Veja como a diretoria do Vasco acalmou o elenco sobre a dívida
Há 20 dias, uma reunião franca e a portas fechadas no vestiário expôs aos jogadores o real quadro financeiro do Vasco. Ainda mergulhado em dívidas, o clube, que quitou os atrasados com os atletas, vai se reerguendo aos poucos, apesar de estar ainda longe de navegar em mares calmos.
Segundo a consultoria Mazars, a dívida do Vasco é de R$ 379,2 milhões, a terceira maior dentre os grandes do Brasil. O clube, porém, vem evoluindo gradativamente nas receitas, que passaram de R$ 29 milhões, em 2002, para R$ 137 milhões, em 2011, segundo balanço oficial.
O clube hoje vive uma situação que é superavitária. Se eu não tives-se herdado aquelas dívidas e tivesse que cumprir somente as minhas obrigações, a receita que tenho é superior à despesa. O balanço de 2011 apresentou esse dado: tivemos superávit de R$ 28 milhões argumenta o vice de finanças Nelson Rocha.
Apesar do progresso em alguns pontos, o desafio por uma vida mais estável ainda é árduo. O clube sofre com penhoras e ações que entram em execução. Na área fiscal, o passivo gira em torno de R$ 200 milhões e também aumenta na atual gestão.
Nós reconhecemos isso no balanço. Deixamos de pagar porque tinham outros compromissos, como pagar salários diz Nelson.
Com a política dos pés no chão, aos poucos o Vasco vem obtendo resultados. Segundo a Pluri Consultoria, o clube foi o mais eficiente do Brasil em 2011. Os dados levam em conta o investimento feito no futebol somado aos resultados dentro de campo no ano.
O pior já passou. Está infinitamente melhor do que quando chegamos afirma Nelson Rocha.
AUMENTO DE RECEITAS PARA 2012
O Vasco estima ter uma receita de R$ 150 milhões para este ano. Para este aumento, o clube conta com novos patrocínios, eventos de marketing e ações na Justiça.
Com a franquia Gigante da Colina, o clube arrecada R$ 1 milhão anualmente, com 15 lojas. A estimativa é, em cinco anos, ampliar para 100 lojas, com uma renda de R$ 7 milhões por ano.
Outra jogada é promover visitas guiadas a São Januário, nos moldes dos clubes europeus. O visitante, que não for sócio, terá de pagar um ingresso para conhecer o estádio, com todo um roteiro turístico pré-definido.
Quanto a patrocíinos, após fechar com a BFG, a diretoria busca outros parceiros. Quer explorar os espaços na manga, no número e na barra da camisa, além do calção.
O Vasco ainda tem a receber por uma ação na Justiça contra a Champs, antiga fornecedora de material do clube, e de um montante que cobra do Madureira, cerca de R$ 2 milhões, pela venda de Allan.
ACORDOS LEVEM DO CLUBE R$ 2 MILHÕES POR MÊS
De acordo com a atual diretoria, somente pelos acordos trabalhistas o Vasco paga mensalmente cerca de R$ 2 milhões. Praticamente todos, de acordo com os dirigentes vascaínos, oriundos de ações movidas no passado.
Basicamente tudo que tenho é anterior. Teve época em que tivemos que demitir algumas pessoas porque não tínhamos recursos, mas estão todos quitados. Nossa gestão não tem um jogador que tenha deixado de receber (dos que saíram) argumenta o vice de finanças Nelson Rocha.
Com o novo Ato Trabalhista, o Vasco estima quitar todas as dívidas trabalhistas em oito anos.
COM A PALAVRA (NELSON ROCHA - VICE FINANCEIRO DO CLUBE)
\"Do ponto de vista de equilíbrio econômico, estamos muito bem. O Vasco hoje é um clube equilibrado. As pessoas vão falar: O Vasco foi o clube mais eficiente, mas não consegue estar em dia com os pagamentos. Por que isso? Porque temos um custo elevado mensal só para pagar essas dívidas. O pior já passou, mas ainda tem muita coisa para ser enfrentada. Na área trabalhista já está resolvido, na cível, praticamente. A fiscal ainda é um calcanhar-de-aquiles.\"