Veja as principais propostas de Julio Brant para a presidência
Aos 37 anos, Julio Brant é o candidato mais jovem entre os concorrentes na eleição do Vasco, marcada para quarta-feira. A exemplo de todos os presidenciáveis do Vasco, ele foi entrevistado pelo GloboEsporte.com. Formado em jornalismo e administração, ele fez sua carreira em empresas como Vale do Rio Doce, Odebrecht e na atual companhia, a Andrade Gutierrez, onde é vice-presidente de negócios com a África Subsaariana. A carreira lhe fez viver, entre idas e vindas, mais de 10 anos fora do país. Pela multinacional da construção civil, Julio mora há cerca de um ano e meio em Portugal, o que ele considera fundamental para ajudar na montagem de projetos e no desenvolvimento de ideias para o clube.
- Minha contribuição é esta: trazer o mundo para o Vasco, e o Vasco para o mundo - diz o candidato da chapa “Sempre Vasco”, grupo liderado pelo ex-jogador e ídolo do clube Edmundo.
Com linguagem informal misturada aos conceitos e expressões empresariais - ele cita frase de Norberto Odebrecht, fundador da empreiteira que faleceu recentemente, como receita de sucesso em administração: “O importante não é saber fazer, é saber quem sabe fazer” -, Julio Brant se apresentou ao eleitor e ao torcedor vascaíno poucos dias antes da reta final da eleição, após alguns potenciais candidatos recusarem concorrer. Com apoio da Cruzada Vascaína e uma proposta de renovação de ideias com jovens executivos, ele participa de um grupo de estudos que analisa as finanças do Vasco e procura soluções para evitar ainda mais problemas no futuro breve do clube.
- Sempre digo que o Vasco tem três crises muito sérias: operacional, financeira e de imagem. Talvez a de imagem seja a pior de todas - afirma o candidato.
Julio garante ter em mãos uma carta compromisso de um fundo de investimento de um grupo árabe para colocar US$ 50 milhões no clube, com variados fins: pagamento de dívidas mais altas e mais urgentes até construção de centro de treinamento. Questionado sobre a participação de Edmundo no projeto e sobre o risco de um ex-jogador repetir os erros de Dinamite - que colocou amigos ex-jogadores em funções essenciais nas categorias de base -, Julio contorna a questão e faz elogios ao ídolo vascaíno.
- Desde que seja bom, que se tenha o melhor profissional amigo, não vejo nenhum problema nisso. Agora, você dispensar um cara como o Edmundo, com o conhecimento de futebol que ele tem, é burrice. Ele vem se capacitando, em termos de gestão, como eu vi poucos fazerem. Foi isso inclusive que me trouxe para o projeto. Ele tem visão de futebol ímpar, tem feito esforço enorme, corre atrás e óbvio que tem que ser aproveitado. Mas cargo não temos definido - diz.
Confira abaixo a entrevista com os principais tópicos para o triênio 2014-2017.
Candidatura
- Sou mais um vascaíno indignado com a situação do clube. Clube que vivi desde a minha infância, frequentando a piscina e participando da vida social e indo aos jogos com meu avô. Minha candidatura surgiu quando estava em Portugal trabalhando e por ter amigos vascaínos em comum fui procurado por esse grupo de estudos do IBMEC, que tem o Edmundo e a Cruzada Vascaína. Comecei a mandar informações, sugestões e vimos que as opções eram muito difíceis e que, talvez, fosse o caso da gente acelerar o projeto, porque havia visão de longo prazo, porque percebemos que o Vasco está numa situação limite de inviabilidade. O que quer dizer que qualquer saída financeira só de um fundo perdido. Ou seja, alguém chegar com um cheque e dizer: “toma 100 milhões aí, não precisa devolver mais não”. A ideia era começar a moldar uma solução que se adequasse ao Vasco. Mas tínhamos que lançar um nome. Consultamos alguns, não avançou. E tinha que ser um nome que não tivesse qualquer envolvimento com política, nada de carreirista político. Tinha que expressar o conceito de um grupo de vascaínos que tem uma condição de carreira que permite parar e pensar o Vasco, de experiência profissional e de visão do mundo, e que possa trazer o que tem de novo e de mais interessante no mundo para o clube. Quando decidimos que o nome era o meu, claro que você toma um susto. Não é uma decisão simples, mas é uma marca da minha carreira nunca fugir de desafios. Sempre domei o touro pelo chifre.
Planos para o futebol
- Primeiro que a base é fundamental. O Vasco tem histórico de base. E uma mudança não significa ruptura do passado, pelo contrário, pode ser a volta às origens, o reforço do passado. Muitas empresas se recuperaram por voltar às origens. O Vasco sempre colocou excelentes jogadores da base no time profissional e revelou ídolos. O Vasco tem que fazer com que a base seja o princípio do negócio, tem que revelar jogadores, craques e profissionalizar esses craques, fazer time forte a partir da base. Contratação você pensa quando precisa suprir uma ou outra necessidade que existe se você não conseguiu formar em casa. As grandes empresas conseguem sucesso quando formam na sua base, no seu programa de estágio e de trainee, o executivo do futuro. Esse tem que ser o norte. O resto é processo. Há várias maneiras de se fazer quando o objetivo tem que ser: reduzir contratações de mercado e revelar craques da base. É um modelo que temos que resgatar e fortalecer com a ótica de que existe um futebol novo, futebol moderno que não é o mesmo da década de 1970, nem da década de 1980. Lógico que a dinâmica hoje dessa formação, da chegada desses garotos no profissional e da ida desses caras para o mercado, é diferente de como era há uns anos. É outra dinâmica. Mas o Vasco tem que se beneficiar dessa dinâmica, não ser refém dessa dinâmica, que é o que acontece hoje. Você acaba contratando caro, não tem benefícios, gasta dinheiro, não forma e vira um negócio esquisito.
Esportes olímpicos
- Acho que há condições de mantê-los. Mas penso que botar esporte olímpico para fazer vergonha e deixar tudo aos pedaços, é brincadeira. Se você não tem condições de sustentar esporte olímpico, é melhor parar. Há esportes em condições melhores de se sustentar. E o problema não é falta de dinheiro. O problema é a gestão, dinheiro é muito racional. Ele vai onde ele acredita. Se há projetos viáveis e vários esportes têm condições de fazer, vai ter dinheiro chegando para esses projetos. Desde lei de incentivo que pode ser usado de maneira eficiente até patrocinador. Quem não quer associar sua marca num projeto vencedor? Mas não tem nada inovador, nada que motive, um desastre de gestão, mesma complicação, mesma bravata que acontece o tempo todo. Primeira coisa é trazer gente capacitada do Brasil e de fora. É a grande contribuição que eu posso dar para o Vasco. Minha concepção é trazer o Vasco para o mundo e o mundo para o Vasco. Se tiver que contratar um cara na Rússia, vou lá e contrato. Não é para captar dinheiro, é para montar o projeto para um esporte específico.
- No caso do remo é diferente, porque é estatutário e é o esporte que foi o nascimento do clube. Vamos dar todo foco no remo, tirar essa vergonha que hoje é o remo, com barcos velhos. Tem que investir mais porque material nós temos, gente boa nós temos. Vasco tem história espetacular no remo, tem que voltar a ser campeão. Não vejo por que não ser, até porque o orçamento do remo é relativamente baixo. De novo, digo: não é falta de dinheiro.
Dívidas, acordos e renegociações
- O Vasco tem mais ou menos R$ 560 milhões em dívidas. Desse total, metade é tributária, uma coisa monstruosa, cerca de R$ 270 milhões. Primeiro, a ideia é separar o comitê gestor da dívida do resto da estrutura do clube. Separar fisicamente. “Olha, você vai ficar na sede da Lagoa.” O cara quer discutir dívidas, vai para lá. É outra vibração, não vai ficar batendo oficial de Justiça, gente enchendo o saco no dia a dia. Estamos procurando um cara preparado, que obviamente tem que se vascaíno porque tem mais compromisso no meu entender, para ser o presidente do comitê gestor da dívida. Ele vai montar uma equipe de no máximo cinco, de preferência três, para sentar e ajudá-lo na renegociação dessas dívidas. Tem que ser um time de gente com credibilidade, com relação em banco, relação com as empresas, o cara que vai botar o bigode dele a prêmio. O Vasco já renegociou “n” vezes a dívida, eu sei, mas sem credibilidade não se vai a lugar nenhum. Tem que ter plano crível, exequível, que seja possível de pagar, dentro do fluxo que o Vasco tem hoje. Estamos pegando um clube quebrado, cheio de dificuldades e vamos recuperar. A tendência nossa é ter cada vez mais um incremento de receitas, uma contenção de custos para cada vez mais ter condições com os compromissos nossos, porque boa parte deles é com a dívida.
Modelo de gestão
- Vejo da seguinte forma: estou num projeto de reestruturação de uma empresa. E essa empresa é a coisa que eu mais amo na minha vida. Estou me impondo esse desafio. Fui olhar antes, estudei, fui ver o que tinha de números. É viável. Senão vira projeto político. O Vasco tem crise financeira, operacional e de marca. Não vejo ninguém com capacidade para resolver esse tipo de problema. Essa crise vai se aprofundar. Vai piorar, a tendência é essa. Se conseguir resgatar o viés de queda, pode ser que não dê tempo, se conseguirmos subir a ladeira, ao invés de descer, é o início da recuperação. É uma satisfação que nenhuma empresa me daria. Seria retribuir para o Vasco, que é a maior fonte de alegria da minha vida.
Fonte: geMais lidas
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