Velhos problemas marcam a partida contra o Internacional; análise
O Vasco indica que bateu em seu teto no Brasileirão. Na derrota para o Internacional nesta quinta-feira, a equipe de Rafael Paiva reagiu e mostrou por alguns minutos do primeiro tempo que as coisas poderiam ser diferentes das partidas contra Botafogo e Fortaleza. No entanto, o time caiu de produção, abusou de cruzamentos e mostrou que não tem muitas saídas com o que tem à disposição.
Paiva promoveu mudanças no time titular do Vasco após o período da Data Fifa. As entradas de Maxime Dominguez e Leandrinho nas pontas tinham algumas justificativas: ter mais posse por dentro pelo lado direito e mais agressividade pela esquerda. Galdames na vaga de Hugo Moura, segundo o treinador, se deu por uma possível melhora na saída de jogo.
Em tese, isso funcionou por alguns minutos na partida desta quinta-feira em São Januário. O Vasco teve entre 20 a 30 minutos de um futebol que voltou a ser competitivo, com boas ações no campo do adversário. O lado esquerdo funcionou melhor, com associações entre Payet, Piton e Leandrinho, mas o time não concretizou as chegadas que teve. Foi só. O time caiu de produção ainda no primeiro tempo e saiu de campo vaiado e cobrado.
Na segunda etapa, a situação só piorou. As mudanças de Paiva após o intervalo não surtiram nenhum efeito positivo. O time perdeu ainda mais intensidade, com e sem a bola, e viu o Internacional marcar o gol da vitória em mais um lance evitável, em falhas individuais de Emerson Rodríguez e Léo.
Há alguns problemas que o Vasco não consegue encontrar soluções. Por mais que a opção em escalar Maxime Dominguez passe por ter mais a bola no meio de campo, com um jogador que sai dos lados para o centro, o time não cria jogadas de perigo pelo meio e abusa de cruzamentos na área.
Não há problema em lançar bolas pelo alto para o melhor cabeceador do país, mas finalizar a maior parte das jogadas desta forma — em um dia pouco inspirado de Lucas Piton nos cruzamentos e de Vegetti na finalização — torna o Vasco um time previsível.
A melhor chegada do Vasco no jogo foi em uma jogada de pé em pé, com ultrapassagens e passes em profundidade, com Payet e Piton, que terminou nos pés de Mateus Carvalho, em chute salvo pela defesa do Internacional.
Velhos problemas marcam a partida
Há algumas questões e temas que já são filme repetido para o torcedor vascaíno. Desde as lesões de Adson e David, o Vasco ficou consideravelmente menos criativo. Maxime e Jean David, em uma análise técnica e até física, não parecem jogadores prontos para um time que quer brigar por coisas maiores na Série A do Brasileirão.
O time também apresenta uma falta de repertório. O Vasco tem jogado da mesma forma contra adversários com estilos totalmente diferentes, como quando tentou atacar o Botafogo, como atacou o Bahia, e sofreu 3 a 0 de forma avassaladora. Outras equipes conseguiram sofrer menos contra os líderes do campeonato, atuando em um bloco mais baixo de marcação.
Há uma impressão de que o Vasco tem uma preparação física pior que os adversários, mas a equipe, na verdade, tem menos jogadores fortes fisicamente que a média dos melhores times do país. Hoje, Paiva não tem à disposição um atacante de explosão, com força física e arranque, como tinha apenas David no elenco. O time não tem alguém que dê profundidade e velocidade ao ataque.
Quem mais se assemelha a essa condição é Rayan, que recebeu oportunidade no segundo tempo e pouco fez. A entrada de Leandrinho na esquerda deu um gás para o setor por isso, mas não deveria ser o ideal ter que improvisar um lateral da base no ataque por não ter outras opções disponíveis.
É nesse ponto que a culpa não deve ser restrita ao treinador. O Vasco sabia da carência de um jogador de lado que chegasse para a posição de titular absoluto desde o início do ano, mas não resolveu seus problemas no mercado.
O Vasco também não contratou um zagueiro, tema que assombra o clube desde o ano passado. Enquanto João Victor, Léo e Maicon se revezam para formar a dupla de titulares da defesa vascaína, o trio soma falhas determinantes em resultados adversos no Brasileirão de 2024. Em mais uma oportunidade em São Januário, Léo fazia um jogo regular até ter um erro determinante no placar final, por mais que a culpa também deva ser dividida com Emerson Rodríguez na origem da jogada.
O Vasco tem Payet e Coutinho à disposição para a armação da equipe, mas não tem opções que possam ser acionadas pelos dois "camisas 10" do time. O francês tem mais entrosamento e parece fazer o time funcionar mais com ele. Mas o meia ex-seleção brasileira, mesmo longe da parte física ideal, parece não ter companhia quando entra em campo. Em mais de uma oportunidade, Coutinho criou jogadas que não tiveram sequência por erros bobos de companheiros nesta quinta.
Jogadores, direção e comissão técnica têm responsabilidade na queda de produção do Vasco no Brasileirão, assim como todos tiveram méritos na retomada do clube em um ano que tinha tudo para ser por briga contra o rebaixamento. No entanto, por responsabilidade de todos também, o Vasco parece ter atingido o seu teto no que pode alcançar neste Brasileirão.
As cobranças de uma torcida que chegou a sonhar com uma vaga na Libertadores de 2025 são mais do que naturais, por tudo o que o Vasco passou nos últimos anos. A frustração com o desempenho do time e com a possibilidade de ficar "só" com a Sul-Americana também tem que ser entendida.
Ainda há chance de mudar o roteiro e terminar na zona de classificação para a Pré-Libertadores. Menos pelo desempenho recente do Vasco, mais pela quantidade de vagas que podem surgir e pelos adversários desta parte da tabela também estarem em queda livre. Uma reação contra o Corinthians é fundamental em qualquer cenário para este objetivo.
Fonte: geMais lidas
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