Vasco vive cenário diferente e faz maior investimento dos últimos dez anos
Há seis anos, o torcedor vascaíno vivia um episódio pitoresco no Natal, após uma promessa do então presidente Eurico Miranda de que seria anunciado um “presente” na data. Ela foi cumprida, mas virou piada perto da expectativa criada. O clube contratava o meia argentino Escudero, à época, longe de ser um reforço bombástico. Em 2022, tudo mudou: com ou sem anúncio no Natal, o Vasco foi ao mercado e anima a torcida com investimentos fortes e de impacto.
A entrada da 777 Partners no comando da SAF vascaína mudou o perfil do cruz-maltino. De um player com recursos limitados, que buscava apenas boas opções gratuitas ou de baixo custo como empréstimos, jogadores sem contrato ou atletas com fácil liberação de seus clubes, o Vasco se tornou um comprador. Este ano, faz o maior investimento das últimas dez temporadas.
As negociações fechadas até aqui, de Palacios, Pedro Raul e Léo (De Lucca chegou sem custos), com suas particularidades de pagamento, totalizam R$ 34,4 milhões, montante que pode crescer com as possíveis chegadas de Lucas Piton e Luca Orellano. O valor é quase cinco vezes o que o cruz-maltino havia investido no mercado desde 2013. De lá para cá, as únicas transações com valores significativos foram de Galarza, MT, Benítez e Montoya, que somaram R$ 7,7 milhões. Dos quatro, Benítez foi quem mais rendeu em São Januário, mas acabou saindo no ano em que o clube renovou seu empréstimo.
A chegada de Pedro Raul mudou um paradigma: sem o novo projeto de futebol, ligado diretamente ao poder financeiro recém-adquirido, dificilmente um vice-artilheiro do Brasileirão optaria pelo Vasco.
— Eles me passaram uma confiança na SAF, de um projeto que vai montar um grupo competitivo. É um projeto de médio a longo prazo, acredito que se encaixe comigo. De ter a segurança de jogar em um grande clube, em um gigante como o Vasco, e a certeza de que vai em busca de títulos também — avaliou o atacante em sua apresentação.
Poder de barganha
Esse tipo de impacto no mercado funciona como um posicionamento, um poder de barganha para convencer futuros reforços de peso a desembarcarem em São Januário. Mesmo que o cruz-maltino, retornando da Série B, esteja fora das grandes competições sul-americanas. Foi assim que o Vasco tirou Léo do São Paulo e é como pretende tirar Piton do Corinthians e Orellano do Vélez. Léo era peça importante no esquema de Rogério Ceni, enquanto Piton iria para mais um ano de Libertadores.
Esse convencimento é especialmente importante à medida que o clube parece traçar o perfil jovem e experimentado no alto nível como o ideal para investir. Orellano, destaque da última Libertadores e na mira da Europa, precisou se encontrar com dirigentes para alinhar as conversas.
Em sua última entrevista coletiva, o diretor de futebol Paulo Bracks explicou que o avanço no mercado não deve ser feito todo agora:
— Tenho que deixar uma reserva para possíveis saídas, além de novas investidas no meio do ano. Não me agrada começar o Brasileiro com apenas 40% do elenco montado. Quero um planejamento otimizado, mas vou precisar agir na janela do meio do ano.
Fonte: O Globo