque - Com a corda no pescoço na Sul-Americana, já que se o Lanús marcar um gol, o Vasco terá de fazer quatro para se classificar, Celso Roth mexeu nos três setores do time e resolveu radicalizar, escalando um esquema kamikasi em busca da vaga nas quartas-de-final.

Deixou de lado o 3-5-2, com três zagueiros, e adotou o 4-3-3, com três atacantes: Leandro Amaral, Alan Kardec e Enílton, que volta após 37 dias afastado por lesão.

“Se vai dar certo, não sei. Mas temos de correr risco. Só que é um risco calculado. Se esse esquema der aquela encaixada, ótimo. Senão, temos uma bengala, que é uma segunda alternativa”, explicou o treinador.

Roth, porém, está preocupado. “O Enílton está recuperado, mas há uma preocupação, sim. Até porque ele não terá condições de jogar 90 minutos. Mas precisávamos de mais um atacante”, admitiu Roth, já que Enílton não joga desde 19 de agosto, na vitória sobre o América-RN por 2 a 0.

Sem Conca, vetado, e já pensando no Santos, Roth poupará outros titulares: os zagueiros Jorge Luiz e Vílson, e o lateral-esquerdo Rubens Júnior. A zaga será Júlio Santos e Luizão, juntos pela primeira vez. Guilherme entra na lateral esquerda.

OLHO NOS PÊNALTIS - Caso o Vasco devolva a vitória de 2 a 0, que o Lanús obteve, em Buenos Aires, a vaga será decidida nos pênaltis. Por isso, Roth fez todos os jogadores relacionados treinarem cobranças de penalidades e o aproveitamento foi razoável.

VALEU A PRESSÃO - Xingado de burro pela torcida por manter Amaral no time e ‘congelar’ Andrade na reserva, Celso Roth deu a mão à palmatória, mas nem tanto. Pela primeira vez escalou Andrade e Perdigão juntos, o que abominava, mas....

“Escalei os dois juntos, mas porque o Amaral estará lá atrás, dando proteção à zaga”, destacou o técnico, que tem em Amaral uma espécie de xodó.

Roth só não sabe o que será mais difícil: fazer 3 a 0 no Lanús, o que daria a classificação, ou não sofrer nenhum gol.

Fonte: O Dia