Futebol

Voltando de suspensão, Alecsandro é confirmado no ataque do Vasco

Em outros tempos, apontar o Vasco favorito em qualquer disputa de título nacional com Avaí, Ceará e Coritiba seria o óbvio. Na Copa do Brasil, é uma aposta, e o retrospecto do clube está aí para não deixar mentir.

Sete vezes semifinalista, chegou à decisão em apenas uma e coleciona eliminações para Remo, CSA, XV de Campo Bom, Baraúnas e Gama. Mas os melhores exemplos de que tradição é mero detalhe na competição vem dos rivais Flamengo e Fluminense, derrotados respectivamente por Santo André e Paulista nas decisões de 2004 e 2005 no Rio. Sob o regulamento que premia o gol fora de casa, para o Vasco, sucesso na primeira partida da semifinal contra o Avaí, amanhã, em São Januário, será vencer sem sofrer gol. É com ênfase neste objetivo que o técnico Ricardo Gomes prepara o time.

— Se a gente puser a camisa na frente, não se discute a grandeza do Vasco, mas a Copa do Brasil já mostrou que nem sempre quem tem mais tradição ou joga melhor vence — teorizou Alecsandro. — O ideal é a gente vencer sem levar gol para jogarmos tranquilos em Florianópolis.

Jumar no lugar de Rômulo

Não quer dizer que o torcedor que encarou grandes filas desde cedo em São Januário e outros postos de venda e esgotou os ingressos de arquibancada verão um time cauteloso.

Atento, com certeza. Ontem, Ricardo Gomes tirou boa parte do treino da manhã para trabalhar especificamente com os jogadores do sistema defensivo. Ele acertou o posicionamento e a movimentação, simulando ações ofensivas dos adversários, com Alan, Dedé, Anderson Martins, Márcio Careca, e os volantes Jumar — que jogará pois o titular Rômulo está machucado e Eduardo Costa suspenso — e Fellipe Bastos. Ramon ficou à disposição da preparação física, mas está liberado.

Depois, Ricardo conversou demoradamente com Fellipe Bastos, Felipe, Diego Souza, Éder Luís e Alecsandro. A ideia foi a mesma: mostrar como fechar os espaços e impedir a progressão do Avaí.

— Às vezes, uma conversa é melhor do que treinar — despistou Éder Luís, que pela primeira vez disputará uma semifinal no torneio. — Copa do Brasil tem que entrar para não sofrer gols, caso contrário, o prejuízo é enorme.

A campanha do Vasco até a semifinal mostra, ao menos, que o time tem feito bom uso do regulamento.

Foram três vitórias e quatro empates, três deles nos últimos três jogos, um com o Náutico e dois contra o Atlético-PR. Se classificou, foi graças aos gols marcados fora, no primeiro jogo contra os pernambucanos, pelas oitavas de final ( 3 a 0), e na partida de ida das quartas, contra os paranaenses, na Arena da Baixada (2 a 2). Nas duas fases, o time decidiu a vaga em casa. Agora, os papéis se inverteram.

Como anfitrião, tem a obrigação de fazer o resultado.

Em São Januário, porém, as coisas têm sido sempre mais difíceis. Contra o ABC, o Vasco saiu em desvantagem e só chegou à virada depois que a equipe potiguar teve um jogador expulso.

No jogo de volta contra o Náutico, Ricardo Gomes poupou alguns jogadores e o empate sem gols retratou o que foi a partida. Já no 1 a 1 contra o Atlético-PR que garantiu o lugar entre os quatro semifinalistas, sobraram emoções até os últimos minutos, quando os paranaenses pressionaram e quase chegaram ao gol que decretaria a eliminação do Vasco.

— As dificuldades acontecem porque é difícil criar jogadas, penetrar na defesa de times que vêm para se defender — avaliou Éder Luís.

— Não podemos achar que o Avaí vai chegar aqui e mandar na partida.

Eles podem até mostrar o jogo deles, mas vamos tomar iniciativa.

Entrosamento com a torcida

Como Alecsandro estava suspenso na partida de volta contra o Atlético- PR, o companheiro de Éder no ataque foi Diego Souza e depois Élton. Amanhã, o titular tem volta confirmada.

Alecsandro e Éder tem características complementares. Um joga em velocidade pelos lados do campo e o outro é homem de área. Mas o entrosamento ainda não é o ideal. Jogar a primeira partida contra o Avaí no Rio agrada a Alecsandro. Éder preferia decidir a vaga em casa. Em campo, porém, o que tem atrapalhado é a distância.

No papo, Ricardo Gomes tem buscado a sintonia que tem faltado entre ambos, mas sobra entre time e torcida, que desde a Taça Rio, tem demonstrado seu apoio à equipe.

— Estamos num momento bom, passamos confiança para o torcedor.

Com estádio cheio, a empolgação em campo é maior — disse Éder, sem temor de que o apoio se transforme em pressão em caso de dificuldades. — Ruim é entrar no estádio e não ver ninguém.

Ontem à tarde, a juíza Fernanda Xavier de Brito concedeu liminar suspendendo o processo eleitoral do Vasco, marcado inicialmente para 28 de junho. O clube será obrigado a apresentar uma nova lista de sócios aptos para participar do pleito, que terá de ser remarcado. Caso não cumpra a determinação em 48 horas, o clube terá de pagar multa diária de R$ 300. Ainda cabe recurso da decisão em primeira instância.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)

Fonte: Jornal O Globo