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Veja os desafios da era Eurico Miranda no Vasco

Em todos os pronunciamentos antes e depois de vencer nas urnas e no Conselho Deliberativo do Vasco, Eurico Miranda fez diversas promessas, com nomenclatura diferente. São "compromissos" do novo presidente, que toma posse nesta terça-feira à noite em festa de gala na sede náutica da Lagoa. A seguir, o GloboEsporte.com relembra algumas das principais promessas do presidente vascaíno e relata o cenário atual para cada tópico nesse novo mandato no Vasco.

01- "VASCO NUNCA MAIS VAI CAIR E VAI DISPUTAR TÍTULOS"

Apesar de todas as dificuldades financeiras, Eurico assegurou que a fundamental e longa reestruturação financeira não vai impedi-lo de montar um time para disputar títulos. O quadro hoje não é dos mais animadores. A atual folha do futebol, com R$ 1,6 milhão, é, provavelmente, a menor da Série A do futebol brasileiro. Como o presidente disse em entrevista antes das eleições no GloboEsporte.com, "se tenho R$ 1 investido, esse R$ 1 deve ser bem investido". A ajuda de empresários, como do ex-desafeto Carlos Leite, deve ser fundamental.

02 - FIM DO JOGADOR-PIZZA

É um "compromisso" que não passa diretamente pela presidência. A Lei Pelé, como gosta de lembrar Eurico, que sempre foi um crítico de suas diretrizes, não protege os clubes brasileiros. Com 14 anos, o atleta tem apenas um contrato de formação. Aos 16, o jogador faz seu primeiro contrato profissional. No ato da assinatura, em que se pese o estado falimentar de boa parte dos grandes clubes brasileiros, é oferecido um percentual de direitos econômicos, no primeiro fatiamento - que pode substituir as luvas do primeiro contrato. Eurico disse, em entrevista ao GloboEsporte.com, que o clube deve ter "no mínimo" 60% dos direitos do jogador, o que é difícil até em clubes que têm condição econômica melhor hoje, como o Cruzeiro, que não tem praticamente nada do zagueiro Dedé, comprado ao Vasco, ou o São Paulo, que só tem 32% dos direitos econômicos de Ganso. Recentemente, nova determinação da FIFA proibiu essa divisão. Mas não vai resolver o assunto do dia para a noite. Em aproximadamente quatro anos, só clubes poderão ser detentores de direitos econômicos dos jogadores.

03 - CONSTRUÇÃO DE CT E AMPLIAÇÃO DE SÃO JANUÁRIO

Eurico não quis citar o local de construção, mas garantiu que em três anos o Vasco terá seu antigo sonho prontinho e de pé: um centro de treinamento para chamar de seu. Hoje, o clube ainda não sabe se continua no campo do Zico, na Zona Oeste, se capta recursos através de leis de incentivo para erguer a estrutura no terreno cedido pela prefeitura em Vargem Grande ou se tenta reabilitar outro terreno que tem concessão, em Duque de Caxias. A base, que treinava em Itaguaí, está de mudança, mas ainda não tem endereço definido.

Sobre São Januário, o novo presidente lembra a minuta de contrato com empresa portuguesa LusoArenas, que o grupo político Casaca! divulgou em seu site oficial, e afirma que vai reativar o projeto de ampliação do estádio. A ideia é chegar aos 40 mil lugares. O estádio vascaíno tinha capacidade para 40 mil pessoas, mas adequações ao longo do tempo diminuíram a capacidade até os menos 25 mil atuais. A área VIP, que foi um fracasso na gestão Dinamite, deve ser devolvida à arquibancada e, possivelmente, abrigará os torcedores adversários, como era feito antigamente. Apesar das pretensões, uma reforma de São Januário ou construção de CT, diante de um clube com tantos problemas mais urgentes, não será tão simples.

04- REABRIR O PARQUE AQUÁTICO E O GINÁSIO

A gestão Dinamite alegou um vazamento na piscina para iniciar o fechamento do parque aquático. Construído no início dos anos 1950, o local é inspirado no parque aquático de Helsinque (da Olimpíada de 1952 na Finlânia) e chegou a receber etapa de Copa do Mundo de natação em 1998. O ex-nadador do Vasco Gustavo Borges chegou a levar um projeto para reabertura do complexo esportivo, assim como a delegação holandesa também fez uma proposta de utilização do parque, mas nada andou. Há um estudo em análise pela nova diretoria que prevê gastos superiores a R$ 6 milhões para colocar as piscinas novamente em funcionamento.

O ginásio, onde são realizadas tradicionalmente as eleições, devem exigir investimentos bem menores. A diretoria espera, primeiro, fazer uma grande lavagem de todo o local e gastar R$ 100 mil para cuidar do piso e fazer os ajustes para que o time de basquete volte a atuar no local.
O investimento do remo e no basquete, primeiros esportes olímpicos sempre citados por Eurico, serão outro termômetro da nova fase do dirigente no Vasco. Ele repete um time de dirigentes esportivos que viveram o ápice com o dinheiro de grandes patrocinadores no fim dos anos 1990. As leis de incentivo ao esporte devem facilitar esse caminho desejado por Eurico. Resta saber se ele e sua equipe vão conseguir acabar com a atual superioridade rubro-negra nos dois esportes.

05 - RESGATE DA CREDIBILIDADE E DO RESPEITO

Em poucos dias, Eurico foi até a Brasília conversar com representantes do Ministério do Esporte e dos clubes brasileiros, como o presidente do Coritiba, Vilson de Andrade, representou novamente o Vasco na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, e foi recebido por José Maria Marín e Marco Polo Del Nero em encontro registrado no site da CBF. Velha raposa da política esportiva brasileira, as primeiras movimentações de Eurico mostram que a antiga representatividade nos bastidores pode estar inabalada, mesmo seis anos após a saída do poder no Vasco. O secretário executivo do Ministério Luis Fernandes, eleito presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, e até o senador e amigo Romário, seu eleitor de última hora no Vasco, são aliado importantes nas interlocuções de Eurico.

06 - IGUALDADE EM PATROCÍNIOS

A Caixa Econômica Federal deve receber o presidente do Vasco ainda essa semana para a discussão da continuidade do patrocínio. Eurico sempre disse que o clube não poderia receber nada a menos do que o principal rival, pelo tamanho da torcida vascaína, pela abrangência nacional e representatividade do clube em todo país. O Vasco tem a terceira maior cota de patrocínio com a Caixa, R$ 10 milhões a menos que o Fla, R$ 15 milhões de diferença comparado ao Corinthians. Em fevereiro, o contrato com o Guaraná Tron, que vale R$ 4 milhões anuais ao Vasco, também chega ao fim. A capacidade de negociação do presidente, que também quer rediscutir as cotas de TV, será testada logo no início do seu mandato.

07 - MODELO DE GESTÃO E "AUTONOMIA RELATIVA"

Quem paga a conta é quem manda. Os diretores não são remunerados, eles têm, no máximo, "autonomia relativa". Cada decisão deve passar pelo responsável, pela presidência. Os antigos mandamentos de Eurico estão voltando com toda a força. Rodrigo Caetano deixou o clube de cara e diretores remunerados vivem momento de incerteza em cada departamento do Vasco. Conforme palavras do Eurico em entrevista ao GloboEsporte.com, "dirigente amador não é imbecil". O presidente vai precisar de muita dedicação de seus pares para rearrumar a casa e fazer o clube funcionar.

Fonte: ge