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Veja a carta da Penalty para o presidente Roberto Dinamite sobre a parceria

A reação da Penalty ao fim da parceria com o Vasco, oficializada com o acerto do clube com a Umbro na semana passada, exibe a turbulência que marcou principalmente os últimos meses de negociação em busca de uma renovação. Em carta direcionada ao presidente Roberto Dinamite, a fornecedora de material critica a "postura de alguns executivos" envolvidos nas conversas e aproveita para enaltecer os cinco anos de trabalho ao destacar ações de marketing que marcaram o período.

A reportagem do GloboEsporte.com teve acesso ao documento - assinado por Roberto Stefano, presidente do Conselho da Cambuci S/A, nome do grupo que controla a marca. O tom é brando e positivo ao mencionar conquistas obtidas junto a "um dos maiores clubes do país". A empresa ressalta, entre outros, o sucesso de vendas das camisas número três, a construção da megaloja de São Januário e a campanha contra o racismo "Eu abro mão", que virou até símbolo no muro do estádio com as digitais de sócios sorteados. Ainda lembra que sempre pagou em dia (por vezes, de acordo uma fonte ouvida, teria tido que depositar a verba em contas correntes separadas, pois a oficial estava bloqueada pela Justiça) e apoiou todas as modalidades esportivas desempenhadas pelo Vasco, além do futebol profissional.

Por outro lado, reforça também que o interesse em estender o trabalho vem de um ano e meio atrás, quando iniciou as tratativas. Desde então, a Penalty afirma ter feito uma série de propostas e que buscou alternativas para a renovação, mas não foi capaz de seduzir o clube.

- O desfecho desta relação, apresentado pelo clube, bem como as comunicações realizadas por alguns dos executivos que o representa, infelizmente não ocorreu com mesma reciprocidade - diz um dos trechos da carta, que é uma espécie de resposta à seguinte declaração do diretor geral, Cristiano Koehler, um dos principais responsáveis pela condução do assunto.

- Fomos felizes enquanto durou, mas chegou ao fim em comum acordo, em alto nível. Quem não quis a Penalty foi a torcida, o principal cliente, consumidor e gerador da receita. Ou achas que a Penalty e Vasco conseguirão sobreviver com vendas irrelevantes? Como correr riscos e deixar para renovar em dezembro? Quem garante que o mercado vai absorver os números atuais?

O CEO do Vasco refere-se ao movimento de torcedores para evitar a permanência da empresa, com base em reclamações sobre qualidade das confecções e preços altos. Neste momento, há um acordo entre as partes para que a transição ocorra em 90 dias, de modo que a Umbro possa produzir e entregar seu material de treinos e jogos sem pressa. Até lá, ainda serão utilizadas as mesmas peças da Penalty, que, a princípio, não teria o nome retirado de parte das propagandas.

O vínculo com a nova parceira é de três anos e meio e cobre inteiramente o próximo mandato do presidente que será eleito nas próximas semanas. Isso desagradou os grupos políticos, que prometem lutar para derrubá-lo apoiados na promessa de Dinamite, registrada em ata de reunião do Conselho Deliberativo de junho, de só assinar compromissos curtos a partir de então. Koehler já rebateu que a oferta da Umbro é R$ 2,5 milhões anuais superior à da concorrente.

A ex-fornecedora tinha a preferência para cobrir os valores e alega, segundo apuração com pessoas envolvidas, que não foi avisada do acerto, considera a situação um desrespeito, mas não vai levar o impasse adiante porque não tem mais interesse no negócio. Já o Vasco vem rebatendo que a Penalty perdeu seu prazo e que tinha, sim, ciência da rival. 

A diretoria cruz-maltina informou que deve se pronunciar sobre a versão da empresa somente quando tiver posse do documento e puder discutir internamente as medidas.

Fonte: ge