Futebol

Veja porque Alex Evangelista é tão admirado no Vasco

Nenê é o preferido da torcida; Rodrigo, o líder; Jorginho, o comandante que tem total liberdade para tocar o planejamento. Mas, internamente, é difícil bater Alex Evangelista em prestígio no Vasco. Com celebridades como Ronda Rousey, Seedorf e Djokovic no currículo, o fisioterapeuta virou gerente científico em São Januário e tem carta branca de Eurico Miranda para trabalhar. Sob a batuta dele, o clube constrói o Caprres (Centro Avançado de Prevenção, Recuperação e Rendimento Esportivo), projeto que promete colocar o Cruz-Maltino na Série A em termos estruturais antes mesmo de voltar à elite no campo. Mas o que ele tem de tão diferente para ser admirado até pelo torcedor?

Com 18 anos de futebol e histórico de parceria com Oswaldo de Oliveira, Alex chamou a atenção a partir da chegada de Seedorf ao Botafogo. Avalizado pelo holandês, ganhou notoriedade, e mudou de patamar ao ter as portas abertas na NBA, ao surpreender os americanos em tratamento de grave lesão no joelho de Leandrinho. No Vasco, é ele quem comanda as avaliações na pré-temporada e defende um trabalho em parceria nas mais diversas áreas: medica, física e fisiológica.

- Eu faço as áreas se comunicarem. Sei que a transdisciplinaridade é uma utopia, mas vivo essa utopia agora. Trabalhar por 10 anos com o Oswaldo trouxe para mim uma experiência muito rica. Sei que as metas físicas, terapêuticas e psicológicas têm que estar ligadas à ideologia tática do treinador. Eu estudo muito. Todo dia. Pelo menos duas horas. 

Nesta ânsia por conhecimento, Alex rodou o mundo. Esteve na Alemanha e percebeu o avanço estrutural do futebol no país; aprendeu conceitos da NBA nos EUA; encantou-se com o uso da tecnologia no Japão. Com tanta bagagem, impressionou Eurico Miranda, que lhe deu autonomia para tocar o projeto do Caprres. 

- Ele é um cara muito inteligente, conhece tudo do clube, sabe muito de futebol. Sei que não é confiança pessoal, por ser meu amigo; é muito mais profissional. Ele discorda de muita coisa que a gente fala, discute muito, mas eu me sinto muito orgulhoso por ter a confiança dele. 

Nem sempre foi assim, porém. No período em que Celso Roth esteve no comando do Vasco, entre junho e agosto do ano passado, Evangelista não foi tão ouvido. Diplomático, ele evitou polemizar e disse compreender a desconfiança. 

- Para mim, isso é muito tranquilo. Eu assessoro, não interfiro. Há aqueles que aceitam, os que não aceitam. Estou aqui para fornecer informações. É complicado. É tudo muito novo ainda. Com os jogadores, primeiro tem que convencê-los. E você consegue atrair o jogador com resultado. O Nenê, por exemplo: estava parado há um tempo, ninguém apostava que ia fazer tanto efeito em tão pouco tempo.

Com o apoio de Eurico, Jorginho e os jogadores, Evangelista pode tocar à vontade seu trabalho. O projeto para este ano, intitulado por ele de ''Lesão Zero'', é diminuir ao máximo os problemas físicos, com foco na prevenção. Para isso, segue buscando tecnologia. Sua última obsessão é o mapeamento genético, que começou a ser efeito no elenco nesta semana. 

- É o próximo nível. Todo mundo está correndo atrás disso. O Vasco está trazendo empresa com 99,9% de fidelidade nas informações. Vai pegar quatro genes e estudá-los: nutricional, suplementar e físico, e o quarto, que mobiliza os outros três. Tudo isso para ajudar no Lesão Zero. 

Ao falar sobre o projeto, Evangelista se empolga. Cita máquinas, processos, usa termos técnicos. No fim das contas, o objetivo é claro: tornar o Vasco uma referência tecnológica no futebol. E, assim, dar o primeiro passo para restabelecer o Gigante da Colina em seu lugar. Com a conclusão do Caprres, o gerente científico projeta uma nova realidade para o clube.

- Acredito que vai ser o centro mais tecnológico da América Latina. Vamos ter equipamentos muito modernos. Nosso esforço, hoje, é para fazer o Vasco se tornar uma grande referência.

As obras no espaço que será destinado ao Caprres em São Januário tiveram início em outubro e a expectativa é de que o espaço esteja concluído em meados de abril.

Fonte: ge