Wagner: 'Muita coisa está acontecendo para dificultar a vida do Vasco'
O meia Wagner, que deixou o Vasco por meio da Justiça no início de setembro, é só alegria no Qatar. Em pouco tempo, o jogador se tornou um dos destaques do Al-Khor, marcando três gols em quatro jogos. Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 horas, Wagner listou os motivos para uma adaptação tão rápida em campo.
“Cheguei em um país novo e fui muito bem recebido pelas pessoas do clube. Me deixaram super à vontade e se mostraram ser bem receptivos. Em quatro dias minha família já estava aqui comigo. Fizeram tudo para atender as minhas necessidades. Acho que isso foi crucial para o bom momento que eu tenho vivido no clube”.
Fora de campo Wagner também é só felicidade. O jogador elogiou bastante a qualidade de vida no Qatar e sente realizado em poder dar educação de qualidade para os seus filhos.
“Parece que eu estou em um lugar que a gente pede nos sonhos. Estou muito feliz, mais feliz ainda por ver minha esposa e meus filhos felizes, estudando em uma escola maravilhosa, que no Brasil eu nunca vi igual. Eles vão ter um aprendizado de qualidade que eu e a mães deles nunca tivemos. Então isso para mim é um sonho realizado”.
A qualidade de vida também está presente no simples fato de ir e vir. Wagner revelou que a violência do Rio de Janeiro era motivo de preocupação todos os dias.
“Estou muito feliz por não estar correndo tanto perigo quanto no Rio de Janeiro, que vive um caos tremendo. Minha esposa ia para faculdade sempre com medo por causa dos assaltos. Meus filhos também sentiam medo quando iam e voltavam da escola. Aqui a minha família está presente em todos os jogos. No Brasil eu só tinha coragem de leva-lós no Maracanã”.
Wagner: “Torço de coração para o Vasco”
A saída de Wagner do Vasco foi recebida com surpresa pelo diretor de futebol Alexandre Faria. Na época, o dirigente revelou que negociava a renovação de contrato. No entanto, Wagner rebateu essa declaração e afirmou que o Vasco não o queria para o próximo ano.
“As coisas que foram ditas, saíram de pessoas que não possuem o mínimo de respeito pelo Vasco. Eu queria ficar no Vasco, mas o Vasco não me queria. Eu só tinha três meses de contrato quando chegou uma proposta de dois anos do Al-Khor. Quando eu apresentei a proposta, o dirigente disse que era falsa, começou a inventar um monte de desculpas e não queria fechar o negócio. Eu tive que tomar uma decisão já que tinha apenas três meses de contrato e depois ficaria desempregado. Disse a eles que poderíamos encontrar uma solução viável, porém não quiseram encontrar. Me reuni com o presidente que me pediu um prazo. Se encerrou o prazo e ele nem me deu uma satisfação. Aí eu tive que tomar decisões que eram minhas por direito”.
Wagner cobra na Justiça salários, FGTS e luvas. Apesar de todo o imbróglio, o jogador afirmou que tanto ele, quanto os seus familiares, seguem acompanhando o Vasco, na torcida por dias melhores.
“Torço de coração. Eu, minha esposa e meus filhos, quando tem jogo do Vasco, a gente fica daqui acompanhando e torcendo. Vai ser uma luta até o final, mas eu tenho certeza absoluta que tudo vai dar certo e o Vasco vai permanecer na primeira divisão. Eu acredito que o Vasco tem totais condições de sair dessa situação, com o Valentim, jogadores, funcionários e torcedores. Esses sim merecem e por eles o Vasco tem que permanecer na primeira divisão”.
Crença no passado recente e elogios ao técnico Alberto Valentim
Apesar da pouco convivência com o técnico Alberto Valentim, Wagner é só elogios ao treinador. Na avaliação do meia, as lesões vem atrapalhando bastante, mas crê em um final feliz, assim como foi no ano passado.
“O técnico Alberto Valentim é uma excelente pessoa. Eu sei que os números não estão a favor dele, mas isso é devido a várias situações que estão acontecendo. Jogadores estão se machucando no treino. Aconteceu com o Desábato e com o Bruno Silva. Ou seja, muita coisa está acontecendo para dificultar a vida do Vasco. Mas o Vasco é assim mesmo. Passa por todos os problemas, por cima de tudo e lá no final vai dar certo, igual ano passado. Todo mundo dava o Vasco como rebaixado e fomos para a Libertadores”.
Com a camisa do Vasco, Wagner disputou 68 partidas, 49 como titular e marcou 9 gols. O meia chegou ao clube no início de 2017, permanecendo até setembro deste ano.
O Al-Khor
A chegada de Wagner ao Al-Khor, mudou a equipe de patamar. Em quatro jogos, o time conquistou duas vitórias, um empate e apenas uma derrota, deixando a zona do rebaixamento. O meia, que já marcou três gols, explicou o nível da competição local.
“A equipe estava em uma situação muito difícil, mas agora está bem melhor. É uma liga nova, que ainda tem muitas diferenças entre os participantes. Alguns estão muito acima e outros bem abaixo. Então a briga aqui é em três partes da tabela”
Além de Wagner, o Al-Khor conta com mais um brasileiro, o atacante Diogo Acosta, que defendeu o Avaí na Série B de 2012. O ex-vascaíno fala da parceria com o compatriota, que já vem dando frutos.
“Quando eu cheguei, o zagueiro Luciano Castan não estava mais aqui. O Madson (ex-meia do Vasco) também saiu. Apenas o Diogo é brasileiro. Junto conseguimos vencer o Al-Rayaan, uma das principais equipes do país. Jogam lá o Rodrigo Tabata e o Lucca, ex-Internacional. Eu fiz o gol da vitória por 1 a 0. Nossa equipe é boa e ainda tem mais uma vaga para estrangeiro e a tendência é que seja reforçada na próxima janela”.
Com contrato até o meio de 2020, Wagner não faz planos para o futuro. Entretanto adaptado e apaixonado pelo país, espera permanecer no Qatar por mais alguns anos.
“Eu já estou com 33 anos e vou levando a vida de forma tranquila e feliz. Ainda não sei como vai ser o futuro, quando terminar o contrato. Estou muito bem fisicamente, mentalmente e ainda tenho muito a fazer ainda. A minha primeira possibilidade é permanecer o máximo possível aqui, porque é um país que tem tudo de bom que no Brasil falta. Eu estou muito bem instalado e feliz. Acho que permanecer aqui é a minha primeira opção”.
Fonte: Esporte24Horas