Futebol

Yuri Lara comenta sobre carinho da torcida do Vasco: 'Chego a me arrepiar'

Quando Yuri Lara passou pela porta do saguão do Aeroporto Internacional de Maceió, na madrugada da última quarta-feira, os torcedores que aguardavam o desembarque do Vasco soltaram os "latidos" para reverenciar o maior ladrão de bolas do time nesta Série B. O pitbull, como o volante foi carinhosamente apelidado pelos vascaínos, vive momento único na temporada defendendo o clube do coração.

Nesta quinta-feira, às 20h, ele entrará em campo para seu 28º jogo com a camisa do Vasco em 2022. Do outro lado estará o time que ele defendeu e teve destaque nas temporadas 2018 e 2021. Foi como líder em desarmes do CSA na última Série B que Yuri chamou atenção do clube carioca no início do ano. Oito meses após a contratação, o volante ainda está em lua de mel com o torcedor.

- Eu não esperava. Na minha carreira inteira ninguém nunca tinha latido para mim ou feito esse gesto como a torcida do Vasco faz. Era o que eu queria, assim que eu assinei como o Vasco eu queria ir bem e ser abraçado pela torcida. Eu chego a me arrepiar, porque não tem sensação melhor do que ver uma massa tão grande como é a do Vasco, uma torcida tão presente, latir para mim quando eu roubo uma bola. Espero que eles possam repetir isso por muito tempo - disse Yuri ao ge.

O meio-campista é quem mais desarmou adversários do Vasco na Série B, com 73 bolas roubadas, bem à frente de Edimar e Andrey Santos, ambos com 46, segundo dados divulgados pelo Vasco.

Em entrevista concedida na véspera da partida contra o CSA, no hotel onde o time está hospedado em Maceió, Yuri Lara falou, entre outros assuntos, sobre a família vascaína, a parceria com Andrey Santos e a renovação com o Vasco. Com contrato até o fim desta temporada, o volante ainda não foi procurado para tratar a permanência (veja em trecho no vídeo acima). A reportagem, porém, ouviu que há o interesse do Vasco em contar com ele para 2023.

- Não tem nada ainda, minha vontade todo mundo sabe. Eu sou vascaíno, sou feliz aqui, estou sendo feliz aqui. O foco agora é o acesso, procuro até evitar pensar nisso, porque realmente o foco maior é a gente subir. Com o dever cumprido, a gente começa a pensar nessa possibilidade, pensar em ficar - destacou o volante.

Outro jogador que reencontrará o ex-clube nesta quinta é Thiago Rodrigues. O goleiro e o volante jogaram juntos no CSA em 2021 e hoje dividem os holofotes em São Januário. Assim como acontece com Yuri, a renovação do contrato de Thiago é tratada como prioridade pelo departamento de futebol, apesar das conversas não terem sido iniciadas ainda. O meio-campista considera o goleiro peça-chave para a boa campanha que o Vasco faz na Série B.

- Eu já conhecia o Thiagão desde o ano passado e ele não mudou nada no Vasco. É o nosso Batman da Colina, um cara que nos passa muita confiança, se não fosse por ele a gente não estaria nesta colocação, porque ele já nos salvou bastante em várias ocasiões. É um dos líderes do grupo e espero que possa ir bem também nesse reencontro com a torcida do CSA. Uma vitória vai nos ajudar bastante - afirmou Yuri.

Leia abaixo a entrevista completa com Yuri Lara

ge: Você defendeu o CSA por duas temporadas e conhece bem o palco do jogo desta quinta. De que forma o Vasco deve jogar no Rei Pelé para voltar a vencer fora de casa depois de três derrotas seguidas longe do Rio de Janeiro?

Yuri Lara: Primeiramente tem que respeitar o CSA. Sabemos que o time não passa por um momento fácil, eles estão na zona de rebaixamento, mas é um time perigoso e forte. A gente tem que fazer nosso jogo, quando nosso time se encaixa, como foi contra o Tombense, marcando firme atrás e jogando junto, a gente consegue fazer o resultado. Espero que possamos sair vencendo, porque é difícil virar pra cima da gente. Vamos entrar com a cabeça focada para abrir o placar.

Qual o segredo para ser o maior ladrão de bolas do Vasco na Série B?

O desarme é minha maior característica, acho que não tem segredo. Eu sempre gostei de ajudar na marcação e, pela minha força física, por estar sempre correndo o campo todo, estar onde a bola está, acho que isso me ajuda a roubar bolas. Em 2018 eu fui o maior ladrão de bolas da Série B, no ano passado também, e espero repetir esse ano.

O Andrey Santos tem sido um dos destaques do Vasco na temporada e é visível a parceria entre vocês. Como é essa relação?

O Andrey é um moleque muito bom, todo mundo gosta dele. Com tantos times querendo ele, ele poderia mudar, ser um cara vaidoso, com a cabeça ruim, mas é o contrário. Um menino com a cabeça boa, humilde, por isso todos gostam dele. Fico feliz de estar ajudando na evolução dele, espero continuar ajudando, mas ele também me ajuda muito. Ele está aí já com cinco gols, mas defensivamente se eu roubo tanta bola é porque ele me ajuda. É uma parceria boa, fico feliz de estar correndo ao lado dele. O Marlon Gomes também é outro que ainda vai nos ajudar muito.

Qual o momento mais louco que você viveu com o Vasco esse ano?

Tem vários. Quando a torcida foi no treino aberto em São Januário foi uma coisa muito bonita. Quando a gente ganhou do Cruzeiro também ficou marcado pra mim, com mais de 60 mil pessoas no Maracanã, e a gente ganhou do líder. Na bola parada eu fico no meio de campo e, nesse jogo, eu ficava olhando em volta, era muita gente e eles não paravam de cantar um minuto, a gente tentava se comunicar e não conseguia. Fico muito feliz de estar vivendo isso.

Existe a dúvida se o Emílio Faro vai seguir como interino ou se irão contratar um novo técnico. Se te consultassem, você indicaria a permanência do Emílio?

Sim, com certeza. Ele tem a confiança de todos os jogadores e confia na gente. É um cara sensacional, conhece o grupo e os jogadores da base. Está no Vasco desde o início do ano, sabe o grupo que tem nas mãos. Não sei o que vai acontecer, mas ele tem a confiança e está mais do que provado que é um cara que pode nos levar ao acesso.

Você está vivenciando um momento histórico do Vasco, que é a transição para a SAF. Desde a aprovação da venda para a 777, já houve alguma mudança?

Não teve uma mudança drástica. O Paulo Bracks chegou, é um cara que vai nos ajudar. Teve também mudanças no CT, melhorias que a gente já percebe, como o campo, que ajuda bastante, algumas salas que passaram a ser utilizadas. É pouca coisa, mas conforme o tempo for passando eles vão fazer uma reforma maior. A SAF é, sem dúvidas, uma coisa boa para o Vasco, e eu estou feliz de estar passando por esse momento de transição.

O Vasco tem tomado uma série de cuidados em Maceió devido ao rotavírus. O que o clube pediu aos jogadores?

Isso já não vem de hoje, eu sofri um pouco aqui, peguei bastante virose em Maceió. O Vasco deu todas as explicações pra gente. Estamos fazendo higiene, escovando os dentes com a água que eles disponibilizaram, a comida também, estão fazendo de tudo para que a gente fique com a saúde intacta.

Como anda a cobrança da sua família, que torce pelo time que você defende?

A maioria da minha família é vascaína, a pressão foi muito grande quando eu cheguei, assim como a felicidade. Ai de mim se eu jogar mal, a cobrança vem de casa e já começa pela esposa. Eu também me cobro muito. A pressão é dobrada.

O Vasco vai subir?

Tenho muita fé em Deus que sim, estamos trabalhando duro para isso e espero comemorar isso no fim do ano. O grupo está mobilizado para que isso aconteça.

Fonte: Globo Esporte