Futebol

43 milhões de torcedores de olho na final da Copa do Brasil

A expressão \"Clássico dos Milhões\" surgiu na década de 50, após a construção do Maracanã, mas Flamengo e Vasco reúnem multidões desde os primeiros duelos nas regatas realizadas na marina da Praia de Botafogo, no finzinho do Século 19. E é essa rivalidade de mais de 100 anos que ambos arrastam hoje para o gramado do Maracanã, na primeira partida das finais da Copa do Brasil de 2006. Na prática, levando-se em conta apenas o futebol, são nove décadas de batalhas, o que torna o confronto ainda mais espetacular, pois os dois clubes jamais decidiram uma competição nacional.

Muito torcedor costuma dizer que quem vive de passado é museu, quando o adversário começa a mencionar fatos relevantes e conquistas de outros tempos, o que é um equívoco irreparável quando o assunto é Flamengo x Vasco.

É provável até que a maioria esmagadora dos jogadores que estarão em campo na noite de hoje não saiba, mas a fantástica expectativa que cerca essa decisão é uma sobretudo herança dos heróis rubronegros e cruzmaltinos que ganharam, com o esforço de suas braçadas, enfrentando marolas e ventanias, as primeiras provas no remo, estabelecendo, através dos seus clubes, a importância de origens, tendências e identidades que foram passando de pai para filho. Quando pisarem o gramado do Maracanã, diante dos olhos atentos de milhões, de Norte a Sul do País, os 22 jogadores estarão dando seqüência a essa saga, que nesse mais de século de história ajudou a ter uma atuação de destaque na composição do caráter nacional brasileiro.

Os times se equivalem e conta mentira aquele que fala em favoritismo. Vai valer principalmente a mesma vontade de vencer que mostravam os remadores do Século 19. E levando-se em conta o que tudo isso representa, seria interessante que os contendores lembrassem Nélson Rodrigues, quando o gênio disse que em futebol o pior cego é o que só vê a bola.





Fonte: Lance