A crise anunciada
O racha político no Vasco, que culminou com a renúncia do vice de marketing José Henrique Coelho, presidente do movimento que levou Roberto Dinamite ao poder, foi pedra cantada aqui no ano passado, antes da queda à Série B.
Há muito, Luso Soares da Costa, vice-geral, José Hamílton Mandarino, vice-financeiro, e o próprio José Henrique Coelho mostravam-se divergentes na condução da herança maldita deixada pelo ditador Eurico Miranda, que afundou o clube nos sete anos em que assumiu a presidência.
Isolado, sem um assessoramento técnico confiável e apolitico, Roberto Dinamite viu-se perdido entre três vertentes importantes do novo poder do Vasco, acabando por introduzir um modelo de administração esportiva moroso e ineficiente para a grandeza do clube.
Na virada do ano, ao decidir entregar a pasta mais cobiçada da gestão a Mandarino, que acumulou futebol e finanças, o atual presidente acabou por desagradar seus outros dois vices _ cada qual representante de uma corrente política relativamente importante.
Coelho deixa o clube acusando Roberto de ter demagogicamente aceito intervenções que ele (Coelho) julga não estar de acordo às diretrizes assumidas pelo movimento que idealizou pela candidatura do Dinamite _ dentre as quais a distribuição de ingressos para facções organizadas e convites para sócios.
Acusa Mandarino de ter maquiado o orçamento de R$ 53 milhões anuais, omitindo despesas que inviabilizariam o superativ previsto de R$ 6 milhões, e de ter inflado a folha do departamento de futebol, jogando por terra a oportunidade de um ajuste nas contas.
E deixa no ar a suspeita de que Luso Soares seja o responsável pelo vazamento de informações estratégicas que quando não geram conflitos em São Januário acabam por atrapalhar o desenvolvimento de ações de ordem político e comercial.
O ex-jogador de vôlei Fernandão, atual vice-presidente de esportes olímpicos e peça importante na condução dos assuntos referentes à parceria com a Eletrobras, manifestou a terceiros sua pouca disposição de assumir a vice-presidência de marketing.
Se não aceitar, a tendência é que Mandarino, cada mais fortalecido com a presidência, indique um nome que atenda tanto às necessidades do Vasco _ o clube tem até amanhã para obter as certidões negativas que possibilitariam a assinatura do contrato com a Eletrobras ainda em fevereiro, senão, só em março.
É isso.
E enquanto o caldeirão fervia, o ex-presidente do clube, doublé de patrono do Duque de Caxias, movimentava-se nos bastidores com interesse incomum no julgamento desta quinta-feira no TJD da Federação que poderá tirar pontos do Vasco por ter escalado o meia Jeferson amparado por uma liminar.
As viúvas que sonham com o retorno do ditador a São Januário estão em lunático frenesi.
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