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Veja as variações táticas promovidas por Jorginho nesta temporada

O Vasco tem quatro jogos, quatro vitórias e quatro esquemas táticos diferentes na temporada. Se o elenco não mudou drasticamente em relação a 2015, o técnico Jorginho aproveitou o maior tempo de trabalho para implementar variações no estilo de jogo da equipe. A vitória sobre o Flamengo por 1 a 0 mostrou evolução dos cruz-maltinos, após dois duelos não tão convincentes. No primeiro grande teste do ano, o saldo foi positivo.

Desde a pré-temporada, Jorginho insistiu em alguns pontos de seu time: marcação intensa e por pressão, troca de passes sem recorrer a chutões, e posse de bola. Antes de a bola rolar, afirmou em entrevista ao GloboEsporte.com que o Vasco teria de ser protagonista em 2016. As ideias seguem firmes, e os resultados estão vindo. Falta apenas a definição da formação tática – se é que será necessário.

Até agora, Jorginho testou o time em diversos esquemas. Começou, contra o Madureira, no 4-4-2 em losango com o qual o time arrancou e quase fugiu do rebaixamento em 2015. Ao enfrentar o America, optou por um modelo híbrido, em que o time variava desta formação para um 4-2-3-1, baseado na movimentação de Mateus Pet, que oscilava entre o meio e a ponta. Para o duelo com o Volta Redonda, apostou no 4-2-3-1, com Eder Luis no lugar do jovem Pet. Este esquema também foi utilizado nas duas primeiras partidas após o intervalo.

O clássico com o Flamengo teve outra formação. Jorginho surpreendeu ao escalar Marcelo Mattos como titular pela primeira vez. O reforço plantou-se à frente da zaga e empurrou Julio dos Santos para formar com Andrezinho a dupla de meias num 4-3-3. Mas a variação continuou: desta vez, a chave era Nenê, que saía da direita para o meio (quando se configurava o losango do 4-4-2) na tarefa de armar o time e confundir a marcação rubro-negra. Deu certo.

O Vasco não rifou a bola e criou boas chances. Se Riascos tivesse mantido a eficiência dos primeiros jogos do ano, o resultado poderia ter sido maior. O colombiano irritou torcedores com os erros no clássico e reacendeu a preocupação sobre a eficiência ofensiva cruz-maltina. A única certeza é que Nenê é o centro de tudo e tem total liberdade para circular e armar jogadas. 

- A gente muda no decorrer do jogo. Tendo marcação individual, acabo mudando. Às vezes, com o adversário marcando forte, temos que rodar o losango. É coisa do jogo. O sistema é aquele que começa, só depois, com entrada de jogadores de lado, como Eder e Pikachu, a gente muda, com dois volantes e eu à frente. Não tenho preferência. Vou estar sempre na mesma posição. Tendo liberdade para criar, não tenho preferência - analisou Nenê após o jogo contra o America. 

Marcação por pressão

Defensivamente, os conceitos de Jorginho também puderam ser observados. A pressão vascaína sufocou o Flamengo e obrigou o rival a apelar para a ligação-direta, algo que Muricy não queria. Wallace, limitado com a bola nos pés, foi quem mais sofreu ao ser acossado pelos rivais. Assim, o Vasco recuperava facilmente a bola e podia ditar o ritmo do jogo.

- Eu queria só ressaltar que mais do que a vitória, que é super importante contra o nosso rival, foi a disciplina tática da minha equipe. Eles cumpriram quase que 100% daquilo que nós havíamos treinado ontem. Ressaltar essa questão da objetividade da nossa equipe. O que propomos no jogo foi mais importante do que a vitória – ressaltou Jorginho, em entrevista coletiva.

Nesta montagem do Vasco, fica clara a importância dos meio-campistas. Jorginho optou por converter Andrezinho e Julio dos Santos em volantes. Com isso, ganhou qualidade na saída de bola. Ainda assim, parece não estar totalmente seguro da capacidade defensiva da dupla – não à toa, no primeiro teste contra um time mais forte, optou pela proteção extra proporcionada por Marcelo Mattos. Andrezinho, porém, é a grata surpresa deste início de ano: corre o campo inteiro, tem qualidade no passe e comanda a marcação por pressão pedida pelo treinador. É uma das chaves para os 100% de aproveitamento até o momento.

O que falta agora? Jorginho mostrou que tem conhecimento das peças à disposição e que pode variar o esquema ao longo da partida e de um jogo para outro. Os atletas também parecem confortáveis e veem as mudanças com naturalidade. É preciso, porém, manter a intensidade em jogos de menor importância – a marcação contra o Volta Redonda não foi tão feroz quanto no clássico. A parte ofensiva também carece de ajustes: mesmo com Nenê em grande fase, o jogo ainda não flui, principalmente pelas pontas, onde Jorge Henrique e Eder Luis não convenceram. 

Confira os esquemas usados pelo Vasco na temporada:

Meio-campo em losango, como em 2015 e na pré-temporada. Julio dos Santos na função de primeiro volante, e Andrezinho mais recuado para auxiliar na saída de bola. Nenê tem liberdade para armar (Foto: GloboEsporte.com)

Contra o America, as primeiras movimentações: Mateus Pet saía para a ponta direita e configurava o 4-2-3-1. No segundo tempo, entrada de Pikachu no lugar do jovem confirmou a mudança de formação (Foto: GloboEsporte.com)

Formação contra o Volta Redonda tem 4-2-3-1 mais explícito, com dois pontas definidos. Julio e Andrezinho fazem a contenção. Neste jogo, recomposição defensiva sofreu, e time correu perigo (Foto: GloboEsporte.com)

No clássico com o Flamengo, proteção defensiva extra de Marcelo Mattos e mudança na movimentação de Nenê, que partia da direita para armar o jogo e confundir a marcação adversária (Foto: GloboEsporte.com)

Fonte: ge